Os gestos e as palavras do Papa Francisco continuam ecoando em nossos corações. Sua profundidade e mistagogia convidaram-nos a encher o coração com a alegria que brota do Evangelho. Essa alegria é o encontro com a ternura do coração do Senhor.
Na sua primeira exortação apostólica, Evangelli Gaudium, o Pontífice recorda que: “A nossa alegria cristã brota da fonte do seu coração transbordante”[1]. O Papa Francisco nos inspirou a sermos testemunhas do Evangelho, como discípulos-missionários, reacendendo a chama da alegria como resposta a ação misericordiosa de Deus. Em sua encíclica Dilexit Nos, somos instigados a voltarmos ao coração como centro pacificador de todas as relações. É no nosso coração unido ao Coração de Cristo, que somos capazes do milagre social do amor.
O convite desta encíclica é para que voltemos o nosso olhar para o
coração do mundo, por meio do Coração de Jesus. Haja vista que são inúmeros os obstáculos que, hoje, ferem e maltratam o coração, tais como: a perda de sentido do coração na sociedade do consumo; a desorientação e fragmentação humana e social; uma sociedade anti-coração, marcada pelo narcisismo e auto-referencialidade; uma sociedade sem coração, diante das situações dramáticas; e, por fim, a perda do amor e da compaixão.
Diante destes desafios enfrentados neste tempo, o Papa Francisco, para auxiliar na reflexão sobre a importância do coração, divide a sua última carta Encíclica em cinco partes fundamentais: I – a importância do coração; II – gestos e palavras de amor; III – este é o coração que tanto amou; IV – amor que dá de beber; V – amor por amor.
O documento apresenta o Sagrado Coração de Jesus, como centro consubstancial do amor divino e humano. É nesse Coração Sagrado que se encontra o modelo concreto de um amor que transcende, que saí de si mesmo e vai ao encontro dos descartados e marginalizados da sociedade.
Francisco escreve que o coração deve ser compreendido como o
centro profundo e integral da pessoa, poder-se-ia dizer que é o núcleo dos projetos de onde emanam as decisões mais íntimas. Em sua simbologia, o coração é o lugar onde se encontram o amor, as emoções, as decisões e a nossa essência.
De outro lado, “O Coração de Cristo, simboliza o centro pessoal de onde brota o seu amor por nós, é o núcleo vivo do primeiro anúncio. Ali se encontra a origem da nossa fé, a fonte que mantém vivas as convicções cristãs”[2]. O Sagrado Coração representa o centro da existência e a fonte do amor mais puro e verdadeiro. O convite é para que, permanentemente, voltarmos ao Coração de Cristo, e dessa conformidade, promovamos uma transformação social, tornando as relações mais justas, fraternas e compassivas.
Na unidade dos corações humano e divino, somos iluminados para encontrar o fermento da transformação interior e da edificação de um novo diálogo social. O Coração de Jesus nos revela que, somente através do amor, seremos capazes de reparar feridas históricas. É do Senhor que emana a fonte da reconciliação: do pecador com Deus, das relações humanas entre si e com toda a obra criada.
Pe. Tiago André Guimarães
Professor na Itepa Faculdades
Renato de Cezare
Acadêmico de Teologia da Itepa Faculdades
[1]Evangelli Gaudium, 2013, nº 5
[2]Dilexit Nos, 2024, nº 32.
Fotos: Arquivo Itepa Faculdades e Vatican News