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21.Nov - Hoje nasceu para nós o Salvador: a sempre atual Revelação de Deus no Mistério da Encarnação.
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Hoje nasceu para nós o Salvador: a sempre atual Revelação de Deus no Mistério da Encarnação.


As primeiras expressões encontradas no Evangelho escrito por São João nos ensinam que a Palavra era Deus e tudo o que existe foi criado por meio dela (Jo 1, 1-3). “Deus disse: ‘Haja luz’, e houve luz” (Gn 1,3). Ele se revela a Abraão através do diálogo e lhe pede um ato de confiança e obediência ao enviá-lo em missão, com a grande promessa de benção (Gn 12, 1-4). Assim, com uma permanente comunicação entre Deus e o homem, é que se dá a história da Revelação. Entre diversos acontecimentos históricos ao longo do tempo, numa constante relação de fidelidade e traição, a “Palavra” é o meio privilegiado por Deus para se revelar e para conduzir e orientar o seu povo.


Se afirmamos que Deus usa a “Palavra”, pode-se dizer que Deus fala. Em seu infinito amor e sabedoria, Ele desce do seu silêncio e se volta a humanidade. Esse falar de Deus expressa a sua vontade de contar algo de íntimo, para que possamos alcançar uma plena consciência de nós mesmos e compreender o Seu mistério, o mistério da sua vontade. João afirma que “a Palavra estava no mundo” nos mostrando que Deus, não somente fala, mas permanece, convive com seu povo, compartilha as dores e alegrias, caminha junto, faz-se próximo. Essa comunicação de amor e de presença toca o íntimo do homem, alcançando-o em sua história e favorecendo a plena e verdadeira comunhão de vida.


Resta evidente a globalidade da “Palavra”, não a reduzindo apenas a linguagem, mas sim as diversas formas pela qual ela nos revela o Pai, compreendendo também o “ver”, o “ouvir”, o “tocar”, o “contemplar”, o “transmitir”, o “viver” e todos os gestos e sinais que nos levam a descobrir aquilo que Deus deseja de nós.


O ápice da revelação divina se dá no Mistério da Encarnação em que “a Palavra se fez homem e habitou entre nós” (Jo 1, 14a) Toda a vida de Deus é revelada em Jesus Cristo, “é em Cristo que habita em forma corporal, toda a plenitude da divindade (Cl 2,9).


Deus não precisava atuar assim, mas QUIS se fazer carne, QUIS assumir sua natureza humana, acolheu a fragilidade do ser homem, não apenas para se manifestar, mas para se ofertar a nós. É iniciativa única e exclusiva de Deus. Ele amou tanto o mundo que enviou o Filho e este, por sua vez, mandado pelo Pai (Cf Jo 4, 34) se fez homem, para que os homens pudessem no Espírito Santo invocar a Deus como Pai. Eis a comunhão trinitária, a verdadeira comunidade de amor.


Jesus Cristo em tudo foi obediente ao Pai. Na Kenosis de Cristo resplandece a glória Divina. Jesus esvazia-se de si mesmo (Fl 2,7), sem perder sua própria identidade, para se fazer abertura ao desejo de Deus, não como diminuição de sua natureza divina, mas como forma de doação total a vontade do Pai. Entre a encarnação e a morte não há ruptura, mas identidade.


A promessa de Deus se cumpre na salvação que ele oferece a humanidade pela vinda de Jesus Cristo. E a existência e a eficácia salvífica se define na obediência filial (Hb 5, 7-9), fonte da justificação da humanidade (Rm 5, 19): pela obediência de um só homem todos se tornaram justos.


Em tudo Cristo revelou o Pai. Jesus “viu” Zaqueu sobre a figueira, o acolheu como amigo, ofereceu o perdão e sentou-se a mesa com ele (Lc 19, 1-10). Jesus “ouviu” o apelo dos irmãos, como o de Jairo para salvar sua filha enferma (Mc 5, 21-43). “Sentiu” a força da fé do povo de Deus, e lhe concedeu a cura, como na passagem da mulher hemorrágica (Mc 5, 25-33). “Tocou” os olhos dos cegos e lhes devolveu a visão (Mt 20, 34). “Chorou” e se “comoveu” com Marta e Maria sobre a morte de seu amigo Lázaro, mesmo sabendo que ele iria ressuscitar (Jo 11, 32-36). “Contemplou” as maravilhas da criação e nos “indicou” o caminho do Reino ao proclamar as bem-aventuranças (Mt 5, 1-12). E nos “transmitiu” o maior e mais importante mandamento: o AMOR, o amor de Deus por seus filhos, e o amor entre os irmãos (Jo 13, 34).  Enfim, Cristo “viveu” e “testemunhou” o amor de Deus Pai para com a humanidade.


Todo esse Mistério da Encarnação é sintetizado na Dei Verbun: “Jesus Cristo, o Verbo feito carne, ‘homem enviado aos homens’, ‘fala as palavras de Deus’ (Jo 3, 34) e realiza a obra da salvação que o Pai lhe deu a fazer (Jo 5,36; 17,4). Por isto, aquele que o vê, vê o Pai (Jo 14,9) através de toda sua presença e manifestação – por palavras e obras, por sinais e milagres, e sobretudo por sua morte gloriosa e por sua ressureição dentre os mortos – tendo enviado o Espírito da verdade, leva a pleno cumprimento a Revelação e a confirma com o testemunho divino”. (DV, n.4)


Para refletir o Mistério da Encarnação, é indispensável fazer memória ao Natal, o nascimento do menino Deus. A delicadeza e a força da Virgem Maria, a preocupação e o zelo de São José, a simplicidade e a mesmo tempo o aconchego da gruta de Belém nos revela o a face de Deus, o criador entre as Criaturas.


Marcelino Champagnat resume tão bem o Mistério da Encarnação na contemplação do nascimento de Jesus nos dizendo: “Ah, meus irmãos, contemplem Jesus deitado no presépio, carente de tudo; estendendo as mãozinhas convidando-nos a nos aproximar dele, não para nos fazer participar da sua pobreza, mas para nos enriquecer com seus dons e suas graças”.


Como o próprio Jesus nos confessou, “céu e terra passarão, mas a minha palavra não passará (Mt 24, 35), a Palavra de Deus é sempre atual, e Ele continua tomando a iniciativa de se revelar a nós. Por isso a mensagem do Anjo ao anunciar o nascimento de Jesus é para todo o sempre: “HOJE nasceu para nós o Salvador” (Lc 2, 11). O Natal, acontecido em Belém, repercute hoje na nossa vida pessoal, na família, na Igreja e na sociedade. A boa notícia dada pelos anjos aos pastores nos campos de Belém é a mesma anunciada em 2023 para nós. Jesus nasce hoje quando vivemos nosso batismo, Jesus nasce hoje quando celebramos a Eucaristia, Jesus nasce hoje quando acreditamos na família, Jesus nasce hoje quando vivemos em Comunidade. E em cada um desses momentos é Deus que se revela a nós.


Que neste advento, tempo de preparação para o Natal, possamos aprofundar nossa relação e diálogo com Deus, renovar nossa esperança e abrir o coração para acolher a salvação.


 


Giovana Guerra


Membro da Coordenação Arquidiocesana da AB-C- IVC



Fonte: Giovana Guerra

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A Equipe Arquidiocesana de Catequese é formada por leigos e religiosos que, além de coordenar os processos de catequese na Arquidiocese, se responsabilizam pela Página Catequética - artigo publicado mensalmente no Jornal Presença Arquidiocesana e replicado nesta seção.

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