No dia 14 de maio de 2019 faleceu Dom Urbano José Allgayer. Foi bispo da Arquidiocese de Passo Fundo que tem 53 paróquias e mais de 800 comunidades, também chamadas de capelas, de 1982 até 1999. A área da arquidiocese envolve 47 municípios. Ao completar 75 anos Dom Urbano, seguindo a norma da Igreja Católica para os bispos, solicitou a renúncia do governo da arquidiocese. Permaneceu em Passo Fundo colaborando como bispo, conforme as possibilidades, no atendimento pastoral. Como bispo titular e emérito permaneceu 37 anos conosco. Dom Urbano teve uma vida longa e da mesma grandeza foi o seu episcopado.
Por questão de justiça é preciso reconhecer o bem que cada pessoa faz. Normalmente, os erros e os pecados são mais facilmente amplificados e falados do que as virtudes. Como também atribuir virtudes e obras inexistentes a alguém é falsificar a sua vida. Em tempos de tantas notícias de violências, corrupção e tensões, falar de Dom Urbano gera ânimo e esperança. Ressalto algumas marcas da sua vida que revelam, simultaneamente, como ele se cultivava pessoalmente e como exerceu o ministério episcopal.
Jesus Cristo após concluir a sua missão confiou aos apóstolos e a todos os seus seguidores os seus ensinamentos e os enviou ao mundo. O bispo tem a responsabilidade dos apóstolos e a sua primeira tarefa é anunciar o evangelho. Dom Urbano desde criança encantou-se por Jesus Cristo e o seu evangelho e desejava pregar o evangelho. Entrou no seminário e começou a sua formação para se tornar um sacerdote preparado e competente. Foi ordenado padre em 10/12/1950 e quando completou 50 anos de ministério presbiteral e 26 de bispo disse que estudava sempre filosofia, teologia e lia jornais e revistas para manter-se atualizado. Incentivou a criação do Instituto de Teologia Pastoral, hoje ITEPA faculdades, para promover a formação de padres e leigos.
A credibilidade de uma pessoa depende da sintonia entre o que fala, ensina e a sua vida pessoal. Dom Urbano insistiu tantas vezes na necessidade da participação da missa dominical pelo fato da eucaristia ser o sacramento onde Jesus se dá como alimento. Ele testemunha que para ele a missa deveria ser diária e não semanal. Já nos últimos dias de vida, mesmo com as limitações da doença, desejava a missa diariamente. Valorizava muito o Sacramento da Confissão para poder experimentar a misericórdia divina e assim estar em paz com Deus, com o próximo e consigo mesmo. Com a serenidade interior poderia ter forças para perdoar os outros e ser instrumento de reconciliação, de comunhão nas situações conflituosas do cotidiano. Manifestando a sua fidelidade e obediência à Igreja rezava a “Liturgia da Horas” onde estão previstas as orações para vários momentos do dia. É a oração oficial da Igreja para bispos, padres e religiosos. Já dependente da cadeira de rodas, com o livro da Liturgia das Horas nas mãos, fazia rezava por, pela Igreja e pelo mundo.
Seu lema episcopal era: “Conservar a unidade do Espírito” (Ef 4,3). Conservar, proporcionar a unidade é uma das missões fundamentais do bispo. Na diversidade de dons, carismas, mas também de egoísmos, vaidades pessoais manter a unidade de uma diocese é uma missão árdua e constante. Não depende somente da habilidade humana ou de mecanismos normativos, mas acima de tudo a unidade é fruto da obediência e da docilidade ao Espírito Santo. Dom Urbano se propôs a ser instrumento do Espírito para a unidade da diocese, mas também com as outras Igrejas cristãs, no diálogo inter-religioso e na relação com a sociedade civil.