O Documento sobre a Sagrada Liturgia, no Sacrosanctum Concilium, foi promulgado no dia 04/12/1963, fato simbólico coincidindo com a aprovação da 10ª sessão do Concílio de Trento, 04/12/1563. Vat. II não pretende mudar os ensinamentos dos concílios anteriores, mas buscará o “retorno às fontes”, revisando a prática sacramental da Igreja, sem limitar a compreensão do Sacramento quanto à ação ritual e a causa da graça.
Relação Sacramento e Liturgia: A primeira reflexão dos conciliares foi a Liturgia; a segunda foi relativa ao “Mistério da Eucaristia” (SC, n. 47-58); a terceira destinada aos “outros Sacramentos e
Sacramentais” (SC, n. 59-82). A pergunta fundamental foi se existe uma ligação entre “Sacramento e a Liturgia”. No Primeiro Milênio, os Sacramentos eram vistos como ritos que “produziam” a graça, ou instruções a serem cumpridos, centralizado no que os ministros deviam fazer e quais palavras e gestos usar para validar o Sacramento. A ligação entre Sacramento e Liturgia surgiu no Concilio Vat. II, reconhecendo que os Sacramentos pertencem à Liturgia, com estrutura própria.
A Encíclica “Mediator Dei”, Pio XII, 1947, publicou uma reflexão sobre o tema, onde começa delineando a essência, a origem e o desenvolvimento da Liturgia, trata da Eucaristia e do Culto Eucarístico, do Breviário e do Ano Litúrgico. Não trata dos Sacramentos em si, mas da Liturgia. A SC reflete sobre os Sacramentos e Sacramentais indicando de que a Liturgia da Igreja não é só Eucaristia, ou Liturgia das Horas, mas também os Sacramentos e Sacramentais.
Os Sacramentos como Liturgia: A “Mediator Dei” oferece uma reflexão geral sobre a natureza da Liturgia. Os conciliares incluem os Sacramentos no conceito da Liturgia em três âmbitos: 1) a Pessoa de Jesus Cristo; 2) sua presença na Igreja; 3) o Sinal.
Vat. II não estabelece limites da fé, usa da linguagem simples, evita polêmicas, usa passagens bíblicas e litúrgicas, recorre à coleção das formas litúrgicas antigas do século VI, Sacramentário Veronese, sendo esta uma mudança significativa, ressurgindo a perspectiva bíblico-litúrgica da Liturgia e dos Sacramentos. É um retorno à Pessoa de Jesus Cristo, fundamental para a compreensão da Liturgia e dos Sacramentos. “Com efeito, sua humanidade, unida à pessoa do Verbo, foi instrumento da nossa salvação, pois em Cristo se dá nossa perfeita reconciliação com Deus e nos é concedida a plenitude do culto divino” (SC, n. 5). Toda a Liturgia e todo o Sacramento remetem ao invisível, graças à natureza divino-humana de Jesus Cristo.
Sobre a presença de Jesus Cristo na Igreja, não se restringe ao Sacrário, mas é vista amplamente, pois sua presença se revela em todas as ações litúrgicas da Igreja, seja no espaço, nos ritos, nas palavras, no Sacrifício Eucarístico, na pessoa do ministro, nas espécies Eucarísticas, na força dos Sacramentos. Jesus Cristo é quem batiza, é Ele que fala na proclamação da Sagrada Escritura, na Igreja que ora e canta os salmos.
Sobre o Sinal que tem seu significado e se realiza na santificação da Pessoa Humana e, assim, o Corpo Místico de Cristo, Cabeça e membros, executa integralmente o culto público (SC, n.7). Os Sacramentos são sinais sensíveis, por meio deles se realiza a santificação do ser humano.
Fonte: Pe. Carlos Jaroceski
