Arquidiocese de Passo Fundo
 
 
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01.Nov - Vocacionados à eternidade
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Vocacionados à eternidade



 


Creio na vida eterna!


 


Celebramos hoje a memória de finados. A lembrança dos entes queridos, marcada pela visita aos cemitérios e outros ritos significativos, tem o acento da memória, da saudade e da prece. É um ato humano e também um ato de fé.


 A memória de finados também lembra a toda humanidade algumas características marcantes da sua trajetória. Duas estão entrelaçadas e muito próximas, a finitude e a fragilidade. A finitude diz respeito ao horizonte físico-biológico. O corpo, matéria viva inspirada pelo sopro divino (Gn 2,7)), não tem longa duração.  O corpo humano não é eterno. Com o passar dos anos vai se fragilizando e perdendo o vigor. O horizonte da morte se faz mais próximo. Se a ciência criou condições para o prolongamento da vida, não criou condições para a sua extensão para além dos tempos. 


A morte está no caminho de todo o ser vivo, mas preocupa de modo especial o ser humano, porque este tem consciência dessa realidade. A consciência da finitude assalta o ser humano todos os dias. A resistência dada a esta condição a torna mais pesada ainda e advém o risco de uma vida frustrada.


O reconhecimento da finitude ajuda a pessoa a ter uma condição de vida mais humilde, sabendo do seu lugar no mundo. Sabe que segue uma trajetória transitória, que durará o tempo que o Criador permitir. As lápides dos cemitérios estão cheias de nomes e por trás dos nomes estão existências que viveram por certo tempo no mundo e já não vivem mais. As lápides denunciam a finitude humana.  


            A fragilidade é outra condição humana. Está muito próxima à finitude. O ser humano nasce frágil e permanece frágil. Ao longo da história foi buscando instrumentais para compensar sua condição frágil. A inteligência e a criatividade contribuíram. Contudo, permanece com essa limitação.


A criação de heróis pela indústria do entretenimento é uma ilusão quanto à possibilidade da pessoa invencível e capaz de, inclusive, vencer as forças da natureza, além de ser imortal. É uma quimera. O ser humano nasce frágil e permanece frágil. É como a folha que voa guiada pelo vento. É desafiado a assumir conscientemente a sua fragilidade e aprender a conviver com ela.


A finitude e a fragilidade humana lembram a sua mortalidade. O ser humano é mortal e esta é uma realidade imutável. Cada ser, criado por Deus, passa pelo mundo, entretanto não permanece fisicamente neste mundo. O texto bíblico afirma: como um sopro se acabam nossos anos. Pode durar setenta anos nossa vida, os mais fortes talvez cheguem a oitenta (Sl 90,10). Hoje é possível chegar aos noventa ou cem anos. Mas ninguém será eterno.  A morte está no horizonte do ser criado.


 A morte como fim de um projeto humano é relativizada pelo bem que se faz no mundo e pelo bom testemunho dado. A pessoa será eterna se deixar sementes de eternidade na sociedade e no coração dos que fizeram parte da sua história. A pessoa permanece na memória dos seus porque deu sentido as suas vidas. Não percorreu uma trajetória fechada, mas aberta e relacional. É um aspecto existencial importante. Não existe dúvidas quanto à morte física. Entretanto, a memória do que se fez permanece. Então a pergunta: o que estamos deixando neste mundo?


A tradição cristã lembra um segundo aspecto. Para os cristãos a morte não é a última realidade do ser humano. Deus, que chamou à vida, chama para a eternidade. O ser humano é chamado ao final da sua trajetória a contemplar o rosto misericordioso de Deus glorificado na morada que Jesus preparou (Jo 14,2).  Então a vida não é perdida pela morte, mas transformada pela graça e amor de Deus. Em Jesus Cristo chega para toda a humanidade a certeza da ressurreição (1Cor 15,21). 


A certeza de nossa fé, na ressureição, deve levar a cada cristã a uma verdadeira conversão em sua vida. A vida eterna é a meta de um longo caminho, que percorremos durante nossa existência terrestre. Cada pessoa, é chamada por Deus a corresponder ao seu amor, com gestos concretos em sua vida. Deste modo, a fé na eternidade deve levar há um exame de consciência pessoal, como eu estou vivendo minha vida hoje? Os caminhos pelos quais eu tenho percorrido, são correspondentes a minha fé?


Ao olharmos as lápides de nossos entes queridos, devemos fazer memória de suas vidas e escolhas, ao mesmo tempo que olhamos para a nossa própria existência. A vida humana possui infinitos caminhos, mas o tempo que nos é dado, limita nossas possibilidades de ação. Deste modo, recai sobre nossa vida, o drama de nossas escolhas. Existem aquelas que decidem de modo vital os caminhos que seguiremos, essas constituem e moldam toda nossa vida. Deus chamou á cada pessoa a existência por puro amor, Ele nos sustenta, e a cada instante nos ama. Deus pede uma resposta ao seu amor, que dá a todos livremente. Que em nossa vida, saibamos trilhar os caminhos de Deus e corresponder de modo maduro ao seu amor, e se por ventura cairmos neste caminho, que possamos voltar ao Senhor, pois ele sempre nos espera.  


A visita aos cemitérios assinala a finitude humana. A visita aos cemitérios feita sob o estatuto da fé reitera a vocação do ser humano à eternidade. Que animados pela fé na eternidade e na certeza do grande amor de Deus por cada um de nós, possamos viver nossa existência debaixo do bondoso olhar de nosso Pai. E neste dia em que fazemos memória de nossos irmãos e irmãs que já partiram, possamos rezar por eles. E rezando por eles, possamos preparar também nossa vida, para este belo encontro.


 


 


 


 


Fonte: Pe. Ari Antonio dos Reis e Acadêmico Júlio Cesar da Silva Sardá

Padre Ari Antônio dos Reis

Padre Ari Antônio dos Reis

Pároco na paróquia Nossa Senhora Aparecida (Catedral) em Passo Fundo, Coordenador de Pastoral e professor na Itepa Faculdades

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