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Tríplice Diálogo!

Tríplice Diálogo!

Aninha-te à vida, porém, recorda-te sempre de voar! Eis uma proposição inspiradora ao bem viver, sem contudo, subtrair a inquietude

Aninha-te à vida, porém, recorda-te sempre de voar! Eis uma proposição inspiradora ao bem viver, sem contudo, subtrair a inquietude do sonhar que torna-nos humanizados e sedentos de transcendência. Cada pessoa, dotada do vibrato do existir, repleto de sentido, descobre-se no andejar da experiência vivencial societária, um ser buscante, em ininterrupta procura à razão deste viver.

Durante a primavera, a saber, muitas aves, em suas ímpares características, por instinto natural, constroem ninhos, geralmente, abrigados em árvores e arbustos, pois, é-lhes necessário dar continuidade à espécie que, apesar da seguridade do ninho (Sl 104,17), anseia alçar voos desbravando novas realidades.

À espiritualidade cristã, toda forma de vida é dom de Deus e, por isso, chamada à alegria do transcendente que revela-se no ventre da alteridade humana e de toda criação, em Jesus. A oração do 3º Ano Vocacional do Brasil, outrossim, convida discernir à graça divina ao dizer: “Senhor Jesus, enviado do Pai e Ungido do Espírito Santo, que fazeis os corações arderem e os pés se colocarem a caminho, ajudai-nos a discernir a graça do vosso chamado e a urgência da missão”.

A teologia cristã ensina que, o caminhar com Jesus, revela-nos a vida íntima de Deus, a mais bela comunhão trinitária, um tríplice diálogo amoroso e fraterno entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, presente em um único Deus, por isso, Uno e Trino. Cada pessoa da Santíssima Trindade aninha-se à plena comunhão, todavia, transpõe-se à alteridade com toda a criação na historicidade do tempo, traduzido em passado, presente e futuro; em eterno.

 Na Exortação Apostólica Gaudete et Exultate, Francisco sintetiza o sentido último desta alegre experiência, à luz do Evangelho: “refiro-me àquela alegria que se vive em comunhão, que se partilha e comunica, porque ‘há mais felicidade em dar do que em receber’ (At 20,35) e ‘Deus ama quem dá com alegria’ (2Cor 9,7). O amor fraterno multiplica a nossa capacidade de alegria, porque nos torna capazes de rejubilar com o bem dos outros: ‘Alegrai-vos com os que se alegram’ (Rm 12,15)” (GE, n.128).

A experiência de evangelização com as juventudes na contemporaneidade permite vivenciar quão salutar à alegria vocacional cristã é “acompanhar cada jovem, de modo personalizado, em uma maior proximidade e compreensão, favorecendo seu protagonismo e impulsionando-o ao serviço generoso e à missão” (ChV, n.30). Tal ação pastoral requer um acompanhamento alicerçado pela contínua novidade do aprender escutar diuturnamente; exigindo, ademais, mudança de hábitos, conversão do coração e maturidade humana integral capaz de permitir-se questionar, interpelar e transformar pela realidade juvenil que, mesmo teológica, é histórica. 

Poder-se-ia, à luz do texto base “Vocação: graça e missão”, sugerir três sensibilidades à escuta juvenil que constrói-se no processo vocacional de discernimento: “a primeira é aquela em que ouvimos o outro, com total atenção à pessoa, às suas palavras, com dedicação de tempo e desprendimento de preconceitos” (AV, n.70); “a segunda sensibilidade de escuta constitui o discernir, ou seja, trazer à mente aquilo que a pessoa disse, com perguntas concretas” (AV, n.71); e “a terceira sensibilidade é aquela que orienta o coração ao Senhor, que em última instância decide a vida, faz inclinar o coração para a intimidade com Jesus” (AV, n.72).

Para a plena eficácia deste caminho de discernimento à vida e à missão mostra-se importante outro tríplice diálogo, isto é, a pessoa que exerce o acompanhamento como assessor(a); quem, enquanto jovem, propõe-se ao caminho de discernimento; e o próprio Deus, onipresente, com sua Graça. Neste peregrinar, portanto, a vida, o coração de cada jovem traduz-se em terreno sagrado (Ex 3,5), um verdadeiro ninho aonde o próprio Cristo aninha-se em “espírito e verdade” (Jo 4,23) para, então, erguer-se à missão com coração ardente e pés a caminho (cf. Lc 24,32-33) pelo protagonismo de cada jovem.

Ora, “a juventude, fase do desenvolvimento da personalidade, está marcada por sonhos que vão tomando corpo, por relações que adquirem cada vez mais consistência e equilíbrio, por tentativas e experimentações, por escolhas que constroem gradualmente um projeto de vida” (AV, n. 75). É, pois, justamente, neste construto do viver que as juventudes são chamadas a projetar-se, a lançar-se para frente, sem esquecer ou cortar suas raízes, para que, em boa companhia, construam autonomia cidadã e cristã.   

 

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