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06.Abr - Por que fazer memória das vítimas da ditadura militar?
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Esta pergunta moveu vários jovens ligados a centros acadêmicos, pastorais e movimentos sociais. Fazer a memória das vítimas em primeiro lugar é “descomemorar” aquilo que ainda é comemorado por muitos, o golpe civil-militar de 1964 no Brasil. Como é importante sentir a força dessa juventude que se manifesta dizendo: “Ditadura Nunca Mais, Resistência Sempre”!



Engana-se quem pensa que a ditadura foi algo distante, ou talvez que não tenha ocorrido perseguição no Brasil nesse período. Nesse viés de “descomemorar”, postura crítica, vem a questão fundante da memória. E foi isso que a juventude reunida na praça do Teixeirinha, em Passo Fundo, realizou na passagem de 31 de março para 01 de abril, justamente a data do golpe que derrubou o governo João Goulart. Fazer a memória das vítimas e dos fatos, ligados a ditadura militar, juntamente com a história sangrenta a partir da colonização europeia que destruiu a vitalidade e a esperança ameríndia e africana é lutar por justiça. Isto nos motiva o Ofício dos Mártires da Caminhada Latino Americana. Sem memória não há justiça.



Jovens realizaram a vigília na Praça do Teixeirinha, de 31 de março para 1º de abril.



Esses jovens tomaram o lado dos vencidos, como diria Walter Benjamin, contra as fantasias que se criam de uma história romântica, com condes, duquesas, imperados, reis e rainhas. Assumiram a árdua tarefa de retomar a dor. Dor da morte, da tortura, do exílio, do sumiço inesperado. Passar a noite em vigília tornou-se símbolo de atenção, para que nunca se repita a brutalidade e a barbárie de um regime autoritário. Os jovens reunidos em torno da cruz, do fogo, das bandeiras de luta e das imagens de 15 vítimas, rezaram, memoraram, cantaram e celebraram a páscoa daqueles (as) que entregaram suas vidas a exemplo de Jesus, pela justiça, pelos pobres, pelos sem terra, sem teto e pelos estudantes, símbolo da resistência contra a opressão militar.



Impossível esquecer o testemunho de frei Tito de Alencar, Vladimir Herzog, Margarida Alves, Roseli Nunes e muitos outros irmãos e irmãs nossas. Esquecer de fazer memória é tornar-se idiota. Idiota, do grego, é aquele que não percebe, que permanece indiferente. Portanto engana-se novamente quem pensa que política é coisa para idiota, pois é um legítimo preocupar-se com a vida pública, com o outro. A política possibilita a transformação social, portanto nada de idiota.



Além da vigília outras atividades integraram a “descomemoração” do golpe e do regime que durou mais de 20 anos, entre elas, exposições, debates com perseguidos, presos e torturados, como também um ato público denunciando os crimes cometidos em Passo Fundo. Houve também manifestação da câmara de vereadores e reflexão sobre os perseguidos políticos da atualidade. Quando falamos que ainda existem perseguidos políticos encontramos elementos para responder a pergunta sobre o por que fazer memória as vítimas.



Por isso, não vamos ser idiotas (indiferentes) e deixar que essas vítimas sejam trancadas no baú do esquecimento. Não esqueçamos que devemos aos torturados e perseguidos, devemos aos que morreram e desapareceram, devemos às famílias e a todos os brasileiros. Jamais permitir que a amnésia domine. Assumir as lutas das vítimas, eis a grande missão!



Junior Centenaro e Liliane Ferenci



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