Sempre penso na criança que, em seu desenvolvimento, precisa um abraço maternal ou o colo paterno e, por razões diversas, fica carente deste afeto. A vida adulta, muitas vezes, gera esse sentimento com força; uma agonia parece ser nutrida e, não havendo algo que ajude administrar tal sensação, a pessoa sofre em demasia. Todos(as) carecemos de afeto, cuidado, atenção, amor, seja quando crianças, adolescentes, jovens ou adultos. Ser para outros(as) é convite contínuo à fraternidade responsável. “Somos chamados pelo Senhor para participar de sua obra criadora, prestando nossa contribuição para o bem comum a partir das capacidades que recebemos” (ChV, n. 253).
Cabe, neste caminho, perguntar: Como agir? “Estende tua mão ao pobre” (Eclo 7, 32), sugere Francisco por ocasião do IV Dia Mundial dos Pobres, convidando à concentrar olhares ao essencial e à superar as barreiras da indiferença, pois, a pobreza sempre assume novos e diferentes rostos que exigem atenção particular. Poderão emergir questionamentos outros, presentes também no DOCAT, ao abordar sobre o compromisso pessoal e comunitário: “Por que um cristão deve empenhar-se socialmente? Qual é o primeiro passo para o compromisso social a partir da fé?” O amor!
A vida cristã alimenta-se a partir da alteridade humana e transcendental. Amar a Deus e ao próximo, à luz da Sagrada Escritura, com vistas para a Civilização do Amor. “O amor cristão move à denúncia, à proposta e ao compromisso de elaboração de projetos em campo cultural e social, a uma operosidade concreta e ativa, que impulsione a todos os que tomam sinceramente a peito a sorte do homem a oferecerem o próprio contributo” (CDSI, n. 6). Ademais, neste caminhar, “os jovens são capazes de criar novas formas de missão, nos mais diversos campos” (ChV, n. 241), pois, “se enriquecem muito quando superam a timidez e se atrevem a visitar casas e, dessa forma, tomam contato com a vida do povo, começam a entender a vida de uma forma mais ampla. Ao mesmo tempo, sua fé e seu sentido de pertença à Igreja se fortalecem” (ChV, n. 240).
Francisco recorda-nos que “a Palavra de Deus ultrapassa o espaço, o tempo, as religiões e as culturas. A generosidade que apoia o vulnerável, consola o aflito, mitiga os sofrimentos, devolve dignidade a quem dela está privado, é condição para uma vida plenamente humana”. É prudente, também, memorar a Doutrina Social da Igreja quando diz: “a universalidade e a integralidade da salvação, doada em Jesus Cristo, tornam inseparável o nexo entre a relação que a pessoa é chamada a ter com Deus e a responsabilidade ética para com o próximo, na concretude das situações históricas” (CDSI, n. 40). O agir, neste construto, ultrapassa uma opção condicionada ao tempo disponível, a interesses privados, a projetos pastorais ou sociais desencarnados da realidade, compreende?
O Sumo Pontífice, propondo a missão de ir ao encontro da pessoa em condições de pobreza, questiona: “Como podemos contribuir para eliminar ou pelo menos aliviar a sua marginalização e o seu sofrimento? Como podemos ajudá-la na sua pobreza espiritual? A comunidade cristã é chamada a coenvolver-se nesta experiência de partilha, ciente de que não é lícito delegá-la a outros”. Ora, “não é possível amar o próximo como a si mesmo e perseverar nesta atitude sem a firme e constante determinação de empenhar-se em prol do bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos” (CDSI, n. 43).
Estender a mão desperta no íntimo humano a consciência de que realizar gestos solidários e comprometidos enobrece o sentido à vida. “Estender a mão é um sinal: um sinal que apela imediatamente à proximidade, à solidariedade, ao amor”, diz Francisco. Mais! “É, pois, um convite à responsabilidade, sob forma de empenho direto, de quem se sente parte do mesmo destino. É um encorajamento a assumir os pesos dos mais vulneráveis”. Portanto, amado(a) jovem, “não evite aqueles que choram, e aflija-se com quem está aflito. Não tenha receio de visitar um doente; ações como essa farão que você seja amado” (Eclo 7, 34-35). Francisco, exorta-nos: “o objetivo de cada ação nossa só pode ser o amor: tal é o objetivo para onde caminhamos, e nada deve distrair-nos dele. Este amor é partilha, dedicação e serviço, mas começa pela descoberta de que primeiro fomos nós amados e despertados para o amor”.