No caminho socioeclesial de evangelização somos peregrinos da esperança rumo ao jubileu 2025 que nos chama pelo Mistério Eucarístico à caridade e à missão. O percurso deste jornadear nutre-se pela atualizada partilha dos textos fundamentais do Concílio Ecumênico Vaticano II. Fulvia Maria Sieni, monja contemplativa, residente na comunidade do mosteiro dos Quatro Santos Coroados, em Roma, dinamizou, em oito capítulos, a reflexão do Livro 9, Cadernos do Concílio. O Mistério Eucarístico!
Desejosos em tornar mais jovial e sempre resgatando a essência do Mistério Eucarístico, almeja-se corroborar com cada pessoa de boa vontade que abra-se ao encontro com Jesus Cristo, à luz da Palavra de Deus, pelo pulsar do coração ao celebrar a vida, em comunidade, na missa. A dinâmica reflexiva deste Caderno dialoga sobre linguagem, ritualidade, acolhida, reconciliação, banquete, Palavra de Deus, transformação, presença real conosco, fragilidade e força, comunhão e missão. Por quê? Para “demonstrar que o Mistério Eucarístico não se refere a um outro plano senão àquele da vida” (2023, p.11), diz Sieni.
A Escritura Sagrada compartilha a promessa de Deus com Abraão, os profetas e o seu povo: “Eu estarei contigo” (Ex 3,12). A Encarnação do Verbo mantém viva a promessa divina, pois, pelo anúncio do nascimento do Salvador o anjo diz que ele se chamará Emanuel, isto é, “Deus conosco” (Mt 1,23). E, Jesus de Nazaré, filho de Maria, fez de sua vida uma permanente missão de anunciar o Reino de Deus, seguindo a vontade do Pai.
Honrar Pai e Mãe, tatuou meu irmão caçula, no antebraço, ao completar 21 anos. O simbólico e dolorido gesto contido na tatuagem de forma alguma traduz a profundidade do Mistério Eucarístico; todavia, aproxima-nos dele pelo dom da graça que nos faz reconhecer Jesus Cristo, vivo e ressuscitado, presente ali, na Eucaristia. Jesus, crucificado ressuscitado, escolheu e prometeu: “eis que eu estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Eternizar na pele um sentimento familiar comunica sinceros traços de autenticidade e amorosidade. Jesus, por permanecer no amor, achega-se a nós em seu corpo e sangue, no vinho e pão consagrados, “Mistério da Fé!”
Quando foram à Belém, – em hebraico Beit-lehem – casa do pão, Maria, sob a guarida de José, “deu à luz seu filho primogênito; envolveu-o em panos e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na sala” (Lc 2,1-7). Àquela manjedoura na casa do pão, a saber, profeticamente transformara-se, em patena que, hoje, acolhe o mistério da vida, paixão, morte e ressurreição. Se na casa do pão o Verbo se fez Carne, no peregrinar da esperança, tornou-se Mistério Pascal, doado, partilhado; pão que é Corpo, vinho que é Sangue, a amorosa fragilidade eucarística. Ora, naquele despedaçado e tênue pedaço de pão contempla-se o mais profundo sentido e segredo da vida: “na Eucaristia, a fragilidade é força” (2023, p. 49) e esperança que faz crescer na fraternidade, na comunhão, em uma só alma e um só coração (At 2,42) para a missão apostólica.
Ademais, quanto mais próximos uns dos outros, ao redor do altar, tanto mais, pelo amor, nos aproximamos de Deus, em Jesus, pela graça do Espírito Santo, na comunidade, na sociedade. Ao peregrinarmos na esperança, pelo Mistério Eucarístico, experimentamos com fé quão transformadora é a energia do amor, pois, em Jesus Cristo, degustamos verdadeiramente a força na fragilidade, a paz na agonia, a vida aonde havia morte. Portanto, transformados(as), na Palavra e na Eucaristia, em Cristo (Gl 2,20), somos novas criaturas (2 Cor 5,17), tatuados(as) à caridade!