Arquidiocese de Passo Fundo
 
 
FORMAÇÕES
09.Ago - Coração de Pai
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Coração de Pai

 


As nossas vidas são tecidas e sustentadas


por pessoas comuns (habitualmente esquecidas)


que não aparecem nas manchetes dos jornais e revistas,


nem nos palcos do último espetáculo,


mas que hoje estão, sem dúvida,


escrevendo os acontecimentos decisivos da nossa história.


 


Papa Francisco


 


 


            É com essas palavras que o Papa Francisco introduz sua carta apostólica, que traz por título Patris Corde - com coração de Pai, escrita em plena pandemia, no final de 2020. Nela Francisco recorda o trabalho abnegado daqueles que se dedicavam a manter viva a esperança de superação da dramática situação, enaltecendo seu papel substancial para a sociedade.  E faz alusão direta também aos pais, reportando-se a São José, pai de Jesus, para enfatizar a fundamental importância de quem, como ele, mantém presença cotidiana, discreta e escondida, mesmo que desapercebida aos olhos de muitos. A eles, o Papa dirige uma palavra de reconhecimento e de gratidão, discorrendo em sua carta sobre as qualidades essenciais que podem ser aplicadas à vocação da paternidade. 


            Por ocasião da comemoração do Dia dos Pais, é importante retomarmos e refletirmos sobre estas qualidades que ornam e dão sentido à sua missão, mesmo que ela hoje esteja tão ofuscada e comprometida pela realidade que vivemos. Tais qualidades servem como um facho de luz a iluminar e aquecer a missão paternal, mesmo quando ela está distante deste belo ideal.


 Por primeiro, trata-se de reconhecer o que Francisco chamou de “vocação humana ao amor doméstico na oblação sobre-humana de si mesmo”. Quem vive ou viveu esta experiência de paternidade, saberá dizer o quanto isso é profundo e verdadeiro. Um pai que assume com seriedade e plenamente a sua missão, é sempre alguém presente a oferecer segurança e amparo no cuidado e na formação daquele que foi gerado. Alguém que assume o sacrifício da doação de si. Especialmente, quando se trata de atender às emergências de cuidado com a saúde, o que não tem nem dia, nem hora para acontecer. Sim, é no cotidiano doméstico, rotineiro, invisível, que um pai precisa assumir e realizar a sua paternidade, garantindo o essencial de cuidado, sendo o anjo protetor do ser humano que gerou no amor.


 Esta doação não esta descolada de outra qualidade essencial, a do cultivo da ternura, que como disse Francisco, é a melhor maneira de tocar o que há de mais frágil em nós. Ele fala de uma pedagogia da ternura que se manifesta de diferentes formas na vivência de um pai: no olhar, no falar, no acariciar, no abraçar, no cuidar, etc, todas formas de expressão de um amor incontido que se gera com a paternidade. Uma pedagogia sempre desafiadora num contexto cultural em que prevalece a rudeza e a aspereza. Contudo, lembremos, que é sempre possível fazer diferente esforçando-se para reinventar a própria forma de ser pai.


 A paternidade se manifesta na construção da autonomia do filho gerado, o que significa uma educação que contempla também a obediência às normas que sustentam qualquer convivência, seja familiar, seja societal. Um pai é o responsável para que o filho cresça sabendo respeitar-se e respeitar os outros com quem convive, a começar dos pais e familiares, assumindo-se integrado a uma ordem social, onde direitos e deveres tem correspondência, reconhecendo e respeitando os limites que toda convivência social exige. Um pai é sempre exemplo destas atitudes fundamentais.


             O papa também fala da atitude de acolhimento, como fez José, daqueles acontecimentos, muitas vezes misteriosos, que nascem dos desígnios de Deus. Para nem tudo temos explicação, dado que vivemos imersos num mundo de mistério, que é preciso acolher, mesmo sem compreender. Esta dimensão espiritual, que não permite a resignação, pelo contrário, sustenta o transcender, é também fruto de um cultivo. A realidade, na sua misteriosa persistência e complexidade, é portadora de um sentido da existência com as suas luzes e sombras. Nesta perspectiva, a fé dá um significado a todos os acontecimentos, sejam eles felizes ou tristes.


 Isso faz com que um pai seja convidado a agir com uma coragem criativa. Francisco irá dizer que esta coragem aparece, sobretudo quando se encontram dificuldades, fazendo com que perante elas um pai fique imobilizado ou, então, tente superá-las, vencê-las. Assim como fez São José que, diante dos imprevistos e dificuldades, sempre buscou saídas, com iniciativas e com coragem, para salvaguardar seu filho. Assim, bem o sabemos, que tal protagonismo faz parte do cotidiano de cada um.


            Francisco ainda toca numa qualidade que ganha relevância em nossos dias: a dedicação ao trabalho que é característica de qualquer pai que busca garantir melhores condições de vida para o seu núcleo familiar. Assim como o carpinteiro José, um pai que se dedica a ganhar o pão com honestidade, torna-se um exemplo do valor, da dignidade e da alegria que significa comer o fruto do próprio trabalho.


            Por fim, enfatiza que ser pai significa introduzir o filho na experiência da vida, na realidade. Não significa segurar, prender ou subjugar o filho, mas torná-lo capaz de opções, de liberdade, de partir (...).  O mundo precisa de pais, rejeita os dominadores, isto é, rejeita aqueles que confundem autoridade com autoritarismo, serviço com servilismo, confronto com opressão, caridade com assistencialismo, força com destruição. Toda verdadeira vocação nasce do dom de si mesmo. E, complementa o Papa Francisco, que a paternidade, que renuncia à tentação de decidir a vida dos filhos, sempre abre espaços para o inédito. Cada filho traz sempre consigo um mistério, algo inédito que só pode ser revelado com a ajuda de um pai que respeite a sua liberdade.


 Diga-se que esta missão só se torna plenamente possível se for pensada num contexto mais amplo, de corresponsabilidade, que inclui a família, aonde participam outros sujeitos que são essências para a formação humana. Nelas, a figura do pai é imprescindível.



            Uma viva aos pais que assumem plenamente a sua missão.


 


Dia dos Pais 2024




 


Fonte: Diácono e Pai Silvio Antonio Bedin

Diá. Silvio Antônio Bedin

Diá. Silvio Antônio Bedin

DIÁCONO SILVIO ANTONIO BEDIN

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