A vida que possuímos deve ser vivida plenamente, bem “gasta” e concluída admiravelmente. Jesus se dirige a todos os humanos com uma mensagem incisiva para se darem conta que a vida é somente uma e chegará o dia em que não haverá caminho alternativo, nem tempo para tomar novas medidas. Um bom incentivo e uma orientação segura é apresentada na parábola conhecida como “As dez virgens” (Mateus 25, 1-13). Outros estudiosos sugerem que a mesma parábola poderia ser denominada de “encontro com o esposo”. A metáfora da vida como saída para ir ao encontro de alguém é bem sugestiva. Saímos do ventre da mãe para a luz do sol e do mundo, saímos de uma fase da vida para outra, fazemos estudos para sair deste nível de conhecimento e profissional para passar a outro, saímos vida terrena para ir a Deus. Ignoramos o dia a hora da partida e da chegada, mas cada dia é uma passagem.
Os dias passam e o final do ano civil vai se aproximando. Como o ano litúrgico não coincide com o ano civil, faltando apenas três semanas para sua conclusão, a liturgia vai enfatizando o tema da Parusia. Termo que designa presença ou chegada de Jesus Cristo. Todas as vezes que o Evangelho fala deste dia, nunca vem com data definida, por isso requer vigilância, prontidão. A parusia nunca foi descrita por Jesus como um evento reservado a um futuro distante, mas que acompanha o cotidiano da vida. Diante disso, a vida deve ser vivida com sabedoria, empenho permanente, com esperança e alegre expectativa deste encontro com Deus.
A parábola das dez virgens convidadas para uma festa de casamento, símbolo do Reino dos Céus, da Vida Eterna, destacam duas atitudes possíveis de viver a saída e a espera: ser previdentes ou imprevidentes, outros traduzem por ser prudentes ou insensatos. Alerta sobre a importância do tempo presente e de como deve ser vivido, pois é o único tempo que nos é dado para viver e que permite fazer a reserva para o momento da necessidade e da urgência.
Viver de forma prudente o tempo presente manifesta sabedoria. O Livro da Sabedoria 6,12-16 descreve-a assim: “A Sabedoria é resplandecente e sempre viçosa. Ela é facilmente contemplada por aqueles que a amam, e é encontrada por aqueles que a procuram. Ela até se antecipa, dando-se a conhecer aos que a desejam. Quem por ela madruga não se cansará, pois a encontrará sentada à sua porta. Meditar sobre ela é a perfeição da prudência; e quem ficar acordado por causa dela, em breve há de viver despreocupado”. A sabedoria é a Palavra de Deus, sua lei, o seu espírito, a sua luz. Ela vai ao encontro do homem, porém se faz necessário amá-la e é preciso acolhê-la.
Muitos se consideram espertos, mas isto é uma virtude humana, a sabedoria é um dom divino. Sábias são as pessoas que tem um olhar aguçado e conseguem olhar longe. A meta, a última a ser alcançada, está no princípio do pensamento e da ação. A sabedoria é como a estrela polar que orienta o caminho, como fogo que arde dentro impulsionando e impedindo de bloquear-se na estrada.
A parábola usa a imagem do óleo reserva que as virgens previdentes levam e da prontidão de ir ao encontro do noivo como sinais de prudência. Santo Agostinho e outros autores cristãos interpretam o óleo como símbolo do amor. O amor não se pode comprar, mas é recebido como dom, conservado no íntimo e praticado com as obras. Neste sentido, a verdadeira sabedoria consiste em aproveitar a vida mortal para realizar obras de misericórdia, porque depois da morte isto já não é mais possível. Quando formos despertados para o juízo final, quando a porta se fechar segundo a parábola, o juízo acontecerá na base do amor praticado na vida terrena.