Neste próximo final de semana, a Igreja inicia um novo ano litúrgico. Na alternância trienal, este será o Ano A, pois estamos concluindo o Ano C. Com o novo ciclo, começa também o tempo do Advento. É sobre esse tempo especial que queremos refletir.

A palavra Advento significa justamente vinda e chegada. Esse tempo é marcado pela espera ativa e pela preparação, que nos convida a confiar em Deus e no seu plano de amor para toda a humanidade. A Igreja nos chama a preparar o coração para a chegada do Menino Jesus. Serão quatro semanas de meditação sobre a vinda de Cristo: tanto no Natal quanto na sua segunda vinda gloriosa.

Neste primeiro domingo, a liturgia nos convida à vigilância e à esperança na vinda de Cristo. Mas essa vinda também compromete os cristãos a buscar o Senhor. A primeira leitura deste domingo anuncia que todas as nações irão ao monte santo do Senhor. Subir o monte é um gesto muito marcante na vida do povo do Antigo Testamento, pois o monte é lugar de encontro com Deus. Essa subida é para que Ele mostre os caminhos à humanidade. Ou seja, esse Deus que é amor governará todos os povos, e surgirão tempos de paz, quando os instrumentos de guerra serão transformados em instrumentos de cultivo da criação que o Criador confiou aos seres humanos. No final, a leitura faz um apelo ao povo de Deus: “Vinde, todos da casa de Jacó, e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor”.

Essa leitura é muito significativa num tempo em que a humanidade tanto anseia por paz. Ela afirma que a paz nasce do encontro com Deus (e para nós, cristãos, com Jesus Cristo) e da escuta do seu ensinamento. O julgamento de Deus, que é sempre oportunidade de conversão, fará com que os povos deixem suas armas e lógicas de destruição para viver o respeito e o desenvolvimento humano na paz.

A segunda leitura complementa esse convite da primeira: além da paz, ela nos chama a deixar para trás as obras das trevas e a nos vestir com as armas da luz. É preciso atenção para não cair na confusão. À primeira vista, pode parecer uma contradição, já que fala em “armas da luz”. Mas o que são essas armas? Nada mais do que viver segundo os ensinamentos de Jesus Cristo.

Naquele tempo, a expectativa da segunda vinda de Cristo era grande: os cristãos pensavam que seria logo. Mas Paulo não se preocupa em marcar uma data; ele chama a atenção para que os cristãos aproveitem o tempo presente para afirmar sua identidade, vivendo a caridade, buscando a paz e a justiça. Vestir-se com as armas da luz é deixar para trás as trevas da confusão, tantas vezes alimentadas por notícias falsas, narrativas interesseiras, pela indiferença com as pessoas, pelo individualismo exagerado e pela ignorância que nasce da falta de cuidado com o ser humano. É escolher viver como filhos da luz.

O Evangelho traz o alerta: “Ficai atentos! Porque não sabeis em que dia virá o Senhor”. Não é uma palavra para gerar medo, mas para nos lembrar que o tempo de fazer o bem, de viver como filhos da luz, é hoje. O tempo de preparar a vinda de Jesus no Natal é agora. Temos a luz que pode transformar o mundo: Cristo que vem, mas que já está presente na nossa fé. Essa presença nos chama a ser sinais vivos de esperança, testemunhas da paz e construtores de fraternidade.

Cada gesto de amor, cada palavra de bondade e cada atitude de justiça são preparação para acolher o Senhor que já habita entre nós. O Natal não é apenas memória, mas compromisso: deixar que a luz de Cristo brilhe em nossas vidas e ilumine os caminhos da humanidade.

Pe. Dalcinei Sacheti