Neste quarto domingo do Advento rezamos com o bom e justo José. Uma retrospectiva da caminhada em preparação ao Natal do Senhor neste ano litúrgico, presenteou-nos com importantes companheiros de peregrinação, que revelam a lógica de Deus ao se manifestar na história para nos salvar. João Batista, o profeta que veio do deserto, motivou a preparação para a vinda do senhor. Rezamos esta proposta no segundo domingo do Advento.
No terceiro domingo rezamos Jesus em missão. Ele convidou os discípulos joaninos, enviados para sanar uma dúvida se era ou não o Messias esperado, olhar as maravilhas que fazia sem escandalizar-se, mas admirando o bem feito em nome dos pobres e fragilizados.
Rezamos neste tempo na liturgia semanal, especialmente na Solenidade da Imaculada Conceição com Maria, a jovem de Nazaré. Ela ensina a acolher a Palavra de Deus e a disponibilidade de fazê-la valer na nossa vida. Maria inspira acolher esta Palavra humildemente, deixando-nos guiar por ela. Acolheu como mãe do Verbo de Deus e fez-se discípula do Filho de Deus. Mais tarde fez-se anunciadora do Salvador para toda a humanidade junto com os demais apóstolos.
Rezamos no quarto domingo, finalizando o tempo do Advento, o “sim” de José. Diferente de Maria, o sim do carpinteiro de Nazaré não foi mediado por perguntas e dado por palavras. Foi o sim da escuta e da obediência. Lemos isso na narrativa de Mateus (Mt 1,18-24). Segundo o texto, José manifesta estranheza com tudo o que está acontecendo, mas deixa transparecer sua fidelidade e obediência a Deus. Ajuda muito o discernimento daquele homem bom. Mateus descreve que José teve um sonho e neste sonho escutou a voz de Deus.
Algumas situações na vida humana e algumas decisões a serem tomadas exigem tempo para maturação. José precisou deste tempo. Buscou o discernimento. Ouviu a voz de Deus (sonho), ouviu a voz do seu coração (era um homem bom) e ouviu a história da sua gente (era um homem justo). Esta escuta tripartite o inspirou no discernimento. E, sem pronunciar uma palavra, assumiu, com Maria o protagonismo naquele grande projeto.
Tal projeto deixou de ser um mistério para se tornar uma realidade. Quando nos aproximamos das coisas de Deus e procuramos compreender a sua lógica, o que é mistério se torna explícito aos olhos da fé e da razão. José, na escuta de Deus e no silêncio do discernimento, deu este passo significativo. Precisamos, como José, ter paciência para escutar Deus e fazer o bom discernimento.
Junto à escuta, José foi desafiado ao discernimento. Ele precisou discernir antes de tomar uma decisão definitiva. José já estava planejando deixar Maria em segredo, ou seja, estava tomando uma decisão. Entretanto, ouviu a voz do Senhor, mediada pelo anjo e esta provocou o discernimento, rever a escolha. Discernir é isto. Provoca revisões. E depois de discernir prevaleceu a vontade do Senhor Deus.
O tempo de espera do Senhor que vem é também para a humanidade tempo de discernimento. Nem sempre o discernimento combina com o ritmo mundano, que é marcado pela pressa e celeridade de se tomar decisões. Que se tenha a paciência para o discernimento que o menino Jesus provoca em nossas vidas, como provocou em seu pai José. E também rever decisões. José e Maria, depois de discernirem, deram razão à Palavra do Pai.
José agiu em silêncio. Talvez esta seja a grande dificuldade dos tempos atuais. Nestes tempos de preparação para o Natal ouvimos muito barulho, muita cantoria superficial, muito palavreado. Parece que se sobrepõe para a humanidade uma grande necessidade de ter barulho. Cuidado para que isto não impeça de ouvirmos o sussurro divino. A criança nasceu no silêncio de uma noite fria na cidade de Belém embalada pelo som da respiração dos animais que estavam naquela gruta, portanto com pouco barulho.
Ao seu modo José foi sujeito da obra salvadora. Protagonizou uma experiência significativa. Todavia, esta experiência foi marcada pela ação e não pelas palavras. José foi o homem do silêncio e da ação. Uma ação acolhedora da vontade de Deus e fundada na sua bondade e senso de justiça. Permitiu, assim que o Emanuel, Deus conosco, encontrasse um lar e a proteção familiar necessária para trilhar a sua peregrinação entre a humanidade para salvá-la.
Que ele nos inspire neste tempo final de preparação para o Natal do Senhor!
Pe. Ari Antonio dos Reis – Coordenador de Área