>
>
>
Papa Francisco: São José pai na ternura

Papa Francisco: São José pai na ternura

Nesta quarta-feira, 19, Papa Francisco fala, em mais uma de suas catequeses semanais sobre a figura de São José, sobre como

Nesta quarta-feira, 19, Papa Francisco fala, em mais uma de suas catequeses semanais sobre a figura de São José, sobre como São José foi um pai cheio de ternura “Pois a ternura não é sobretudo uma questão emocional ou sentimental: é a experiência de nos sentirmos amados e acolhidos precisamente na nossa pobreza e miséria”, disse.

 

Leia a catequese na íntegra:

 

Catequese sobre São José 8. São José pai na ternura

 

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!

 

Hoje gostaria de aprofundar a figura de São José como pai na ternura.

 

Na Carta Apostólica Patris corde (8 de dezembro de 2020) tive a oportunidade de refletir sobre este aspeto da ternura, um aspeto da personalidade de São José. De facto, embora os Evangelhos não nos deem quaisquer detalhes sobre como ele exerceu a sua paternidade, podemos estar certos de que o seu ser um homem “justo” também se verificou na educação que deu a Jesus. «José via Jesus crescer “em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2, 52): assim diz o Evangelho. Como o Senhor fez com Israel, assim ele ensinou Jesus a andar segurando-O pela mão: era para Ele como o pai que levanta o filho contra o seu rosto, inclinava-se para Ele a fim de Lhe dar de comer (cf. Os 11, 3-4)» (Patris corde, 2). É bonita esta definição da Bíblia que mostra a relação de Deus com o povo de Israel. E pensamos que tenha sido a mesma relação de São José com Jesus.

 

Os Evangelhos atestam que Jesus sempre usou a palavra “pai” para falar de Deus e do seu amor. Muitas parábolas têm como protagonista a figura de um pai (cf. Mt 15, 13; 21, 28-30; 22, 2; Lc 15, 11-32; Jo 5, 19-23; 6, 32-40; 14, 2; 15, 1.8).  Uma das mais famosas é certamente a do Pai misericordioso, narrada pelo evangelista Lucas (cf. 15, 11-32). Esta parábola sublinha não só a experiência do pecado e do perdão, mas também a forma como o perdão chega à pessoa que errou. O texto diz: «Estava ainda longe, quando o seu pai o viu e, movido de compaixão, foi ao encontro dele, abraçou-o e beijou-o» (v. 20). O filho esperava um castigo, uma justiça que no máximo lhe poderia ter dado o lugar de um dos servos, mas encontra-se envolto no abraço do seu pai. A ternura é algo maior do que a lógica do mundo. É uma forma inesperada de fazer justiça. É por isso que nunca devemos esquecer que Deus não se assusta com os nossos pecados: convençamo-nos bem disto. Deus não se assusta com os nossos pecados, é maior do que os nossos pecados: é pai, é amor, é terno. Não se assusta com os nossos pecados, com os nossos erros, as nossas quedas, mas assusta-se com o fechamento do nosso coração – isto sim, fá-lo sofrer – assusta-se com a nossa falta de fé no seu amor. Há uma grande ternura na experiência do amor de Deus. E é bom pensar que a primeira pessoa que transmitiu esta realidade a Jesus foi precisamente José. Pois as coisas de Deus vêm sempre até nós através da mediação de experiências humanas. Há algum tempo – não sei se já contei isto – um grupo de jovens que fazem teatro, um grupo de jovens pop, “modernos”, ficaram impressionados com esta parábola do pai misericordioso e decidiram fazer uma peça de teatro pop com este tema, com esta história. E fizeram-na bem. E, no final, o tema principal é que um amigo ouve o filho que se afastou do pai, que queria voltar para casa, mas tinha medo que o pai o expulsasse e castigasse. E o amigo diz-lhe, naquela ópera pop: “Manda um mensageiro e diz que queres voltar para casa, e se o pai aceitar receber-te que ponha um lenço na janela, naquela que verás quando chegares à reta final”. Assim foi feito. E a ópera, com cantos e danças, continua até ao momento em que o filho inicia o caminho final e vê a casa. E quando olha para cima, vê a casa cheia de lenços brancos: cheia. Não um, mas três ou quatro para cada janela. Esta é a misericórdia de Deus. Ele não se assusta com o nosso passado, com os nossos aspetos negativos: assusta-se apenas com o fechamento. Todos temos contas a acertar; mas acertar as contas com Deus é belíssimo, porque começamos a falar e Ele abraça-nos. A ternura!

