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Artigo 15 – ELOGIO À ADAPTAÇÃO

Artigo 15 – ELOGIO À ADAPTAÇÃO

  A Liturgia nunca pode ser reduzida a uma realidade muda e inexpressiva, mas haverá sempre de ser eloquente. Quiçá,

 

A Liturgia nunca pode ser reduzida a uma realidade muda e inexpressiva, mas haverá sempre de ser eloquente. Quiçá, recorrendo à antropologia cultural, o termo mais adequado para designar este processo seja “inculturação”.

Pelas razões da fé, a Liturgia deve ser a expressão dessa fé! Precisa ser a transmissão cultural do conhecimento do Evangelho, como diz o Papa São João Paulo II, em um movimento de ida e volta; ou seja, a mensagem chegar às pessoas e retornar como expressão renovada da fé.

Uma vez que a Liturgia pode ser tocada, acessível, ela constitui meio e não fim, onde se comunica e se torna participada, sentindo a salvação de Deus como experiência pessoal e comunitária e, consequentemente, sentir o Cristo vivo e ressuscitado na contemporaneidade e não apenas uma memória distante do real. Assim, como os antigos aquedutos conduziam a água às cidades e casas, do mesmo modo a Liturgia deve conduzir a água viva de Cristo aos fiéis.

Falar de inculturação desse ritual litúrgico cristão é compromisso da Igreja a fim de tornar o Mistério “significativo para hoje, comunicável, partilhável”. Aquedutos podem ser melhorados sem perder a função. É função da Liturgia, apresentar essa Igreja, esposa de Cristo, com fidelidade e criatividade sábia. O que exige uma atitude aberta, atenciosa e prudente entre Igrejas locais e a Igreja Universal; oportunizando um diálogo entre elementos que podem favorecer essa experiência ritual e cultural do Mistério de Deus.

A Sacrosanctum Concilium (cfr. n. 40) abriu caminho para uma maior adaptação da Liturgia às necessidades e contextos locais e culturais. No entendimento dos Padres Conciliares, reconhecendo a importância de torná-la mais expressiva para os fiéis, espera-se uma atitude aberta e hospitaleira, cheia de “atenção e prudência”.

Segundo o teólogo holandês Johannes Christiaan Hoekendijk, a herança cultural e criacional constitui um valor teológico-espiritual, levando em consideração os “complexos culturais” que conferem identidade a um povo, a uma cultura e ao seu culto. Portanto há que se observar os contextos.

Toda a literatura teológica e magistral, desde o Concílio Vaticano II até os dias atuais –  especialmente no decurso do Pontificado de São João Paulo II – apresenta aprofundamentos sobre a palavra “adaptação” em suas variantes: pode ser adaptação celebrativa por uma assembleia litúrgica em um ato próprio; e aculturação que leva à modificação e incorporação pelo Rito Romano de elementos eucológicos e rituais externos. Destarte, no entender de Brambilla, o “coração” da adaptação está no fato de ‘retraduzir a intencionalidade da celebração cristã em determinado contexto cultural’ à luz da fé. Adaptação esta com um resultado satisfatório, sem cair no risco de estabelecer um estilo litúrgico “selvagem”.

Quem “coloca a mão” na Liturgia deve inspirar-se na ruminatio monástica da Palavra de Deus, consciente que está realizando um ato de fé e de amor eclesial. A Liturgia exclui a superficialidade, pois o objetivo dos que a adaptam é o de salvaguardar a intenção ritual presente na Tradição. Não se celebra a vida e os acontecimentos da sociedade em que vivemos, ou seja, a vida do fiel ou da Igreja, mesmo que sejam acontecimentos absolutamente positivos e grandiosos”. A Liturgia celebra unicamente a salvação em Cristo.

Porquanto, em consonância com uma Igreja mater, o compromisso maior da formação litúrgica será sempre o de educar e preparar as pessoas para que as orientações e as atualizações concretas não sejam deixadas sem critérios; e os fiéis possam alcançar a maturidade na fé em Cristo Senhor.

 

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