O capítulo 5 do volume 13 dos Cadernos do Concílio sobre os Tempos Fortes do Ano Litúrgico, nos leva a refletir sobre o tempo do Natal, uma época que atrai atenção de adultos e crianças, porque se caracteriza por um ambiente de luzes.
O Natal e a Epifania são as principais festas deste tempo litúrgico, que expressam o Mistério da Encarnação e da Manifestação do Senhor. No final do sec. IV é que se distinguem estas duas festas com conteúdo próprio.
A data de 25 de dezembro não é historicamente o dia do nascimento de Cristo. Esta data foi escolhida para cristianizar as festas pagãs do solstício de inverno que celebravam o sol invictus (o invencível deus sol). O solstício era celebrado em Roma em 25 de dezembro e no Oriente em 6 de janeiro. Isso explica o surgimento em datas diferentes de uma única solenidade, uma de origem ocidental (Natal) e outra de origem Oriental (Epifania).
O Natal em 25 de dezembro em Roma está ligado ao fato histórico do nascimento de Jesus em Belém. A Epifania indica um aspecto do Mistério, isto é. Deus que se manifesta na natureza humana de Cristo. Este fato é descrito nas Escrituras: os Magos reconhecem Jesus como o Messias esperado.
A Igreja deu um significado diferente a estas festas para distanciar os fiéis dos esquemas pagãos: Cristo, “sol da justiça” (Ml 4,2) e “luz do mundo” (Jo 8,12). O Natal pertence ao calendário solar, por isso, é uma festa fixa. Ao contrário da Páscoa, que é uma festa ligada ao calendário judaico, que é lunar.
No tempo do Natal, se recorda e atualiza, por meio de ritos e orações da liturgia, a plena e definitiva “manifestação” de Deus em seu Filho, Jesus Cristo. É significativo como a liturgia do Natal e da Epifania retoma no prefácio o tema da luz entendida como iluminação que faz passar da escuridão para o esplendor da graça divina. O tema da luz é o principal elemento simbólico para expressar o mistério da salvação, que a Igreja celebra no tempo do Natal. No centro da celebração do Natal-Epifania está o evento da encarnação do Filho de Deus na história humana, que veio para ser luz nas trevas e trazer a salvação ao mundo.
A festa do Natal não é uma recordação nostálgica de um fato comovente, mas a perspectiva de novidade que a entrada de Deus na história trouxe.
O presépio é uma manifestação religiosa que a piedade popular reserva às festas natalícias. A tradição do presépio nas Igrejas e nas famílias é o cartão de apresentação do autêntico Natal. O costume de representar o presépio de Belém nas Igrejas remonta do sec. XIII.
A representação do nascimento do Salvador através do presépio é um incentivo para as famílias viverem o Natal com o coração renovado, surgido de um encanto de Deus que se faz homem e o “dom” da salvação que nos foi dado no Menino Jesus.
Conclusão: O tempo é o meio pelo qual o fiel entra em contato com o eterno. É na dimensão do tempo que se realiza a história do complexo diálogo entre Deus e o homem: a história da salvação. Uma história que vem do chamado que ressoa desde Abraão, que se manifesta em um povo concreto (povo de Israel), que se torna visível em Jesus de Nazaré, que continua a manifestar a presença e ação de Deus, através da Igreja e dos Sacramentos.
É no espaço de um ano, que hoje a liturgia nos torna participantes de todo o mistério de Cristo. O ano litúrgico não celebra o mistério de Cristo de forma genérica, mas celebra-o nos seus diversos momentos; que chamamos de mistérios, através deles Cristo realizou nossa salvação, com ápice em sua morte e ressureição. Cada acontecimento salvífico da vida histórica de Cristo e sua presença nas festas e nos tempos do ano litúrgico faz com que os tempos litúrgicos sejam períodos de graça e salvação. Por isso, a comunidade dos fiéis é chamada todos os anos a viver o tempo litúrgico, buscando a sua história de salvação, seu caminho de conversão e seu seguimento a Cristo.
Fonte: Nara Rorato