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23.Dez - Presépios à Boa Notícia!
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 Presépios à Boa Notícia!


A caminhada cristã, à luz da fé e do Evangelho, inspira à evangelização em ambientes múltiplos, mas requer conscientização histórica, aptidão metodológica, inspiração criativa, discernimento e compromisso com a causa do Reino de Deus, isto é, a construção da Civilização Amor que, em Jesus Cristo, tornou-se revelada no ventre da comunidade humana a qual é sublime em dignidade (Gaudium et Spes), pois, dentre todas as criaturas, somente o ser humano constitui-se como imagem e semelhança do transcendente, Deus Uno e Trino (Gn 1,26-24). Ademais, cada pessoa é sublime em dignidade porque, por amor, Deus desejou habitar-nos como pessoa, no Deus Menino, assumindo, assim, nossa natureza humana, bela e frágil (Jo1,14).




Cada ser humano é vocacionado a Deus, pois, Ele, dignou-se habitá-lo plenamente. A vocação humana, por essa razão, conclama cada pessoa de boa vontade à missão compromisso de gestar, a todo tempo, a construção de uma sociedade alicerçada na justiça e na fraternidade, sem temer quais sejam os mecanismos contrários à plena vida, porque compreende ser Cristo Jesus o centro de sua vivência socioeclesial, político econômica e cultural ao nutrir-se pela alteridade amorosa do testemunho profético e apostólico. É salutar, neste ínterim, questionar: o que significa ser comunidade cristã neste contexto contemporâneo?  


 


Sabe-se, por suposto, que a missão desvela-se como centro vital à vida eclesial, pois, como tal, compõe sua natureza. Todavia, é imprescindível saber e discernir, no cotidiano do ser Igreja Missionária, que sua vocação cristã não resume-se à “transmissão desarticulada de uma imensidade de doutrinas que se tentam impor à força” (EG, n. 35), constituindo cismas processuais na metodologia, na ação evangelizadora e sócio transformadora. Quando responde-se positivamente ao chamado, pela graça de Deus, opta-se, sem temerosidade, por fazer com que a vontade de Deus, pela experiência do Evangelho, “chegue realmente a todos sem exceções nem exclusões” (EG, n. 35).




Para tanto, faz-se desnecessário vagar pela comodidade das “sacristias” eclesiais, porque para que o Projeto do Reino seja fecundo requer-se atitude, determinação e àquela ousadia capaz de agir de tal forma que o ir ao encontro, o sair “em direção aos outros para chegar às periferias humanas” tenha planejamento, metas, objetivos; pois, a “Igreja em Saída”, diga-se, “não significa correr pelo mundo sem direção nem sentido” (EG, n. 46), antes sim, com articulação, organização e imbuídos(as) da plena convicção de que Ele, o Emanuel, é conosco na caminhada evangelizadora.  




Ter-se-á que dialogar com responsabilidade, com urgência, acerca da compreensão do ser comunidade cristã na contemporaneidade, porque é perceptível quão problemática se constitui a civilização técnico-científica marcada por uma notória e expressiva incapacidade, e por que não dizer, incompetência humana em frear, ou melhor, sanar definitivamente o progressivo e previsível processo autodestrutivo de seus semelhantes e da natureza. Reverbera, outrossim, o clamor do Sumo Pontífice ao convidar a comunidade humana à construção de um Pacto Educativo Global costurado à espiritualidade sinodal, apontando ao “Realmar a Economia” para que todas as pessoas, e também o planeta, desfrutem de “vida em abundância” (Jo 10,10).




A tradição bíblica recorda-nos que para gestar o novo faz-se necessário superar temeridades e confiar-se à escuta da vontade de Deus, a “Palavra que fez-se carne”, em resposta generosa às súplicas e sins da humanidade. Os anciãos, talvez, quando esvaziados de esperança, descobrem-se fecundos em Deus que lhes ampara e inspira à ação: “Não tenhas medo, Zacarias, porque Deus ouviu tua súplica. Tua esposa, Isabel, vai ter um filho, e tu lhe darás o nome de João. Tu ficarás alegre e feliz, e muita gente se alegrará com o nascimento do menino, porque ele vai ser grande diante do Senhor” (Lc 1,13-15). Escutar a experiência vivencial e histórica daqueles(as) que antecederam-nos nutre o esperançar!




Às famílias, pequenas comunidades cristãs, três verbos sugeridos na Exortação Apostólica Evangelli Gaudium poderão ser luz ao caminho de iniciação à vida cristã e ao chamado apostólico de testemunhar o amor além fronteiras consanguíneas e amistosas. Francisco propõe três chaves vocacionais de discernimento: reconhecer, interpretar e escolher (EG, n. 51). Ao revisitar o construto salvífico para humanidade, gestado no seio da Sagrada Família, poder-se-á, à luz da fé e da experiência compartilhada, perceber quão presentes estão tais chaves verbais na ação pastoral de José, Maria e Jesus: “José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo de seus pecados” (Mt 1,20-21). Mais! “Não tenha medo, Maria, porque você encontrou graça junto de Deus” (Lc1,30).




Finda-se, pois, o advento, este Kairós em preparação ao nascimento de Jesus, o Messias, Salvador da humanidade. Hoje, então, ao chegar o Natal do Senhor, que comunidade humana, eclesial e social apresenta-se para ser presépio da Boa Notícia? Portanto, questionar-se acerca do conhecer o caminho percorrido, do compreender-se testemunha, da alteridade do encontro pessoal, com o outro(a) e com o transcendente corrobora na conscientização de uma construção processual gestora de responsabilidade e liberdade enquanto resposta ao chamado que recebemos à vida plena, em Deus, na sociedade e a posteriori a ela.   




Abençoado Natal! Paz e Bem!


 





Padre Leandro de Mello

Padre Leandro de Mello

Pároco na paróquia Nossa Senhora dos Navegantes – Ronda Alta, e Assessor da Pastoral da Juventude

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