A festa foi a maior já realizada no município de Não-Me-Toque em se tratando de festas comunitárias, mas o motivo da comemoração foi o mais importante. Cem anos atrás, os primeiros imigrantes da região resolveram construir uma igreja e uma escola.
Com a presença do Arcebispo Antonio Carlos Altieri, arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Passo Fundo, a missa do centenário foi celebrada no domingo, 19 de outubro, em conjunto com o pároco frei Leopoldo Frankowski, com participação de familiares descendentes dos fundadores e primeiros moradores da comunidade.
Durante a homilia, Dom Altieri lembrou o exemplo de São João Batista: “As pessoas vivem em função dos prazeres fugazes que os tornam escravos. A perda dos valores e a desvalorização da vida também são resultados da omissão dos cristãos que deixaram de ser missionários da Palavra de Deus desde a sua casa”. Lembrando os que construíram a capela, há cem anos, invocou a determinação que os guiou para inspirar a atitude dos que hoje se reúnem para comemorar o centenário: “Os cristão de hoje são como crianças. Pedem saúde, prosperidade e na primeira provação questionam onde está Deus! Sejamos autênticos cristãos para que essa comunidade centenária se mantenha viva na chama da fé por milênios”, incentivou o Arcebispo.
Por fim, Dom Altieri abençoou a nova imagem de São João Batista, instalada em frente à igreja, onde também foi plantada uma árvore. A celebração também contou com a presença da vice-prefeita Teodora Lütkemeyer e do ex-prefeito Johannes van Riel e ex-primeira dama Cornélia van Riel.
Cavalgada dos Cem Anos
Os Cavaleiros da Tradição, do CTG Galpão Amigo, homenagearam a comunidade São João do Gramado com uma cavalgada. O grupo chegou ao local ainda durante a missa e postou-se em frente à igreja. Na saída, receberam a benção do Arcebispo e deram vivas à Comunidade e ao Rio Grande do Sul.
A origem da comunidade
Famílias oriundas das Colônias Velhas, chegaram trazendo seus poucos pertences, mas muita vontade de trabalhar. Eram famílias de descendência alemã e italiana. Os primeiros colonos chegaram ao local por volta de 1910. Suas moradias eram rústicas, pequenos abrigos temporários feitos em clareiras abertas nas matas virgens de pinhais.
Foi neste contexto de dificuldades que surgiu a comunidade, que primeiramente recebeu o nome de São João do Gramado de Colorado. As famílias pioneiras: João Sabini, Franz e Angelina Schwalbert com os filhos Johan Carl e Ana Maria Schwalbert.
Em 1913, a comunidade já sentia necessidade de um local apropriado para realizarem seus encontros religiosos e batizar seus filhos, práticas que os obrigava a andar longas distâncias. Formaram uma comissão que saiu pedindo ajuda nos engenhos para doação de madeira e iniciaram ainda no mesmo ano a construção da capela.
Logo os moradores procuraram dar um nome e escolher um santo padroeiro. Encontraram no município de Colorado a imagem de São João Batista. O nome Gramado foi adotado para identificar a comunidade, inspirado nos vastos campos cobertos por grama.
Sessenta anos depois, em 1973, foi erguida a atual torre da Igreja, desta vez em alvenaria. Hoje a comunidade conta com a capela mortuária e sala de reuniões. Em 29 de janeiro de 1977, foi fundado o Clube de Mães “Sempre Unidas”, depois o Clube de Bocha e Clube de Terceira Idade, que continuam em plena atividade.
A tradição religiosa é mantida com celebração de missa no primeiro domingo do mês e encontro de oração nos demais domingos. Todos os anos, em meados de outubro, organizam a grande festa da comunidade. A tradição da Capelinha e o toque dos sinos mantêm viva a comunidade.
A equipe da liturgia é atuante, assim como catequistas, ministros da eucaristia e conselho, que estão sempre engajados nos acontecimentos locais para manter a comunidade mais unida, prospera e feliz.
Assessoria de Comunicação da Arquidiocese de Passo Fundo
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Colaboração: Helaine Gnoatto Zart
Fotos: Helaine Gnoatto Zart e Cornélia Van Riel