A música é uma das mais belas artes utilizadas na sociedade atual, e sempre exerceu forte influência na história da Igreja. O canto do povo de Deus é também um desafio que precisa ser estudado e conhecido dentro da própria realidade eclesial, no aspecto ritual e litúrgico, e também no âmbito catequético e missionário.
É necessário saber distinguir as características inerentes à própria linguagem musical, às formas das composições e às intenções de quem as compôs. Podemos discernir pelo menos três níveis de música de inspiração sacra. O primeiro nível se refere à qualidade e à dignidade artística; o segundo nível é o das composições sagradas com textos bíblicos ou litúrgicos; e o terceiro nível combina com os níveis anteriores, mas os supera porque coloca a música a serviço da liturgia, conservando sua qualidade e beleza.
O canto do povo de Deus.
Há pelo menos duas maneiras de participar do canto litúrgico: uma mais interior e outra mais concreta e prática. O aspecto interior se refere à oração, à abertura do coração, à escuta do Espírito que fala conosco através dos sinais litúrgicos. Através do espírito de recolhimento, a música produz em nós efeitos que levam à comunhão e à caridade, isto é uma dimensão mais concreta: a participação ativa dos fiéis no canto.
Para que haja uma participação verdadeira, não basta apenas saber cantar as melodias propostas, mas é preciso ir além e deixar que num coração aberto ao mistério celebrado e diante de sua identidade de batizado, todo o cristão viva uma fé concreta, doando seu corpo numa oferta viva e palpitante.
A música assume sua mais alta vocação quando une, preenche as lacunas, quando transforma a comunidade num conjunto de indivíduos que reza junta em um único canto, sem distinções ou divisões, mas, através das diferenças, transforma as pessoas para uma nova realidade de comunhão.
A instrução litúrgica oferecida pela Igreja na Musicam Sacram retoma a importância da participação da assembleia no canto litúrgico. Na Celebração Eucarística, os diversos ministérios musicais aparecem em toda a sua riqueza. A assembleia litúrgica, em sua totalidade, representa o coro mais importante. Da mesma assembleia nasce a Schola cantorum, como parte da assembleia preparada musicalmente para servir de guia e apoio para o canto de toda a assembleia (Cf. MSa, n.16).
O Concílio Vaticano II insistiu na formação litúrgico-musical em vista da reforma litúrgica que perpassa a lógica de tornar o povo de Deus consciente do seu importante papel na celebração dos mistérios da salvação. Os cursos de formação, em vista da liturgia e da espiritualidade, para todos os que exercem um ministério na sua comunidade cristã é primordial.
Cada Diocese precisa organizar realidades formativas de natureza pastoral e priorizar a educação daqueles que são chamados a animar as assembleias litúrgicas das comunidades, ensinando-os e orientando-os na aprendizagem do conteúdo e da prática do canto litúrgico para uma única “sinfonia” de música e oração.
Fonte: Ir. Thais Barbosa e Ir. Luísa De Lucca