Cerca de 60 padres se reuniram, no dia 23 de maio, na Casa de Retiros, em Passo Fundo, para participar do Curso do Clero que abordou o processo da homilética a partir de uma palestra do padre Gustavo Haas. Através da fala do sacerdote, o clero arquidiocesano refletiu, especialmente, a importância da Palavra na celebração e, também, na vida da comunidade. “É preciso viver o que ensinamos. Crer no que se lê, ensinar o que a gente crê e viver o que a gente ensina. Somos condutores e não sedutores - podemos conduzir, caminharmos juntos para a Palavra, ou atrair para si. É preciso cuidar o máximo para não entrar nessa questão e, de fato, auxiliar a comunidade para vivenciar a Palavra”, iniciou o palestrante.

Conduzir à Eucaristia

Ao abordar a centralidade da Palavra, padre Gustavo apresentou aos padres da arquidiocese conteúdo formativo e, também, métodos e dicas para a construção de uma homilia capaz de orientar a comunidade. “Por estar ligada à celebração, a homilia deve ser breve porque não pode quebrar o ritmo e a harmonia de toda a celebração. E essa é uma técnica que é preciso lembrar constantemente. A celebração é um todo, é uma bela construção, não tem momentos de parada ou interrupção. É uma construção harmoniosa”, explicou e acrescentou, também, que a homilia é parte integrante da celebração. “A Palavra tem importância, mas não mais que a Eucaristia. É preciso pensar no ritmo da celebração. A mais bela reflexão, quando não entra no ritmo, escorre pelas nossas mãos e perdemos uma oportunidade de falar e de orientar a assembleia para a Eucaristia”, coloca e complementa: “Nossa fala deve orientar para a Eucaristia e para a vida. Eu não preciso dizer tudo na homilia. O canto, as orações, as leituras, os ritos também vão dizer.”

Conversa de mãe

Padre Gustavo acrescenta, também, que a homilia pode ser comparada a uma conversa de mãe. “Caracterizada pela confiança, conhecimento, ensino, correção, valorização, proximidade cordial, tom caloroso da voz, mansidão no estilo da frases, alegria dos gestos, estilo manso para que os corações sejam abrasados. ‘Não nos ardia o coração enquanto Ele nos falava as escrituras?’. Essa parte prática vem depois da consciência do que significa homilia e de sua relação com a Palavra.”

Mistagogia

Buscando abordar a importância do mistério durante a celebração, padre Gustavo colocou, ainda, a necessidade de vivenciar a mistagogia - ato de iniciar e instruir alguém nas coisas misteriosas de uma religião. “Só vai existir mistagogia se formos mistagogos. O objeto da mistagogia não é o rito em si mesmo, mas o evento de salvação que, através do rito, se estabelece. Quero chegar, através do rito, ao mistério. Precisamos ter isso presente”, destaca. “Podemos, através da Palavra e da oração na Igreja, introduzir à mistagogia. Assim, é preciso pensar o que o texto diz em si, o que o texto diz para mim e para comunidade e, ainda, o que dizemos ao Senhor em reposta à Palavra e qual conversão é a resposta que daremos”.

Inspiração em Francisco

Além de destacar a Evangelii Gaudium como instrumento importante no processo da homilética, o palestrante trouxe, ainda, a homilia do papa Francisco como exemplo e inspiração para o clero da Arquidiocese. “É um exemplo clássico de como devemos escutar a Palavra no aqui, agora, neste momento. Francisco coloca a Palavra em contato com a realidade e faz uma homilia clara e direta apresentando uma ideia, um sentimento e uma imagem”, conclui. Depois da reflexão, padre Gustavo propôs o exercício de construir, junto com os padres, uma sugestão de homilia.

Sammara Garbelotto

Assessoria de Comunicação da Arquidiocese de Passo Fundo

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