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21.Jun - Semana do migrante
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Semana do migrante

 


Nesta semana, de 18 a 25 de junho, tem-se pautado o fenômeno das migrações por ocasião 38ª Semana do Migrante, organizada pelo Serviço Pastoral dos Migrantes, ligado à Igreja do Brasil e com atuação significativa junto às populações migrantes. O assunto é retomado no mês de setembro, então com alcance mundial com a proposição do 109ºDia Mundial do Migrante e do Refugiado.




O tema proposto para esse ano dialoga com a Campanha da Fraternidade de 2023 tematizando a realidade da fome e sua relação com as migrações: “Migração e Soberania Alimentar”. O lema é uma expressão contundente de São João Batista Scalabrini, que expressa um dos motivos dos deslocamentos humanos: “Pátria é a Terra que lhe dá o pão”.




O tema das migrações é amplo se faz necessário compreender também a sua complexidade. Certamente este breve artigo não dará conta disso. Optou-se por trabalhar três aspectos: migração como fenômeno humano, a relação da região com as migrações, exigências éticas e humanas diante do quadro migratório.


O ser humano é marcado pelos deslocamentos. As diversas necessidades humanas provocam os deslocamentos para sanar as diferentes necessidades que não são apenas materiais, apesar da sua primazia. Ao longo de toda a trajetória da humanidade vê-se processos migratórios e estes estão ligados aos fenômenos da época que provocam o deslocamento. Hoje pauta-se três fatores geradores de deslocamentos, a saber, situações de guerra; fenômenos climáticos que ameaçam a sobrevivência humana e provocam a saída; questões econômicas, ou seja, quando as condições de vida ficam fragilizadas migra-se buscando uma vida melhor. O Brasil tem recebido imigrantes de diferentes lugares do mundo e os fatores acima elencados têm um peso significativo como causa migratória. 


O fenômeno humano da migração foi influenciador da ocupação da região de Passo Fundo. Os imigrantes que aqui chegaram, sobretudo vindo da Europa, vieram buscando melhores condições de vida e também para contribuir na ocupação da região sul. As difíceis condições de vida na Europa e as necessidades brasileiras deram o mote para que o processo se fortalecesse. O fato acontecido nos séculos XIX e XX repete-se agora. Todavia não são europeus que chegam aqui. Temos recebido asiáticos (indianos e bengalis), africanos (sobretudo senegaleses), latino-americanos (venezuelanos, cubanos, argentinos, etc). 


A sua maioria vem para o Brasil buscando melhores condições de vida e tem ocupado um papel importante em alguns segmentos do setor produtivo o que desconstrói a ideia de que se presta um favor ao acolhê-los. Esta mão de obra é necessária para que o setor produtivo funcione. Eles são tão necessários nos tempos atuais como os migrantes europeus foram nos séculos passados. Aqui constrói-se uma comunhão com a expressão de São João Batista Scalabrini: “pátria é a terra que lhe dá o pão”. Na busca do pão, da vida digna, da sobrevivência os migrantes fazem de um lugar que não era o seu lugar, uma terra que não era a sua terra o seu chão sagrado porque ali têm condições de encontrar o pão de cada dia.


É possível ampliar a expressão de Scalabrini. Ao buscar pão os migrantes legam para o lugar que os acolhe muitas outras riquezas. O Papa Francisco, tomando as palavras do profeta Isaías, afirma que os migrantes e refugiados não são invasores nem destruidores, mas trabalhadores dispostos a reconstruir os muros da nova Jerusalém. Apesar da fragilidade que marca a necessidade do deslocamento os migrantes favorecem os intercâmbios culturais, as experiências religiosas e existenciais,  que são paralelos aos intercâmbios econômicos. O processo migratório é então uma via de mão dupla que inibe qualquer possibilidade de xenofobia orgulhosa.   Aqui chegam muitas pessoas preparadas as quais não tiveram investimento do Estado. Todavia a boa formação técnica e humana é elemento de enriquecimento para a nação. 


A migração é uma realidade que provoca a abertura da mentalidade e do coração. Entretanto faz-se necessário à disposição pessoal para tal abertura o que compreende a dimensão subjetiva. Diferentes passagens do Antigo Testamento lembram a acolhida ao estrangeiro como critério de fidelidade ao projeto de Deus No Evangelho de Mateus Jesus apresenta como critério de salvação acolher a sua pessoa no estrangeiro (Mt 25,35). Também é importante uma mínima base legal que garanta o direito de ir e vir e que também faça a mediação entre a pátria que acolhe e os que buscam uma nova terra.  O fenômeno migratório exige vontade política de parte dos governantes em vista do cuidado e preservação da vida dos migrantes.


O fenômeno da migração, apesar das grandes dificuldades que engendra, permite a oportunidade, segundo o Papa Francisco, de termos os migrantes “como nossos companheiros de viagem especiais, que havemos de amar e cuidar como irmãos e irmãs. Só caminhando juntos, poderemos ir longe e alcançar a meta comum da nossa viagem”.


Somos peregrinos nesta terra. Nosso destino é pátria celeste. Tentemos garantir uma boa peregrinação a todos os que Deus coloca em nosso caminho, entre eles os migrantes.


 


Padre Ari Antônio dos Reis

Padre Ari Antônio dos Reis

Pároco na paróquia Nossa Senhora Aparecida (Catedral) em Passo Fundo, Coordenador de Pastoral e professor na Itepa Faculdades

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