 

Assim, podemos perguntar-nos se experimentámos esta ternura, e se, por nossa vez, nos tornámos suas testemunhas. Pois a ternura não é sobretudo uma questão emocional ou sentimental: é a experiência de nos sentirmos amados e acolhidos precisamente na nossa pobreza e miséria, e, por conseguinte, transformados pelo amor de Deus.

 

Deus não conta apenas com os nossos talentos, mas também com a nossa fraqueza redimida. Isto, por exemplo, faz São Paulo dizer que há um desígnio sobre a sua fragilidade. De facto, escreveu à comunidade de Corinto: «Para que não me enchesse de orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás, para me ferir, a fim de que não me orgulhasse. A esse respeito, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Mas Ele respondeu-me: “Basta-te a minha graça, porque a força manifesta-se na fraqueza”» (2 Cor 12, 7-9). O Senhor não nos tira todas as fragilidades, mas ajuda-nos a caminhar com as fragilidades, pegando-nos pela mão. Pega pela mão as nossas fragilidades e põe-se perto de nós. Isto é ternura. A experiência da ternura consiste em ver o poder de Deus passar precisamente por aquilo que nos torna mais frágeis; mas sob condição de nos convertermos do olhar do Maligno que nos faz «olhar para a nossa fragilidade com um juízo negativo, ao passo que o Espírito trá-la à luz com ternura» (Patris corde, 2). «A ternura é a melhor forma para tocar o que há de frágil em nós. […] Observai como as enfermeiras, os enfermeiros, tocam as feridas dos doentes: com ternura, para não os ferir mais. E assim o Senhor toca as nossas feridas, com a mesma ternura. Por isso, é importante encontrar a Misericórdia de Deus, especialmente no sacramento da Reconciliação, – na oração pessoal com Deus, fazendo uma experiência de verdade e ternura. Paradoxalmente, também o Maligno pode dizer-nos a verdade: ele é mentiroso, mas arranja-se para nos dizer a verdade a fim de nos levar à mentira;  mas, se o faz, é para nos condenar. Ao contrário, o Senhor diz-nos a verdade e estende-nos a mão para nos salvar.  Entretanto nós sabemos que a Verdade vinda de Deus não nos condena, mas acolhe-nos, abraça-nos, ampara-nos, perdoa-nos» (cf. Patris corde, 2).  Deus perdoa sempre: ponde isto na cabeça e no coração. Deus perdoa sempre. Somos nós que nos cansamos de pedir perdão. Mas ele perdoa sempre, inclusive as coisas mais terríveis.

 

Faz-nos bem, então, espelharmo-nos na paternidade de José que é um espelho da paternidade de Deus, e perguntarmo-nos se permitimos que o Senhor nos ame com a sua ternura, transformando cada um de nós em homens e mulheres capazes de amar desta forma. Sem esta “revolução da ternura” – é necessária uma revolução da ternura!  – corremos o risco de permanecer presos numa justiça que não nos permite erguer-nos facilmente e que confunde redenção com castigo. Por esta razão, hoje desejo recordar de um modo especial os nossos irmãos e irmãs que estão na prisão. É justo que quem erra pague pelo próprio erro, mas é também justo que aqueles que erraram possam redimir-se do seu erro. Não podem haver condenações sem janelas de esperança. Qualquer condenação tem sempre uma janela de esperança. Pensemos nos nossos irmãos e irmãs encarcerados, e pensemos na ternura de Deus por eles e rezemos por eles, para que encontrem naquela janela de esperança um caminho de saída rumo a uma vida melhor.

