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19.Jul - Uma reflexão necessária sobre o futuro da humanidade
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Uma reflexão necessária sobre o futuro da humanidade

 


Vivemos numa era cheia de desafios e oportunidades de evolução para novos patamares de desenvolvimento humano. Não que a nossa era, marcada por um grande avanço das tecnologias da comunicação e informação, seja a única da história com tais desafios e oportunidades.


Porém, é absolutamente natural que nós, que somos seus contemporâneos, possamos sentir mais tais desafios no nosso dia a dia. Assim como as oportunidades que surgem.


De qualquer forma, há algo que não podemos negar: o avanço das tecnologias da comunicação e informação, especialmente a partir da democratização da internet e dos celulares, a partir da década de 1990, fez com que a velocidade das mudanças fosse inegavelmente maior do que nos últimos séculos da nossa história.


Dentre os desafios e oportunidades atuais, o quais nós, cristãos, não podemos simplesmente ignorar e que estão conectados, de alguma forma, à Economia de Francisco podemos citar:


1.                  Necessidade de repensar o modelo econômico mundial, em razão das desigualdades sociais crescentes e insustentáveis a longo prazo.


 


2.                  Mudanças climáticas muito aceleradas, que estão trazendo desafios não imaginados até pouco tempo para diversas partes do mundo.


 


3.                  Avanço da inteligência artificial (IA) não atrelada, em grande medida, a uma visão ética e moral adequada.


Pois bem, não é o caso aqui de nos estendermos em cada um dos pontos, pois o Papa Francisco e todo o colégio apostólico vêm fazendo isto com maestria nos últimos ano.


De qualquer forma, vale, sim, tecer algumas considerações, especialmente fazendo conexões diretas ou indiretas com a Economia de Francisco.


 


Necessidade de repensar o modelo econômico mundial


Este ponto está nas bases mais elementares pelas quais o Papa Francisco decidiu convocar diversos perfis distintos de pessoas da sociedade (de economistas a empresários) para discutir mudanças, que se fazem necessárias para garantir a sustentabilidade da vida para o maior número de pessoas possível em todo o mundo.


Naturalmente, não há uma resposta fácil e pronta para substituir o modelo econômico mundial. Aliás, na maior parte do mundo, hoje, reina o capitalismo como dominante, muito embora não seja o único sistema econômico vigente.


Além do que, vale muito bem relembrar, a Doutrina Social da Igreja (DSI) já destacou, de forma firme e enfática, que não há que se falar em comunismo ou socialismo como formas alternativas viáveis ao capitalismo.


Para que não restem dúvidas, vamos transcrever aqui duas partes da DSI, a de número 89 e a de número 92, que tratam justamente destes aspectos.


A «Rerum novarum» (encíclica do papa Leão XIII, que deu origem à Doutrina Social da Igreja) enumera os erros que provocam o mal social, exclui o socialismo como remédio e expõe, precisando-a e atualizando-a, «a doutrina católica acerca do trabalho, do direito de propriedade, do princípio de colaboração contraposto à luta de classe como meio fundamental para a mudança social, sobre o direito dos fracos, sobre a dignidade dos pobres e sobre as obrigações dos ricos, sobre o aperfeiçoamento da justiça mediante a caridade, sobre o direito a ter associações profissionais» (número 89)


Com a Carta encíclica «Divini Redemptoris», sobre o comunismo ateu e sobre a doutrina social cristã (19 de Março de 1937) [158], Pio XI criticou de modo sistemático o comunismo, definido como «intrinsecamente perverso» [159] , e indicou como meios principais para pôr remédio aos males por ele produzidos, a renovação da vida cristã, o exercício da caridade evangélica, o cumprimento dos deveres de justiça no plano interpessoal e social, em vista do bem comum, a institucionalização de corpos profissionais e interprofissionais. (nº 92)


Tendo isto em mente, não podemos ser ingênuos de acreditar que o capitalismo é o sistema econômico perfeito. Não à toa, o Papa Francisco, corajosamente, nos convida a repensarmos o capitalismo como temos hoje. O que, em absoluto, quer dizer substituí-lo pelo socialismo/comunismo.


