Pe. Elli Benincá foi um presbítero que encarnou profundamente os ideais do Concílio Vaticano II, representando uma vivência prática e coerente da sinodalidade, conceito amplamente fortalecido nas propostas pastorais do Papa Francisco. O Concílio Vaticano II estabeleceu as bases para uma Igreja mais participativa, dialogal e atenta aos sinais dos tempos. O Papa Francisco, por sua vez, expandiu essa visão, propondo-a como um novo modo de ser Igreja: uma comunidade na qual todos caminham juntos, na escuta e na comunhão. O testemunho de vida e ministério de Pe. Elli ilumina caminhos concretos para a vivência dessa espiritualidade sinodal.
O Concílio Vaticano II, por meio da Constituição Sacrosanctum Concilium, ressaltou a necessidade da participação ativa dos fiéis na liturgia. O texto conciliar afirma: “É ardentemente desejado que toda a comunidade cristã, sobretudo durante a celebração litúrgica, participe de forma plena, consciente e ativa” (SC 14). Pe. Elli compreendia a liturgia como um espaço de profunda transformação espiritual e comunitária. Suas celebrações eram cuidadosamente preparadas, marcadas pela simplicidade, espiritualidade e pela participação plena da comunidade, refletindo sua compreensão da liturgia como um verdadeiro encontro com Deus.
Outro aspecto central do Vaticano II foi o diálogo, tanto ecumênico quanto inter-religioso, como destacado nos documentos Unitatis Redintegratio e Nostra Aetate. Pe. Elli vivia esse espírito em suas práticas pastorais e pedagógicas, especialmente ao abordar o ensino religioso. Ele acreditava que o fenômeno religioso deveria ser um instrumento de diálogo, compreensão mútua e respeito pela pluralidade de crenças. Para ele, a educação religiosa era uma oportunidade de abrir horizontes para a convivência pacífica e para a promoção do bem comum.
Inspirado pela Constituição Gaudium et Spes, que exorta a Igreja a compartilhar das alegrias, tristezas e esperanças da humanidade, Pe. Elli encarnava uma pastoral profundamente inserida na realidade local. Ele promovia a escuta atenta das necessidades da comunidade, respondendo com coragem e criatividade aos desafios do mundo moderno, sempre iluminado pela mensagem evangélica.
Embora o termo sinodalidade tenha ganhado força sob o pontificado
de Francisco, suas bases estavam presentes no Concílio, especialmente na Lumen Gentium, que destaca a corresponsabilidade de todos os fiéis na edificação da Igreja. Pe. Elli viveu essa visão, promovendo o envolvimento de cada membro da comunidade em um processo de escuta, discernimento e ação pastoral. Sua abordagem pastoral era estruturada e meticulosa: ele observava cuidadosamente as realidades locais, registrava necessidades e desafios, promovia encontros de reflexão comunitária e ajustava as ações conforme os anseios do povo de Deus.
O legado de Pe. Elli Benincá nos desafia a viver os ideais do Concílio
Vaticano II de maneira concreta e transformadora. Sua prática pastoral demonstra que a sinodalidade não é apenas um conceito teológico, mas um modo de ser Igreja, fundamentado na escuta, no diálogo e na ação conjunta. Ele nos recorda que a missão evangelizadora requer avaliação contínua, discernimento profundo e renovação constante para que a Igreja continue sendo sinal do Reino de Deus no mundo.
Pe. Elli nos inspira a perseverar no caminho sinodal com confiança e
esperança, cultivando uma Igreja verdadeiramente inclusiva, dialogal e comprometida com a transformação da sociedade à luz do Evangelho. Seu exemplo ressoa profundamente com o chamado do Papa Leão XIV, que, em seu discurso inaugural, expressou o desejo de uma Igreja sinodal, missionária e atenta aos que sofrem, promovendo a paz e a construção de pontes. Assim, Pe. Elli e o Papa Leão XIV convergem na visão de uma Igreja que caminha junto com todos, para todos e por todos, como sinal vivo do amor incondicional e da misericórdia infinita de Deus.
Prof. Ms. Pe. Ivanir Rodighero. Profª Ms. Selina Maria Dal Moro e
Grupo de Pesquisa “A Vida e o Legado do Pe. Elli”