Iniciamos neste domingo a caminhada do Advento, tempo de espera esperançosa em vista do Natal do Senhor. Insiste-se que não é ainda o Natal, mas um tempo especial de preparação para o Natal, com uma densidade e espiritualidade próprias, marcadas pela esperança que se renova, sobretudo em vista no anúncio do ano jubilar que tem como tema “peregrinos de esperança”.

A esperança é a virtude que caracteriza os cristãos. Ela está sustentada na tradição cristã e há de ser testemunhada ao longo dos tempos por cada homem e mulher que professam a fé em Jesus Cristo. Por isso, o compromisso de cada cristão é ser sinal de esperança, superando as dúvidas, medos ou inseguranças próprias de quem se faz peregrino. A esperança cristã não é sem sentido, porque está fundada na ação de Deus e este não falha e nem decepciona. Conduz os seus fiéis aos seus desígnios como fez com o povo na travessia do deserto (Ex 13,2-22).

A caminhada do Advento pode ser comparada a uma peregrinação, rica em esperança, de quatro paradas, nas quais o cristão vai se alimentando para encontrar-se com o Salvador enquanto celebração da sua primeira vinda. É importante fazer estas paradas e não cair na tentação de seguir o curso dos que já vivem o Natal sem que que ele tenha chegado. São paradas dos peregrinos que irão viver o Natal quando ele realmente chegar, pois não estamos no Natal. Estamos peregrinando para o Natal. Vamos ao encontro do Salvador e devemos estar preparados para este encontro. Um encontro desta envergadura exige preparo.

A primeira parada desta peregrinação acontece no primeiro domingo do Advento. Ali somos convidados a observar a recomendação da vigilância e da oração. São atitudes de fé importantes e darão força para o encontro com o filho do Homem e permitirão a comunhão plena com a sua proposta. O cristão não se guia pelo medo ou insegurança. A vigilância e a oração estarão marcadas também pela esperança, porque algo de muito bom vai acontecer: “a libertação se aproxima” (Mt 21,28). Neste dia os cristãos deverão estar em pé diante do Filho do Homem, ou seja, prontos, para o acompanhar.

A segunda parada, segundo domingo do advento, terá uma companhia especial. Teremos conosco como companheira de viagem Maria, Nossa Senhora, a Imaculada Conceição.  Ela estará conosco no caminho, indo  ao encontro do seu filho, lembrando que Deus quis a envolver no plano de salvação. Em Maria, Ele contou com a colaboração humana para salvar a humanidade. E Maria, a seu modo, fez a sua parte.  Do seu ventre veio ao mundo o Salvador. Ela soube relativizar seu projeto pessoal para  pôr  em primeiro lugar o projeto de Deus. E a Igreja reconhece a grande contribuição de Maria. Nesta segunda parada rezamos com Maria e agradecemos o seu sim. Como o anjo Gabriel a chamamos “cheia de graça” e humildemente deixemos que o sim pronunciado pelos seus lábios inspire o nosso sim à missão cristã. Na segunda parada, no segundo domingo do Advento deixemos que Maria nos faça companhia.

Continuemos caminhando, peregrinando na fé e na esperança. Já temos Maria caminhando conosco. Façamos a terceira parada, o terceiro domingo do advento. Nesta peregrinação ao encontro do Salvador, teremos outra companhia muito especial. O profeta João Batista estará conosco. Ele virá do deserto com seu jeito todo especial, dando alguns conselhos para vivermos de forma convicta este caminho de preparação. Permitamos que Lucas nos apresente João Batista (Lc 3,10-18). Segundo o Evangelista as multidões se aproximavam dele perguntando o que fazer para se prepararem para a vinda do Senhor. E João respondia sugerindo coisas muito simples, ao alcance de todos. Entretanto, exigia a retidão da vontade, a sinceridade do ato. Alguns até o confundiam com o Messias. Mas ele fez questão de esclarecer que não era o Messias.  Lembrava a força daquele que viria e que estava anunciando. Deveriam se preparar para o grande fato. A partir dessa terceira parada intensifiquemos nossa peregrinação. Acolhamos as sugestões de João Batista descrita pelo Evangelista Lucas. Elas ajudarão a vivermos um bom encontro com o Salvador. O terceiro domingo é caracterizado como o domingo da alegria porque a vinda do Senhor está mais próxima.

   Continuemos nossa peregrinação com esperança renovada. Foi uma graça encontrarmos Maria e João Batista. Eles caminharam conosco. Mas também teremos a oportunidade, nesta quarta parada de acolhermos ou sermos acolhidos por outra mulher muito especial, Isabel. Ela nos espera na quarta parada. E Maria nos levará até ela. Na verdade Maria, depois de receber a visita do anjo Gabriel pegou carona em uma caravana e fez também a sua peregrinação. Ela tinha algumas dúvidas, algo bem humano. Afinal, Deus confiara a ela uma grande missão. Foi conversar com sua prima, partilhar o que acontecia. Ouvir a opinião da prima. Chegando em casa de Isabel e ouvindo a sua saudação, compreendeu de fato o que acontecia. Isabel a chamou de “bendita entre as mulheres”; a declarou “bem-aventurada” porque, pela sua fé, ajudou no cumprimento      das promessas do Senhor.  

Fazendo esta peregrinação, com estas paradas e com estas companhias na viagem estaremos prontos para chegarmos ao presépio e contemplarmos a manjedoura vendo nela o Salvador que vem ao nosso encontro para nos salvar.

Iniciemos, pois, esta peregrinação renovando a esperança a cada passo.

Fonte: Pe. Ari Antonio dos Reis - Coordenador de Pastoral