O que necessitamos sim é aperfeiçoar o capitalismo ou mesmo encontrar uma alternativa que seja mais justa. Porém, isto é um trabalho de longo prazo e de aplicação lenta e gradual.


Mudanças climáticas muito aceleradas


Este é um tema que muito embora haja controvérsias pontuais entre os cientistas, não restam dúvidas de que é real e que as mudanças climáticas estão nos atingindo muito rapidamente.


Especialmente nós gaúchos não deveríamos ter muitas dúvidas com relação a isto, visto que vivenciamos, recentemente, a maior tragédia ambiental do nosso estado.


A este respeito, em se tratando do Magistério da Igreja, vale destacar dois documentos relativamente recentes, mas que têm uma importância muito grande para os princípios da Economia de Francisco.


O primeiro documento é a encíclica Laudato Si’ publicada em maio de 2015. Ela trata do cuidado com o meio ambiente e com todas as pessoas, bem como de questões mais amplas da relação entre Deus, os seres humanos e a Terra. O subtítulo da encíclica, “Sobre o Cuidado da Casa Comum”, reforça esses temas-chave.


Outro documento, lançado em 04 de outubro de 2023 (dia de São Francisco de Assis), é a Exortação apostólica Laudate Deum em que, pouco mais de oito anos da publicação do documento sobre os cuidados com a casa comum, o Papa Francisco aborda as questões climáticas da atualidade.


A Exortação tem seis capítulos e 73 parágrafos. Seu título, Laudate Deum, significa “Salve a Deus”, justificado pelo Pontífice na conclusão do texto: “porque um ser humano que pretenda tomar o lugar de Deus torna-se o pior perigo para si mesmo”.


Com estes dois belíssimos documentos não deve restar dúvidas do pensamento da Igreja sobre as mudanças climáticas em curso e que nós, cristãos, temos nossa responsabilidade a ser cumprida para o bem das futuras gerações.


Avanço da inteligência artificial (IA)


O avanço da IA, por si só, não é um problema. A questão fundamental a ser discutida é com que bases este avanço está ocorrendo, ou seja, as questões morais e éticas estão sendo respeitadas? Será que está se olhando para os possíveis impactos que o avanço, quando descontrolado, da IA pode causar para boa parte da humanidade?


Inclusive, vale prestarmos atenção a um movimento iniciado na cúria romana e, naturalmente, incentivado pelo Sumo Pontífice, que trata justamente destes aspectos.


Conhecido como Apelo de Roma pela Ética na IA, o documento lançado em 2020 tenta desde então atrair empresas, governos e outras religiões para o compromisso de uma responsabilidade coletiva no desenvolvimento e uso dessa tecnologia.


Mais recentemente, na sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, em maio deste ano, o Papa Francisco escolheu este tema que nos convida a uma reflexão profunda sobre a integração da IA nos nossos processos comunicativos, enfatizando uma abordagem equilibrada que incorpora tanto os avanços tecnológicos quanto os valores humanos intrínsecos expressos no Catecismo da Igreja Católica (CIC).


Porém, qual é a relação direta entre a IA e a Economia de Francisco?


Fica evidente que o avanço descontrolado da IA e sem o apoio adequado às pessoas e aos países, que têm menores condições de acompanhar a evolução tecnológica, tende a agravar muito o abismo de condições sociais, que já vivenciamos hoje.


Assim, é absolutamente necessário que nós, cristãos, possamos não querer parar o avanço da IA, o que é tecnicamente impossível, mas discutir as suas aplicações, suas fronteiras e, em especial, seu uso ético e moral, tanto pelas empresas privadas como pelos entes públicos.


Por fim, vale destacar que estas são breves provocações para que cada um(a) de nós possa compreender como podemos ser, de verdade, Sal da Terra e Luz do Mundo, em nossos dias.


 


Fonte: Jocelito André e Valeska Salvador

Economia de Francisco

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Jocelito André e Valeska Salvador. Empresários e Ministros Extraordinários da Comunhão, da Catedral Arquidiocesana Nossa Senhora Aparecida de Passo Fundo.

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