Nos dias 3 e 4 de abril aconteceu o encontro da Animação Bíblico-Catequética do Regional Sul 3 da CNBB, em Porto Alegre, que contou com a presença de representantes do setor de todas as (arqui)dioceses do Rio Grande do Sul. Na ocasião, o professor Moisés Sbardelotto, doutor em comunicação social, refletiu sobre a catequese de Iniciação à Vida Cristã na era digital. Destacamos, na Página Catequética deste mês, alguns elementos abordados por ele e que tiveram eco durante os dois dias de encontro.
Era de mudanças
Nos últimos anos aconteceram muitas mudanças históricas e rápidas, sobretudo com o surgimento da internet. O papa Francisco lembrou-nos que, como Igreja, “hoje [...] não somos mais os únicos que produzem cultura, nem os primeiros, nem os mais ouvidos”, mas convivemos com novas linguagens, novos processos de comunicação e novas formas de relação social. Assim, sentimos uma constante necessidade de estar interconectados, em processos cada vez mais rápidos e urgentes. Tal complexidade tem grande relevância para a nossa caminhada de seguimento a Jesus. Diante dela, somos convidados a não nos fechar, mas sim, compreender os sinais dos tempos à luz da fé – ou seja, com humildade, acolhida, criatividade e capacidade dialogal –, a escutar os clamores do povo e ser Igreja em saída, sem nos apegarmos a um modelo único, uniforme e tradicional. Por isso, é indispensável priorizar a conversão pastoral.
Comunicação e Igreja
A comunicação pertence à essência da Igreja (Documento Igreja e internet, 2002) e o principal objetivo dela é criar comunidade, estabelecer vínculos, promover o bem comum e novas relações. Deus também se comunica através da realidade do seu povo; sua pedagogia é de acolhida e de respeito à situação de cada um. Quando falamos de iniciação cristã reafirmamos que “o catequista é um mediador que facilita a comunicação entre os catequizandos e o Mistério de Deus e das pessoas entre si com a comunidade” (Diretório de Catequese, n. 172).
Deste modo, é fundamental passar de uma comunicação meramente informativa para uma realidade performativa, que não apenas transmita dados e informações, mas promova o encontro e a experiência com uma mensagem, que vai muito além do mero conteúdo transmitido. A catequese precisa ser um espaço de comunicação da Palavra, na força do Espírito Santo, com eficácia e dinamismo, mas também de experiências de fé que conduzam ao compromisso com o Reino. Por isso, percebemos que há um longo caminho a ser feito.
O desafio de acertar
Cada vez mais a Igreja precisa de uma linguagem adequada para comunicar, de maneira sempre nova, a fé cristã. Não se trata exatamente de utilizar o celular ou outras ferramentas digitais o tempo todo durante os encontros de catequese, reuniões de pastoral e outros espaços da nossa comunidade, mas sim, qualificar o uso destes equipamentos, se for o caso, aproveitando aquilo que eles oferecem de positivo para os processos pastorais. Outra questão importante é se dar conta de que tais recursos tecnológicos rompem com a falsa ideia da linearidade nos eventos comunicativos. Somos seres altamente interativos, desta forma, a comunicação humana acontece entremeada por diversas situações do cotidiano. Os encontros de catequese, por exemplo, também são marcados por esta interatividade, ou seja, são permeados pelos sinais dos tempos da nossa sociedade.
Com toda a certeza, não há volta, não há como retroceder diante deste intenso processo de globalização da informação. O desafio consiste em utilizar estes espaços de maneira favorável à ação pastoral, aproveitando o que eles têm de positivo e assim potencializando o anúncio de Jesus Cristo.
Fonte: Gládis, Diácono Moisés, Pe. Joule, Pe. Cassiano