Representantes de organização laical alemã vêm ao país trazer doações para Cáritas Brasileira e passam pelo Regional Sul 3 da CNBB
São muitas as letras do quase impronunciável nome da Arbeitsgemeinschaft Missions - und Entwicklungshilfe e.V - em uma tradução livre, Associação de Missões e Ajuda ao Desenvolvimento. Mas o sentimento que motiva seus voluntários a trabalhar, para mandar auxílio a seis países distribuídos em três continentes, é um só: a solidariedade. Movidos por esse ideal, o trio formado por Roman Engelhart, presidente da instituição, Julia Engelhart-Straub, filha dele e também voluntária, e Bruno Heiss, ex-presidente da associação, estão em uma viagem de cinco semanas pelo Brasil.
O objetivo é trazer doações, em especial de roupas, e acompanhar os trabalhos da Cáritas Brasileira, em suas representações arquidiocesanas e diocesanas, que recebem o apoio da organização laical alemã. A Associação de Missões e Ajuda ao Desenvolvimento é uma entidade ligada à Diocese de Rottenburg-Stuttgart. Ela envia donativos ao Brasil há cerca de 30 anos, explica Bruno em seu português quase fluente e perfeitamente compreensível.
Depois de passar pelas cidades de Recife, Paulo Afonso, Salvador, Petrópolis e Foz do Iguaçu, os voluntários alemães chegaram ao Rio Grande do Sul. No estado eles viveram mais uma etapa da intensa agenda, que contou com visitas aos municípios de Novo Hamburgo, São Leopoldo, Passo Fundo e Getúlio Vargas. Para a empreitada em terras gaúchas, o ponto de partida e de despedida foi a sede do Regional Sul 3 da CNBB, em Porto Alegre. Onde o pe. Ademar Agostinho Sauthier, secretário do regional, foi o mestre de cerimônias do grupo.
Ajuda para o desenvolvimento sim, assistencialismo não
“Quase todas as dioceses do Rio Grande do Sul receberam o repasse das roupas trazidas”, comenta o ex-presidente. Bruno relata que o trabalho de angariar roupas e calçados em bom estado, e depois separá-los em fardos de 100 quilos cada, é feito meticulosamente por 1.500 voluntários. “Nós nos preocupamos em agrupar as roupas de acordo com o frio ou o calor que faz no lugar que vai receber a doação. Assim, pro Sul do Brasil enviamos as roupas mais pesadas, e as mais leves seguem para o Nordeste”, fala Bruno, que desde 2007 não vinha ao Brasil.
De acordo com ele, a mudança e as melhorias no país são realmente perceptíveis para quem chega. “O Brasil vive um grande momento e temos muita esperança que vai melhorar ainda mais. Nossa associação quer ajudar as pessoas a se desenvolverem, a crescerem, mas não com assistencialismo”, cita o ex-presidente, referindo-se ao período em que a instituição alemã também enviava doações de leite em pó para o Brasil. Na avaliação dele, tal tipo de ação acaba não auxiliando da melhor maneira e resvala para o puro e simples assistencialismo da população mais carente.
Em Getúlio Vargas, região noroeste do RS, além das bem-vindas roupas que aplacam o frio, a Associação de Missões e Ajuda ao Desenvolvimento financiou a reforma do Lar da Menina - Ação Social Getuliense Nossa Senhora da Salete. Hoje, a casa atende aproximadamente 130 crianças, inclusive meninos. Outra iniciativa apoiada pela organização laical alemã é um projeto que auxilia um grupo feminino em Paulo Afonso, na Bahia. “São 12 mulheres que se organizaram e profissionalizaram para atuar no pescado de tilápia”, conta exultante. A Diocese de Petrópolis (RJ) também recebeu recursos financeiros como ajuda.
Apelo à desburocratização
Na atualidade, o trabalho comandado por Roman Engelhart, à frente da Arbeitsgemeinschaft Missions - und Entwicklungshilfe e.V (Associação de Missões e Ajuda ao Desenvolvimento), se faz presente na América do Sul, na África e no Leste Europeu. Somente em 2012, Brasil, Argentina, Chile, Uganda, Angola e Romênia receberam juntos 332 toneladas em donativos.
O Brasil, que ficou com 72 toneladas desse total, preocupa Bruno Heiss por conta da burocracia na hora de liberar os contêineres para que as doações possam contemplar, o quanto antes, a quem precisa. “Depois que chegam aqui, os contêineres passam por uma triagem na Cáritas em Brasília. O tempo médio na espera é de cerca de seis meses, o que consideramos razoável. Mas, com frequência, a espera para o repasse dura um ano, sendo que uma vez já chegou a dois anos”, ressalta Bruno. Ele faz um apelo para a desburocratização da liberação das roupas doadas para os brasileiros. “Entre todos os países onde atuamos, o Brasil é certamente o que demora mais tempo nesse processo. Em Angola e em Uganda, por exemplo, as roupas chegam e já são distribuídas”, enfatiza o voluntário, com a esperança de quem quer ver um sistema mais ágil em prol da solidariedade ao próximo.
A viagem do trio católico Bruno, Roman e Julia pelo Brasil ainda passa por Curitiba e Salvador. Depois, eles retornam à Biberach, sul da Alemanha. Hoje, um pouco mais de 66% da população germânica é cristã, havendo 50% de protestantes, mais localizados ao norte, e 50% de católicos, em maior presença no sul do país.
Assessoria de Comunicação da Arquidiocese de Passo Fundo
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Fonte: Eliana Patrícia Stumpf
Assessora de Comunicação Regional Sul 3 da CNBB