Foi concluído na última segunda-feira, dia 04 de julho, o curso sobre Educação, Espiritualidade e Fraternidade – Diálogos de Esperança a partir da Fratelli Tutti. A temática do último dos doze encontros realizados foi “Ousar sonhar: por uma Pedagogia da Esperança”. Organizado pela Pastoral da Educação e Cultura da Arquidiocese de Passo Fundo, Itepa Faculdades e ECOPAZ, contou com a participação de aproximadamente 80 educadores. O encerramento do encontro, foi marcado pela música, poesia e reflexão. De início, a cursista Ana Laura, entoou com voz e violão a música Utopia (Zé Vicente) – abrindo de forma orante o décimo segundo encontro.
Na assessoria participou um dos idealizadores do curso, o professor Carlos Rodrigues Brandão, que, por razões de saúde, não conseguiu participar em nenhuma das etapas anteriores como tinha sido previsto. Em sua reflexão, destacou a importância de olhar para o Evangelho com os olhos na realidade e que o trabalho na educação tem um impacto profundo na sociedade, porque os educadores são “pequenos lampiões”, que mantém acesas as luzes por onde passam, fazendo toda a diferença no lugar onde estão. Em sua fala, acentuou que “a nossa força parte sempre do pequenino de cada vocação – como os apóstolos que eram doze – e de repente se estende pelo planeta numa rede invisível, mas viva e ativa”. Fez o convite, para que todos vivam a esperança “como pluralidade de pessoas que, frágeis em si, formam um teia de gente que, mesmo sem se conhecer, se irmanam e comungam de uma mesma energia, de uma mesma vocação”. Por último, declamou duas poesias de sua autoria, enchendo o coração de todas as pessoas de alegria e de esperança.
Em seguida, o jovem Paulo Ricardo, educador popular e membro da comunidade Bremen, fez uma pequena síntese dos encontros realizados elencando, principalmente o compromisso de todos os participantes com uma educação inclusiva pautada pelo amor e responsabilidade, contra o racismo e os males do nosso tempo. Logo após, foi apresentando um vídeo do monge beneditino e teólogo Marcelo Barros, que acompanhou e contribuiu durante todo o curso. Ele enviou uma Benção de Envio que foi partilhada com os participantes. Em sua fala, frisou que não basta falar de fraternidade universal, se não houver, dentro de cada um, cada uma, uma opção de amor, de sentimento de irmandade, pois, os argumentos racionais de nada valem se não se encarnam na vida. “O que eu quero é perguntar, de coração a coração, se você verdadeiramente se sente irmão e irmã de todos os seres humanos, e, nesta família ampla que é a comunidade da vida, se você sente isso dentro de você. Que possamos nos sentir mergulhados nesta benção que é sermos irmãos e irmãs”, disse Marcelo, que, convidou os presentes a rezarem a Oração ao Criador e a Oração Cristã Ecumênica que estão na Fratelli Tutti.
Como dinâmica final, os integrantes do curso, apresentaram em suas telas um símbolo que representou, de forma pessoal, essa grande caminhada em torno de doze encontros semanais. O curso, foi mais do que um espaço de aprendizado, foi um lindo caminho, frutuoso e significativo, despertando em cada um o anseio de continuar a esperançar na busca de uma fraternidade universal, como afirmou um dos coordenadores do curso.
O abraço: dias de pandemia e isolamento
De longe, amigo, amiga
desde a janela eu te vejo,
e vejo o teu rosto
nesta manhã de sol
que de longe nos abriga
Distante eu te vejo na janela
e sei que de lá me vês:
Um ser? Um quem?
Um rosto? Um corpo?
Um vulto? Um alguém?
Ou, quem sabe? E por que?
Uma figura acaso
pintada em uma tela,
e à espera de quem?
De quando e do quê?
Uma miragem lá, agora,
e ao longe... e tão perto?
Um rabisco na paisagem
Um mero breve traço
como a ave que ao vento voa
e no vento vai embora.
Não sei como de lá me vês
se é que me vês de lá
de repente... e ao acaso.
Mas de uma coisa,
eu sei, amiga, amigo
que de longe eu vejo:
tenho saudades de ti
que mal conheço
e que longe, está aqui,
e de longe está comigo.
E se longe eu te aceno
de perto, no meu afeto,
amigo, amiga,
eu te abraço.
Eu te abraço!
Carlos Rodrigues Brandão
Um, uma, todos, todas
Morreu um homem em algum lugar em Cabul?
Em toda a Terra morreu toda a Humanidade.
Dormiu na rua um sem-teto aqui na esquina?
Foi ao relento que dormiu toda a cidade.
Em Nairóbi uma mulher negra passa fome?
A Dinamarca inteira amanhece esfomeada.
Em algum lugar nos Andes uma criança sente frio?
No meio do verão Paris inteira adormece enregelada.
Bêbado, um marido espanca uma mulher?
Somos todos e todas nós as pessoas espancadas.
Numa esquina em Roma um homem chuta um cão?
É toda a Vida na Terra quem sofre essa pancada.
Uma Sumaúma da Amazônia é derrubada
para que ali um rico estenda um “agronegócio?”
É todo o verde do Planeta que um trator devasta
e é toda a natureza que em toda Terra se degrada.
Há um incêndio no Pantanal, agora, incontrolável?
Todo um Brasil inteiro pega fogo. E quem apaga?
Mas se um só alguém abre as mãos e ergue o punho
e em nome do homem, do velho, da mulher, da criança,
de um cão, de uma árvore e de uma floresta, grita: “basta!”
E convida você pra ir para rua e a luta... Vá!
E vá sabendo que quem luta por um velho, uma mulher
uma criança ou um cão, uma árvore, uma floresta
Na verdade, no seu gesto salva toda a Vida.
E no que faz quando crê e luta... “salva toda a Humanidade” *
*O que está entre aspas não é meu. É uma passagem do Talmude. Livro sagrado entre os judeus: “Quem salva um homem salva toda a humanidade”.
Carlos Rodrigues Brandão
Coordenação do Curso