 

E concluamos com esta oração:

São José, pai na ternura,
ensinai-nos a aceitar que somos amados precisamente naquilo que é mais débil em nós.
Concedei que não coloquemos qualquer obstáculo
entre a nossa pobreza e a grandeza do amor de Deus.
Suscitai em nós o desejo de nos aproximarmos do Sacramento da Reconciliação,
para que possamos ser perdoados e também que nos tornemos capazes de amar com ternura os nossos irmãos e irmãs na sua pobreza.
Estai próximo daqueles que erraram e que pagam o preço por isso;
ajudai-os a encontrar, juntamente com a justiça, a ternura para recomeçar.
E ensinai-lhes que a primeira maneira de recomeçar
é pedir sinceramente perdão, para sentir a carícia do Pai.

 

Saudações:

 

Com sentimentos de fraterna estima, saúdo-vos, queridos irmãos e irmãs que professais, em português, a fé no único Senhor de todos os povos e línguas. Encorajo-vos a que, banindo qualquer aparência de indiferentismo, confusão e odiosa rivalidade, possais colaborar com todos os cristãos por amor de Cristo. Unamo-nos todos sob o seu Nome! Também eu, em seu nome, vos abençoo desejando-vos que frutifiqueis abundantemente na paz, cooperação e unidade entre os vossos familiares e conterrâneos.

 

APELO

 

 

O meu pensamento dirige-se às populações das Ilhas de Tonga, atingidas nos últimos dias pela erupção do vulcão submarino que causou grandes danos materiais. Estou espiritualmente próximo de todas as pessoas afligidas, implorando a Deus alívio para o seu sofrimento. Convido todos a unirem-se a mim na oração por estes irmãos e irmãs.

 

Resumo da catequese do Santo Padre:

 

Para Jesus, São José foi um pai cheio de ternura. Como se lê no livro de Oseias a propósito de Deus com Israel, assim José ensinou o filho a andar, segurando-O pela mão: era para Ele como o pai que levanta o filho contra o seu rosto, inclinava-se para Ele a fim de Lhe dar de comer. Estas palavras, ouvimo-las no início da Audiência e bem podem expressar a paternidade de José, tal como a viu e viveu Jesus. Como o sabemos? Pela forma como o próprio Jesus falava de Deus e do seu amor, usando a palavra «pai». Pensemos, por exemplo, no acolhimento do filho pródigo pelo Pai misericordioso: «Quando ainda estava longe – escreve o evangelista Lucas –, o pai viu-o e, enchendo-se de compaixão correu a lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de beijos». O filho estava à espera duma punição, contentando-se em ser tratado como um dos criados; e, ao contrário, vê-se abraçado pelo pai. Na experiência que Jesus tem do amor de Deus, há uma grande ternura e podemos imaginar que o primeiro a transmitir-lha foi precisamente José. De facto, as coisas de Deus chegam-nos sempre através da mediação de experiências humanas. Faz-nos bem espelhar-nos na paternidade de São José e perguntar-nos se deixamos o Senhor amar-nos com a mesma ternura, transformando cada um de nós à sua imagem e semelhança. Sem abraçar esta «revolução da ternura», corremos o risco de ficar prisioneiros duma justiça que não permite facilmente a uma pessoa erguer-se, confundindo redenção com punição. Por isso hoje quero recordar de modo particular os nossos irmãos e irmãs reclusos na prisão. Se é justo que a pessoa que errou, pague pelo próprio erro, mais justo ainda é que ela se possa redimir do erro.

Compartilhe

Notícias mais lidas

Arquidiocese

Giro Paroquial

Notícias relacionadas

Destaques, Itepa Faculdades

07 de novembro de 2025

Itepa Faculdades

04 de novembro de 2025

Continue navegando

Liturgia

Acompanhe a liturgia diária e reflexões da arquidiocese.

Santo do Dia

Acompanhe o santo do dia e sua história na arquidiocese.

Palavra do Pastor

Acompanhe as mensagens e orientações do nosso arcebispo.

Calendário de eventos

Acompanhe o calendário de eventos da arquidiocese.

Receba as novidades da nossa Diocese

Inscreva-se em nossa newsletter e fique por dentro dos avisos, eventos e mensagens especiais da Diocese.