“Nele brilhou para nós a esperança da feliz ressurreição. E, aos que a certeza da morte entristece, a promessa da imortalidade consola. Para os que creem em Cristo a vida não é tirada, mas transformada. E, desfeito nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível” (Pref. Lit. Exéquias).
O Dia de Finados, celebrado em novembro, nos remete à lembrança dos entes queridos, os quais participaram da construção da história da nossa família e sociedade. Relembrar os que partiram do nosso meio, possibilita viver a comunhão entre o imanente e o transcendente, entre a vida terrena e a eternidade, entre os vivos e os mortos. Ao visitar as sepulturas, contemplar as fotos, elevar preces, levar uma flor, acender uma vela, manifesta o desejo e esperança da eternidade e a certeza da continuidade da vida. Desejamos, aos que concluíram sua passagem por esta vida, para que estejam em paz e vivendo a plenitude com o Criador e na luz.
Temos o grande testemunho da vida eterna, Jesus Cristo, morto e ressuscitado, o qual apareceu aos discípulos enviando-lhes o Espírito Santo. O túmulo, lugar frio e de escuridão, se transformou em vida, ao ser aberto por Cristo. Assim, os que nele confiam a sua vida, não permanecerão na morte, ressuscitarão.
A expressão, muitas vezes repetida: “o cemitério está cheio de insubstituíveis!”, ao ser visitado nos damos conta de que a nossa vida, aqui na terra, é finita, passageira, limitada. Não somos eternos e nem insubstituíveis. Buscamos a eternidade, porém, noutra dimensão, na comunhão com o Criador. Essa verdade nos faz dar um sentido especial ao que fazemos e ao que buscamos. Entendemos que se faz necessário estabelecer prioridades na vida e viver intensamente no tempo e espaço que nos é dado. Não sabemos o dia e a hora em que seremos convidados a partir e, este lugar que por ele gastamos a vida, será ocupado por outros que virão após nossa passagem.
Às vezes nos dá a impressão de que a nossa geração é a “única”, que aqui viveu e não haverá outra pela frente. Tal cultura nos leva a atitudes explorativas e destrutivas, como, por exemplo: destruímos os mananciais, as florestas, envenenamos a terra, a água, derrubamos os morros, acumulamos lixo, poluímos o ar, brigamos por um pouco de herança, ansiamos por poder e riqueza, inventamos armas de morte, criamos a guerra, perdemos o senso da solidariedade, do amor ao próximo e a si mesmos. Em pouco tempo não estaremos mais aqui. Faz bem refletir sobre esta realidade e possamos dar mais sentido à nossa vida, e vivê-la com intensidade.
Procuremos viver a cada dia como se fosse o único. Lembremos que outros, no passado, nos deixaram uma herança, sobre a qual construímos nossos sonhos. Tenhamos a consciência e a sensibilidade de que após nossa passagem, haverá outras gerações que necessitarão deste lugar para viver. “Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (Jo 11, 25).
O Dia de Finados seja revestido de boas recordações, saudades, memórias e senso de imortalidade.
Fonte: Padre Carlos Jaroceski