Na sexta-feira, após o segundo domingo depois de Pentecostes, a Igreja celebra a solenidade do Sagrado Coração de Jesus. O Catecismo da Igreja Católica, quando ensina sobre mistério de encarnação, no qual Jesus se faz homem assumindo a condição humana, menos o pecado, fala assim do Coração de Jesus, no número 470. “Jesus conheceu-nos e amou-nos a todos durante a sua Vida, sua Agonia e Paixão e entregou-se por cada um de nós: “O Filho de Deus amou-me e entregou-se por mim” (Gálatas 2,20). Amou-nos a todos com um coração humano. Por esta razão, o Coração de Jesus, transpassado por nossos pecados e para a nossa salvação (Cf. João 19,34), é considerado o principal sinal e símbolo daquele amor com o qual o divino Redentor ama ininterruptamente o Pai Eterno e todos os homens” (Pio XII, Encíclica “Com alegria tirareis águas das fontes da salvação” (cf. Isaías 12,3).
No centro do mistério de Jesus Cristo está a sua paixão, morte e ressurreição. No centro do mistério da sua morte está seu amor, seu coração. Por isso, podemos dizer que a celebração da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus conduz à essência do cristianismo: a pessoa de Jesus, filho de Deus e Salvador do mundo.
O coração na linguagem bíblica e em muitas culturas simboliza o centro vida da pessoa, o fundamento da complexidade das faculdades humanas, energias e experiências. Torna-se o ponto de unidade da pessoa. Além disso, o coração é símbolo da profundidade e autenticidade dos sentimentos e palavras, portanto, a fonte profunda e inesgotável do amor.
O ensinamento do Catecismo, acima citado, sublinha que o amor do Coração de Jesus refere-se ao mistério da Encarnação e da Redenção. O mistério da encarnação nos lembra que Jesus Cristo era verdadeiramente homem, por isso amou as pessoas de forma plenamente humana, da mesma maneira como cada um de nós. O mistério da Redenção acentua o modo divino de amar, que é próprio de Deus, manifesto na obra da salvação.
Jesus, homem perfeito, amou como nenhum outro homem. Na sua escola aprendemos a amar de maneira sempre nova. Seu amor foi vivido, terno e delicado. Seu coração experimentou verdadeiramente sentimentos de alegria e admiração diante da natureza, da inocência das crianças, do olhar de um jovem; sentimentos de misericórdia para com todos os pobres: pecadores, doentes, famílias enlutadas, multidão errante e faminta; sentimentos de amizade para com os apóstolos, Lázaro e suas irmãs; sentimentos de piedade por Jerusalém e por quem o rejeitava e o traiu; de indignidade com quem explorava as pessoas e o templo e os que queriam matar a Ele e arruinar o povo; sentimentos de agonia diante do mistério da cruz.
Mas a revelação mais decisiva e divina do Coração de Jesus foi amor provado ao morrer na cruz para a salvação da humanidade. Não existe outra forma tão suprema de amar que oferecendo a própria vida para que outros tenham vida, às vezes isto requer a morte física.
Finalidade da devoção ao Sagrado Coração de Jesus é conduzir a vida cristã ao essencial, centrar nossa vida e nossa fé no núcleo essencial do cristianismo. O cristianismo é mistério de amor. O autor sagrado, em 1João 4,7-16, resume o essencial: “Caríssimos, se Deus nos amou assim, nós também devemos amar-nos uns aos outros. Se nos amamos uns aos outros, Deus permanece conosco e seu amor é plenamente realizado em nós”. “ Deus é amor”.
No dia seguinte ao Sagrado Coração de Jesus a Igreja convida a celebrar o Imaculado Coração de Maria. Sem dúvida o coração que mais se assemelha ao de Cristo é coração de Maria, precisamente por isso a liturgia nos convida a colocar os dois corações juntos na nossa veneração.
Sagrado Coração de Jesus, fazei nosso coração semelhante ao vosso!