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29.Ago - A Lei divina faz viver
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A Lei divina faz viver


Estamos iniciando o Mês da Bíblia. Os textos bíblicos deste domingo nos introduzem de forma magistral qual o lugar que a Palavra de Deus deve ter na vida pessoal e da Igreja. (Deuteronômio 4,1-2.6-8, Salmo 14, Tiago 1,17-18.21-22.27 e Marcos 7,1-8.14-15.21-23). Moisés adverte o povo dizendo: “Agora, Israel, ouve as leis e os decretos que eu vos ensino a cumprir, para que, fazendo-o, vivais e entreis na posse da terra prometida”. Escreve Tiago: “Recebei com humildade a palavra que vos foi implantada, que é capaz de salvar as vossas almas”.


            Ao mesmo tempo, os textos bíblicos revelam que a Palavra de Deus ou a Lei Divina quando interpretada e aplicada sofre alterações e desvios, outras vezes ela é ajustada aos desejos, gostos e interesses pessoais. A título de exemplo, temos o legalismo exagerado, a divisão entre fé e vida, entre culto e existência, entre legalidade e humanidade, o espiritualismo. O desvio mais profundo é apontado por Jesus: “Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição humana”. Portanto, trata-se de apresentar tradições humanas como se fossem preceitos divinos.


Para não haver este desvirtuamento o livro do Deuteronômio propõe o imperativo “ouve”. Se trata do primeiro mandamento da tradição bíblica, sem o qual todos os outros perdem o sentido ou não se realizam. A escuta atenta e feita com o coração abre a pessoa a acolher o que lhe é proposto. Antes de fazer qualquer coisa, o crente deve silenciar e escutar, para criar o espaço idôneo para a hospitalidade. Neste silêncio do coração, mais que da voz, ressoa a Palavra que Deus doa para que o ouvinte “viva” e sinta a proximidade de Deus.


A segunda recomendação é: “Nada acrescenteis, nada tireis, à palavra que vos digo, mas guardai os mandamentos do Senhor vosso Deus que vos prescrevo”. A grande tentação humana é sempre confiar em si mesmo desconsiderando Deus, pensando: se tivesse mais autonomia, se pudesse me desvencilhar dos mandamentos, se pudesse fazer somente o que gostaria ... aí seria livre e feliz. Moisés afirma o contrário que é no seguimento das leis de Deus que está “vossa sabedoria e inteligência perante os povos”. Na tradição judaica existe um ensinamento colocado na boca de Deus que diz: “Não vos dei a Torá para que vos seja um peso e para que a portem, mas para que a Torá vos sustente”


No Evangelho Jesus é questionado pelos fariseus sobre o comportamento dos discípulos porque “comem o pão sem lavar as mãos”. Aqui não se trata de uma atitude de higiene, que sempre é necessária, mas era um rito de purificação. Os discípulos poderiam ter tocado em alguém ou em algo impuro por isso estava prescrito este rito purificador antes de se alimentar. O questionamento feito pelos fariseus se torna uma oportunidade para Jesus discernir entre a Lei divina e as leis humanas. O rito da purificação das mãos simbolizava a pureza do coração e da vida, mas se tinha transformado um rito somente exterior muito rígido.


Por isso Jesus chama a multidão para perto de si e disse; “Escutai todos e compreendei: o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior. Pois é do coração humano que saem as más intenções, imoralidade, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo”. Passam os séculos, mudam as culturas, mas as impurezas apontadas por Jesus sempre serão impurezas e farão mal ao próximo. É o coração, fonte dos desejos e das decisões, que a Lei de Deus orienta e ilumina, para torná-lo puro para amar.



Fonte: Dom Rodolfo Luís Weber – Arcebispo de Passo Fundo

Dom Rodolfo Luís Weber

Dom Rodolfo Luís Weber

O arcebispo metropolitano de Passo Fundo, dom Rodolfo Luís Weber, escreve semanalmente artigos de opinião sobre temas diversos e latentes em nossa sociedade.

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