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27.Out - Desconectar é saudável!
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Desconectar é saudável!

 


A realidade contemporânea faz-nos excessivamente conectados, não é verdade? Existem inúmeras benesses à vida, bem sabemos, os avanços tecnológicos e as conexões estabelecidas. Contudo, é prudente recordar: “a conexão digital não basta para lançar pontes, não é capaz de unir a humanidade” (FrT, n. 43). Há, hodiernamente, sede de encontro, de toque, de escuta presencial, de olhares, rodas de conversa e chimarrão, há também desejo de lazer, ócio criativo, descanso, espiritualidade e outras tantas carências à suprir, certo?


A experiência de acompanhar e assessorar jovens, a saber, reverbera nas entrelinhas, fadiga às redes, às conexões virtuais, bem como às complexas exigências neste período pandêmico e suas adversas situações. Ademais, traduz um profundo ardor pelo amar, para a fraternidade, a amizade social e o bem comum. Cabe recordar um questionamento presente na Exortação Apostólica Amoris Laetitia: “Quem é capaz de tomar os jovens a sério? Quem os ajuda a preparar-se seriamente para um amor grande e generoso?” (AL, n. 284).  


Christina Berndt, jornalista científica, expressa em sua obra “Resiliência: o segredo da força psíquica” que “o cérebro precisa de descanso para se livrar dos excessos, para abrir espaço para o novo. O espaço para a criatividade só pode ser criado na inatividade” (2018, p. 213). Berndt reflete que “as melhores ideias surgem quando paramos de pensar, quando conseguimos desligar e entregar nossos pensamentos a si mesmos” (2018, p. 215). É salutar, portanto, desconectar as vezes. Flexionar atividades e pensamentos é saudável, compreende? “O bem, como aliás o amor, a justiça e a solidariedade não se alcançam duma vez para sempre; hão de ser conquistados cada dia” (FrT, n. 11). Cuidar de nós, de cada um(a) é benfazejo (FrT, n. 17) à vida grupal e societária. Christina sugere ser essencial um período de tempo livre ou mesmo de ócio, não por luxo, antes porque edifica-nos. “Ócio é uma necessidade, pois o ser humano adoece sem paz e descanso” diz Berndt (2018, p. 213).


Exorto-vos, amadas(os) jovens, à cuidar da vida por completo. A ter coragem de desconectar-se, por vezes, para restabelecer a harmonia interior e coletiva, seja ela espiritual, psíquica ou corporal. Cultivar alguns minutos, horas ou mesmo um ou dois dias, são preciosos à saúde integral, entende? “Porque uma coisa é sentir-se obrigado a viver juntos, outra é apreciar a riqueza e a beleza das sementes da vida em comum que devem ser procuradas e cultivadas em conjuntos” (FrT, n. 31).


Compartilho, a título de exemplo, um trecho dialogal entre jovens, via redes sociais, para suprir uma demanda de atividades. Neste diálogo, para preservar a identidade das pessoas, sugerimos nomes fictícios, porém, a partilha é verídica e fora autorizada.  Ester: Que dia a gente ficou de se ligar mesmo?


Bia: Eu nem lembro.


Julia: Semana passada. Mas também não chamei, pois me sinto no limite.


Ester: Poxa, eu esqueci. Eu não sei se a gente dá conta de continuar algumas coisas por enquanto.


Julia: Eu concordo; preciso mais do que nunca silenciar e viver pequenas coisas que me ajudam a continuar caminhando. Acredito que todos nós.


Ester: Não que a gente vá parar e largar tudo o que já construímos.


Bia: É que estamos muito cansados.


Ester: Mas acredito que se a gente continuar fazendo algumas coisas só pela necessidade de fazer, vamos nos desgastar e não ter mais forças pra seguir quando tudo voltar.


Bia: É muita coisa!


Ester: Tudo que fizemos até agora foi válido e muito importante.


Julia: Eu concordo.


Bia: Eu também.


Ester: Mas tenho medo de que a gente siga se tornando a fazer por obrigação e acabe afastando as poucas pessoas que querem continuar caminhando.


Bia: Tenho medo disso também. Tenho medo de só ser grupo em eventos grandes. Isso me preocupa. Só faltou dizer que nos ama.


Ester: Eu amo vocês demais!


Julia: Tenho medo de perder o que já se construiu; meu sonho é continuar com a juventude. Saudade de um abraço em vocês!


Ester: Muita saudade! Vamos se cuidar agora, pra gente ter forçar pra continuar depois. Porque vamos precisar!


Julia: Sim! Creio que talvez a resposta seja essa: cuidado com a juventude!


Ester: Concordo.


Bia: Bem lembrado.


Tiago: Bah, galera! Desculpa ter esquecido também. Amo todos. Amo todas. Amo! Estou buscando energias positivas para continuar caminhando! Ontem, em nossa comunidade, encontrei com uma jovem que deseja participar do grupo. Fiquei muito feliz e isso foi revigorante! O cuidado com a vida é um pouco disso também! Cuidar do outro e também cuidar de si! Sinto que a alegria de ver o bem estar das pessoas que a gente ama é uma das melhores coisa da vida!


Amadas(os), jovens! Estamos cansados(as) é verdade, todavia, vamos nutrir a esperança, o cultivo da amizade, do afeto, da utopia que inquieta à vida significante, plena e convida, sem bloqueios, à Civilização do Amor! “A verdadeira sabedoria pressupõe o encontro com a realidade” (FrT, n. 47) e, por agora, é fundamental zelar e equalizar energias, forças de ação, reflexão e o cultivo da espiritualidade. É prudente educar-se à saudável conexão que edifica laços, cria pontes, aproxima e interage por completo. “A educação envolve a tarefa de promover liberdades responsáveis, que, nas encruzilhadas saibam optar com sensatez, e inteligência; pessoas que compreendam sem reservas que a sua vida e a vida da sua comunidade estão nas suas mãos e que esta liberdade é um dom imenso” (AL, n.262). 


 


Padre Leandro de Mello

Padre Leandro de Mello

Pároco na paróquia Nossa Senhora dos Navegantes – Ronda Alta, e Assessor da Pastoral da Juventude

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