A vocação aos ministérios ordenados é um dom precioso. Quando alguém encontra este dom em sua vida é como se tivesse encontrado o campo com a pérola preciosa a qual Jesus fala no Evangelho (Mt 13,44-46).
Desde o início da Igreja pessoas que encontraram os tesouros do Reino de Deus e se decidiram por ele, foram preparadas para poderem dedicar sua vida à missão que escolheram. Já em Atos dos Apóstolos, capítulo 6, vemos que a comunidade escolheu pessoas virtuosas para repartirem as funções no atendimento à pregação, as mesas e aos necessitados. Do ministério dos Apóstolos procedeu o ministério dos diáconos.
Entretanto, estes ministérios constituídos a partir das necessidades que foram surgindo no caminho da evangelização não são conflitantes ou contrapostos, mas complementares. O ministério ordenado dos diáconos, dos presbíteros e dos bispos está em profunda comunhão com o ministério dos catequistas, ministros da Palavra ou agentes de pastoral. Cada um exerce o seu específico e todos se complementam. Como disse o Papa Francisco em audiência realizada no dia 22 de abril do ano passado: “Duas coisas: missão e serviço. Todos os ministérios são expressão da única missão da Igreja e formas de serviço aos outros... Na raiz do termo ministério, destaca-se a palavra ‘minus’ ou ‘menor’. Quem segue Jesus não tem medo de ser ‘inferior ou menor’ ao se colocar a serviço dos outros e, através deles, ao próprio Cristo. Assim, todo batizado descobre que é chamado a "iluminar, abençoar, animar, aliviar, curar, libertar".
Se cada ministério existe em função do serviço aos outros, podemos perguntar sobre a missão dos ministros ordenados hoje. Eles ainda são importantes? Em nossos dias precisamos de diáconos, padres e bispos ainda? Se estes ministérios fossem extintos, fariam falta?
A estas perguntas, recorremos a reflexão do Papa Bento XVI na proclamação do ano sacerdotal de 2009: “Penso em todos os presbíteros que propõem, humilde e quotidianamente, aos fiéis cristãos e ao mundo inteiro as palavras e os gestos de Cristo, procurando aderir a Ele com os pensamentos, a vontade, os sentimentos e o estilo de toda a sua existência. Como não sublinhar as suas fadigas apostólicas, o seu serviço incansável e escondido, a sua caridade tendencialmente universal? E que dizer da fidelidade corajosa de tantos sacerdotes que, não obstante dificuldades e incompreensões, continuam fiéis à sua vocação: a de “amigos de Cristo”, por Ele de modo particular chamados, escolhidos e enviados?”
Em um mundo envolvido por tantas crises provocadas pela mudança de época, a supervalorização do individualismo e a globalização da indiferença, a presença dos ministros ordenados em nossas comunidades é um grande sinal de esperança. Como sublinhou o Papa Bento, o trabalho cotidiano realizado por diáconos, presbíteros e bispos é um sinal de esperança necessário ao mundo. Mesmo envolvidos por limites humanos, aquilo que acontece no cotidiano da vida ministerial, que é tão intenso, haja visto que as funções vão desde administração da vida comunitária ao sagrado ofício da liturgia, de momentos de alegria e festa até momentos de luto, dor e sofrimento, tudo o que os ministros ordenados realizam está relacionado ao próprio Cristo profeta, sacerdote e pastor.
Sintamo-nos agradecidos a Deus que continua despertando o amor pelos tesouros do Reino do Céu. Mesmo que para os projetos dos sistemas que dominam o mundo esta missão já seja considerada desnecessária, a realidade que vivemos continua interpelando homens para serem ministros da esperança, para anunciarem o Evangelho da Alegria, para cuidarem da casa comum e da fraternidade universal. Se os ministros ordenados e todos os ministérios leigos desaparecessem, não seria um prejuízo para o mundo, mas seria uma grande falta para o Reino de Deus.
Fonte: Pe Mateus Danieli