Vivemos um tempo de mudança de época bastante agitado. No campo religioso existe grande busca pelo sagrado, mas de forma desordenada, desorientada e individualista, o que não contribui para a formação de uma consistente identidade religiosa, fundamentada em autêntica experiência de fé e, muito menos, para a pertença a uma comunidade. Por outro lado, o aspecto religioso torna-se um caminho importante para anunciar o Evangelho, o qual promove o amor, a vivência comunitária e fraterna.
O Papa Francisco quer envolver amplamente os batizados para “caminhar juntos”. No espírito do Vaticano II, considera que precisamos reforçar a consciência de que a Igreja e sua ação evangelizadora é assunto de todos os batizados e não somente do clero. Um acento especial é dado à liderança das leigas e leigos.
A sinodalidade da Igreja não é apenas um evento, mas um modus vivendi et operandi (modo de vida e trabalho) do Povo de Deus, que manifesta e realiza concretamente a comunhão no “caminhar juntos”, no reunir-se em assembleia, no participar ativamente nas tomadas de decisões ouvindo o que o Espírito Santo está revelando nos fatos e acontecimentos atuais. Fazer “caminho sinodal” não é somente reformar ou criar novas estruturas, mas gerar processos, promover conversões pessoais e eclesiais.
Conceber a “catequese inicial” como Iniciação à Vida Cristã implica assumi-la como um longo processo vital de introdução de pessoas no seguimento a Jesus Cristo, seja qual for sua idade, nos diversos aspectos essenciais da vida cristã. É uma ação que requer sempre acompanhamento eclesial, para o amadurecimento da fé inicial, que incorpora na Igreja.
O Diretório para a Catequese, de 2020, apresenta vários desafios à sinodalidade na catequese. Um deles é a criação da Comissão Diocesana de Iniciação à Vida Cristã. Trata-se de um organismo sinodal que busca promover, nas comunidades cristãs, o cuidado com os que estão sendo iniciados na vida cristã.
Importante é fazer da catequese em si “um evento sinodal”, um encontro de pessoas – iniciadas e iniciadoras – e um processo de caminho em conjunto. Ao catequista cabe, não somente ensinar, mas ser interlocutor, escutador e acolhedor…
Espera-se que na catequese de iniciação à vida cristã se dê um encontro entre o Evangelho e a vida quotidiana e, por isso, é importante privilegiar a relação entre as pessoas, procurando mais do que elaborar programas, “fazer caminho com o outro”, aceitando a pergunta mais do que a pressa de formular respostas que não vão ao encontro das perguntas, bem como, provocar a saudável curiosidade a fim de que seja buscada mais “razões na fé”.
Portanto, pelo processo de Iniciação à Vida Cristã, queremos fazer o caminho sinodal com toda a Igreja e, concomitantemente, o caminho sinodal torna-se uma ótima catequese para toda a Igreja.
Texto: Mirte Santina, Equipe Arquidiocesana para o Sínodo