A formação do bom povo em preparação ao jubileu do ano 2025 convocado pelo Papa Francisco é uma maneira de incentivar a esperança, já que neste caminho “somos peregrinos da esperança”.
Estamos no itinerário do Mistério Eucarístico, segundo o livro 9 dos cadernos do Concílio Vaticano II. No primeiro texto deste fascículo refletimos sobre a dimensão da linguagem na liturgia e a comunicação do amor de Deus que acontece durante o ato de celebrar. Agora, o livro nos propõe refletir que este Mistério Eucarístico sacia nossa fome de Deus e de humanidade.
Como comunidade humana temos um grave problema a resolver que é a fome. É uma contradição estarmos num planeta que produz alimentos para saciar todos os habitantes, mas ainda existe dificuldades de acesso a estes alimentos por boa parte da população. Mas existe outra fome no mundo, que é a fome de Deus. São João Paulo II, na jornada mundial da juventude do ano 2000 exortava a todos sobre esta fome maior. Dizia o papa: “é Jesus quem buscais quando sonhais a felicidade; é Ele quem vos espera, quando nada do que encontrais vos satisfaz; Ele é a beleza que tanto vos atrai; é Ele quem vos provoca com aquela sede de radicalidade que não vos deixa ceder a compromissos; é Ele quem vos impele a depor as máscaras que tornam a vida falsa; é Ele quem vos lê no coração as decisões mais verdadeiras que outros quereriam sufocar. É Jesus quem suscita em vós o desejo de fazer da vossa vida algo de grande, a vontade de seguir um ideal, a recusa de vos deixardes submergir pela mediocridade, a coragem de vos empenhardes, com humildade e perseverança, no aperfeiçoamento de vós próprios e da sociedade, tornando-a mais humana e fraterna” (discurso JMJ, 19/08/2000).
Saciar nossos desejos é algo impressionante. E na sociedade do consumo, somos provocados o tempo todo para termos necessidades de bens, aquilo que a propaganda mostra insistentemente, o produto lançado para a moda, o novo aparelho, nova tecnologia. Entretanto, mergulhamos cada vez mais no caos do consumo desenfreado que não realiza plenamente nossa vida e impede a vida sustentável na casa comum.
O contraponto a esta desilusão consumista vem justamente do Senhor. Ele sacia nossa fome de vida. Assim como saciou a fome de tantos que nos antecederam na esteira da santidade desde Abraão até o jovem Carlos Acutis. Todos encontraram em Deus a resposta para suas mais relevantes preocupações da vida.
No mistério celebrado, a Igreja continuamente está servindo aos seus filhos o banquete da vida, recordando o mistério de Cristo, sua paixão pela humanidade, morte e ressurreição, a liturgia vivenciada na Santa Missa nos põe todos ao redor da mesma mesa, acolhe todas as realidades vivida pelos filhos e os serve do pão da Palavra e do Pão da Eucaristia sem distinção.
Ao redor desta mesa cabe tudo: desde aquele que vem celebrar um sétimo dia até a alegria de quem de um batizado ou aniversário de casamento. Realmente é tremendo o Mistério Eucarístico! Nele se vivencia” As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo” (GS1)
Deste modo, a celebração do Mistério Eucarístico é também um sinal visível do pedido de Jesus: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). Reunidos por Deus para celebrar o seu grande amor, a família humana forma uma assembleia. Ali não existem melhores ou piores, pecadores ou santos, maus ou bons. Na reunião em nome do Senhor estão os seus filhos e filhas, todos irmãos e irmãs sentados na mesma mesa, na mesma casa, ouvindo o mesmo Pai, alimentando-se com o mesmo Pão da Vida, cantando e rezando as verdades da fé e comprometidos com a mesma causa que é o Reino de Deus.
Fonte: Pe Mateus Danieli
