Desde fevereiro de 2024 a Comissão de Liturgia da Arquidiocese de Passo Fundo, semanalmente, nos ofereceu uma formação sobre liturgia, tendo por fonte principal os Cadernos do Concílio, números dos números 06 a 14. Estes Cadernos foram escritos para ajudar os fiéis a compreenderem a Constituição Conciliar SACROSANCTUM CONCILIUM, de 04/12/1965, que trata da Sagrada Liturgia na Igreja, em vista do Jubileu de 2025.

            No dia 29 de junho de 2022, o Papa Francisco, nos presenteou com a Carta Apostólica Desiderio Desideravi (DD), sobre a formação litúrgica do Povo de Deus, com o seguinte objetivo: Gostaria simplesmente de oferecer alguns elementos de reflexão a fim de contemplar a beleza e a verdade da Celebração cristã, pois a liturgia é dimensão fundamental para vida da Igreja (DD, n.1). A Carta deseja despertar nos fiéis o mesmo desejo de viver da Eucaristia que Jesus antes de padecer e ressuscitar: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta ceia pascal, antes de padecer (Lc 22,15).

            Assim como Jesus, todos os fiéis são exortados a desejar ardentemente se alimentar do Sacramento da Sagrada Eucaristia. Não poderíamos ter outra possibilidade de um verdadeiro encontro com Ele senão na comunidade que celebra. Por isso, a Igreja sempre guardou, como seu tesouro mais precioso, o mandato do Senhor: “Fazei isto em memória de mim”, (DD, n.8).

            Por que é tão importante a formação litúrgica? Na conclusão da Carta Desiderio Desideravi o Papa Francisco nos responde:

 a) a liturgia sempre foi a fonte primária da espiritualidade cristã. A Igreja reza aquilo que crê, ensina através da oração e vive em palavras e obras o que crê e celebra. Crer, celebrar e viver são inseparáveis. É fonte primária, isto é, a primeira e fundamental. A vida espiritual está fundamentada em Jesus Cristo, a rocha sobre a qual construímos o ser cristão. A liturgia é fonte. A fonte de água é inesgotável e a água é sempre nova. Beber da Jesus Cristo é aproximar-se de quem é inesgotável e sempre tem algo novo para nos oferecer e surpreender.

b) É verdadeira formação permanente. Todos os fiéis católicos - começando pelo papa, bispos, padres, diáconos, professores de teologia, catequistas, equipes de liturgia, leigos e os fiéis que raramente participam da celebração de um sacramento – necessitam de formação. Formação entendida como permanente. A Igreja como mãe e mestra, organizou a liturgia de tal forma que durante um ano, chamado Ano Litúrgico, os mistérios fundamentais da vida de Jesus Cristo são anunciados, aprofundados e celebrados. O filósofo e poeta cristão Kierkegaard afirmava que em toda a história do cristianismo tivemos somente um cristão: Jesus Cristo. Todos os batizados vão se tornando cristãos, isto é, precisam escolher cada dia serem cristãos, se colocarem no seguimento de Jesus Cristo e alimentar-se Dele.

A formação permanente é desenvolvida de duas formas inseparáveis. O primeiro é a formação para liturgia. Isto é feito através de estudos, palestras, leituras. Os artigos publicados semanalmente tiveram este objetivo. Alimentar e aprofundar a compreensão da liturgia. A segunda maneira de formação é a partir da liturgia. Cada vez que se participa de uma liturgia se tem a oportunidade de conhecer e aprofundar o mistério celebrado. Aprende-se celebrando. Daí nasce uma responsabilidade muito grande, chamada “arte de celebrar” (DD, n.48). E para celebrar com arte é preciso preparação, conhecer os ritos, harmonizar as partes e envolver todas os participantes daquela celebração.

A Comissão de Liturgia procurou ser instrumento para que o desejo da Igreja, expresso nas palavras o Papa, se concretizasse: Gostaria que esta Carta ajudasse a reavivar a admiração pela beleza da verdade da Celebração cristã, a recordar a necessidade de uma autêntica formação litúrgica e a reconhecer a importância de uma arte da celebração que está ao serviço da verdade do Mistério Pascal e da participação de todos os batizados, cada um com a especificidade de sua vocação (DD, n.62).

Gratidão aos leitores e aos redatores dos artigos!

Fonte: Dom Rodolfo Luís Weber – Arcebispo de Passo Fundo