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24.Mai - Jesus e a mesa: aspectos cristológicos
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Jesus e a mesa: aspectos cristológicos

 


O processo de Iniciação à Vida Cristã tem provocado experiências significativas com os catecúmenos e catequistas, com extensão para as comunidades que acolhem os iniciantes à vida cristã. Aos poucos temos migrado de um processo catequético de índole escolar onde o centro era a lousa para um processo verdadeiramente de iniciação cristã, centrado na Mesa da Palavra. Então, um dos lugares que simboliza esta evolução é a mesa. Ouvimos uma reflexão sobre a mesa com o enfoque antropológico. Ouviremos agora a importância da mesa no aspecto teológico com o recorte cristólogico, porque nos fundamentaremos na ação de Jesus Cristo, o homem do caminho, da casa e da mesa. Estes diferentes lugares foram palco para o Filho de Deus explicitar o seu projeto e missão. A catequese de inspiração catecumenal convida a olhar para Jesus e fazer a experiência com ele através da Palavra ouvida, meditada e rezada.


Assim, para Jesus a mesa se fez o lugar de encontro com as pessoas e a proposta do Reino que anunciava. Em diferentes ocasiões encontrou-se com pessoas ao redor da mesa, convidado ou não, e ali ajudou-as compreenderem o projeto do Reino. Encontrou-se com diferentes grupos, aqueles que resistiam a Ele, mas também com aqueles que se sentiram atraídos pelo seu projeto como os pecadores e publicanos. Na mesa Jesus escutava as pessoas e partilhava do projeto.


Ao redor da mesa Jesus também ensinava os discípulos. A mesa tornou-se lugar para ajudar o grupo a compreender de forma plena o sim dado. Neste caso a mesa permitia uma intimidade maior com o grupo do discipulado, o que nem sempre era permitido pela proximidade das multidões. Eles precisavam dessa proximidade em vista da gravidade do ensinamento. Junto aos discípulos havia o processo de ensino e também da oração. No capítulo 13 do Evangelho de João Ele deixou outro ensinamento valioso, o serviço. Depois de lavar os pés dos discípulos, trabalho do servo, pediu que eles fossem os servidores da humanidade e buscassem ser conhecidos por esta atitude e não pela disputa de poder e prestígio. Junto a mesa e com os discípulos Jesus ensinava para transformar os corações dos seguidores.   


A mesa também era o lugar do exercício profético. No caso os interlocutores de Jesus eram pessoas não afeitas a sua proposta, mas que tinham curiosidade em conhecê-lo. Vemos isso em dois momentos. Primeiramente, diante dos fariseus, quando ele critica aqueles que procuram os melhores lugares nas mesas de refeição para serem considerados importantes. Sugeria para eles outro caminho (Lc 14,7ss). Em segundo lugar,  abordando o tema específico da gratuidade. Conversando com o chefe dos fariseus, que o havia convidado para uma refeição, chama a atenção ao seu anfitrião para estender suas relações para grupos além dos da sua esfera pessoal num gesto de pura gratuidade. Chamasse quem não pudesse retribuir (Lc 14,12-14).


            A mesa como lugar da partilha do pão. A necessidade de partilha a partir da mesa é revelada na perícope sobre a multiplicação dos pães, descrita pelos quatro evangelistas com abordagens diferenciadas. No texto havia a constatação da mesa vazia, com ausência de comida. Jesus percebe o fato e provoca os discípulos à ação. Em um primeiro momento não sabiam como fazer ou tentaram agir pelos caminhos tidos por eles como certos. O Filho de Deus propõe um caminho diferente começando pela provocação à partilha e à oportunidade de todos sentarem-se para se alimentar, gesto sagrado que elevava a dignidade humana. A partilha acontece e ainda sobram alimentos.  


A mesa se tornou com Jesus lugar da acolhida. E, também, o lugar de, mais uma vez, para revelar a vontade do Pai. Atrair todas as pessoas sem discriminações. Jesus sentou-se à mesa com os excluídos de uma forma explicita. Em Lucas 15,1-2 foi criticado por este gesto. Diziam: este homem acolhe os pecadores e até faz refeição com eles (Lc 15,20).  Sentar-se à mesa para ensinar e partilhar a refeição é aproximação e intimidade mediada pela misericórdia. Foi a oportunidade de ensinar e explicitar o rosto misericordioso de Deus, aquele que vai atrás dos considerados perdidos da sociedade.  


Ao redor da mesa Jesus deixou para a humanidade uma grande herança, a Eucaristia. Foi um rito amplamente profundo e significativo que exigiu a preparação e seguiu um rito. Ali, junto com o grupo mais próximo, Ele entregou o pão e o vinho, seu corpo doado e sangue, derramado pela salvação da humanidade. Depois da entrega pediu que se celebrasse em sua memória. Assim, no final da sua jornada deixa para toda a humanidade este legado, a Eucaristia.


A mesa como lugar de memória e retomada do projeto. Depois do flagelo da cruz o crucificado-ressuscitado se apresentou ao grupo dos discípulos, ainda temerosos e inseguros. Partilhou com eles da refeição, os situou na história e os enviou em missão. O encontro, mediado pela refeição, deveria alentá-los para a continuidade da obra do salvador. A mesa se faz o lugar de onde partiriam para a obra missionária.


A mesa foi um lugar físico e teológico onde o Filho de Deus revelou sua missão pelo encontro, ensino, profecia, acolhida partilha, convivência, Eucaristia e envio missionário. A mesa é um espaço fundamental na iniciação à vida cristã, sobretudo porque pela Palavra ouvida, refletida e rezada, nos permite o encontro com Jesus e sua proposta mediados pela fé.


 


Fonte: Pe. Ari Antonio dos Reis - Coordenador de Pastoral

Padre Ari Antônio dos Reis

Padre Ari Antônio dos Reis

Pároco na paróquia Nossa Senhora Aparecida (Catedral) em Passo Fundo, Coordenador de Pastoral e professor na Itepa Faculdades

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