A celebração eucarística dominical, como foi visto, é o centro da vida batismal e deve-se dedicar a ela todo o cuidado, para que todos, pastores e fiéis, atraídos pela beleza da liturgia (cf.EG, n.24) e participando da Missa, encontrem alimento para a fé e para a vida cristã. O domingo, à luz das indicações da Carta Apostólica Dies Domini, pode ser definido como o dia da assembleia, em que a comunidade, livre das incumbências do trabalho, responde à convocação do Senhor, reunindo-se para celebrar a sinaxe eucarística que a torna povo santo.
O Concílio Vaticano II e o Magistério posterior a ele nos indicam que a preparação, a animação e a presidência da liturgia dominical, bem como a reflexão sobre o modo como a comunidade vive e celebra o domingo são partes integrantes do cuidado pastoral. Este é o fundamento das linhas conciliares e, articulado no Batismo, floresce pela fraternidade e não é tarefa somente do pároco e dos sacerdotes, mas de todos os batizados. Não se pode imaginar que a santificação do domingo deva ser conduzida sem a participação de toda a comunidade eclesial, sendo o ápice da experiência litúrgica para vivê-la em plenitude. Sendo necessário que exista o diálogo em todos os níveis, quer diocesano, paroquial ou comunitário. Na reflexão da Sacrosanctum Concilium sobre o domingo, é oportuno refletir alguns temas que estão interligados e parecem significativos hoje, para uma autêntica reflexão pastoral e para um itinerário de evangelização.
O preceito – Primeiramente dialogar sobre a pastoral do domingo e criar ambientes de partilha e confronto, para honestamente avaliar as experiências eclesiais, aprofundando as experiências, as resistências e as perplexidades dos fiéis, no que tange à participação na Eucaristia Dominical. Por um longo período, a participação na Eucaristia no Dia do Senhor, foi o pilar motivacional. É necessário repensar modelos que sustentem a participação nas celebrações, resgatando no Dia do Senhor o sentido do alimento Eucarístico e da escuta do Evangelho que meditado, orienta a vivência semanal. Para ajudar os fiéis a descobrirem e redescobrirem a Missa dominical, é necessário torná-la uma experiência que exprima a fé de quem dela participa. Onde faça vibrar o coração e suscitar a caridade. O espaço litúrgico, bem como, todos os envolvidos devem ser pensados para que todos se sintam acolhidos.
As ministerialidades – Nas últimas décadas, a consciência de que a participação na celebração é direito e dever de todos os batizados (SC, n. 14) gerou uma profunda reflexão sobre as ministerialidades, que são uma forma peculiar de exercício do sacerdócio batismal e criam uma sinergia entre as várias vocações, a serviço da liturgia. A liturgia atrai aqueles que dela tomam parte e se deixam transfigurar e conformar a Cristo.
A santificação do domingo é a resposta que cada pessoa, pela sua ação semanal, que além de ser resposta à vocação recebida, coopera para a criação e faz prosseguir a obra que Deus iniciou e confiou à humanidade. Os fiéis cumprem o sacrifício, tornam sagrado o seu agir, o seu emprenho e o levam ao altar, tomando parte do sacrifício de Cristo que ofereceu a si mesmo.
Eucaristia e vida cristã – A excessiva simplificação e o abandono progressivo que ocorreram ao longo dos séculos, de um autêntico itinerário de iniciação, fizeram desaparecer a consciência de que participar da Eucaristia é uma experiência alcançada depois de um percurso, depois se terem assumido as decisões e realizado escolhas, que são frutos de uma fé amadurecida no tempo.
Para uma profícua pastoral litúrgica, deve-se levar em conta também algumas situações de vida que impedem aos fiéis de se aproximarem da santa comunhão. Será necessário que as comunidades estudem formas de celebração dominical para aqueles que estão na espera de voltar a nutrir-se do Pão Eucarístico. Será possível então pensar em uma Liturgia da Palavra, ou na Liturgia das Horas, mas é necessário que também esse grupo de fé mantenha um ritmo de oração e encontro dominical, para guardar viva a tradição do encontro do Dia do Senhor e se esforçar de todo o modo, com a ajuda dos pastores, para que logo tenham acesso à Eucaristia.
O contexto de reflexão pastoral sobre a celebração no Dia do Senhor é muito amplo e as questões abertas são numerosas. A análise da situação atual e o diálogo aberto, sincero e sereno serão o âmbito no qual o sopro do Espírito Santo sugerirá a pastores e fiéis as formas novas de compreender a profunda mudança social e cultural que acompanham esta sociedade de fronteiras muito irregulares e de formas claramente delineadas e definidas.
O desejo de comunhão que caracteriza todas as pessoas poderia ser a melhor forma da qual partir para formular propostas que façam com que a assembleia dominical volte a ser o centro da experiência de vida cristã, fonte da caridade operosa e ocasião para interesses interpessoais profundos.
Fonte: DIÁCONO TARSO APOLÔNIO ZENI
