Dando sequência a caminhada de aprofundamento litúrgico, olhamos com mais ênfase para a alegria e o desafio de “Viver a Liturgia na Paróquia”. A liturgia tem uma suma importância na vida em comunidade, sendo ela capaz de diversas funções como, por exemplo, nutrir a mente, tocar o coração, conduzir a caridade, entre outros elementos tão belos na caminhada cotidiana. Todavia, esta beleza que brota da liturgia corre um sério risco. Existe uma crise de por onde seguir com a liturgia, e dois caminhos parecem ser o horizonte: “o de ser fascinante (se for celebrada e vivida na sua verdade); e o de ser repulsiva (se for celebrada sem motivação, de maneira arrastada, fatigante, pedante e enfadonha, capaz de exalar a pouca fé e o pouco amor de seus protagonistas, presbíteros e leigos, ministros e fiéis)”[1]. Este é um sinal de alerta que deve provocar a buscar uma forma renovada de viver a liturgia, no seu mais profundo sentido.
Ainda sobre a crise que vivenciamos, fica nítido quando se percebe que existe uma migração de pessoas para grupos, ou locais diferentes, em busca de uma melhor vivência litúrgica. Isto revela que a liturgia dentro das comunidades está cada vez mais fraca, a ponto de “ter que buscar” em outros espaços. Um perigo é a necessidade de apresentar muitos elementos teatrais, caindo na superficialidade, não comunicando o que realmente está acontecendo.
Por isso, deve-se ter um cuidado para que a “vivência litúrgica” não se torne uma mera “prática de ações na liturgia”. Justamente porque a liturgia, antes de fazer algo na missa, é um ser, um crer e um viver. E está vinculada com a comunidade real. Logo, a liturgia se que se caracteriza como o “povo de Deus em movimento em um local específico” e a paróquia é este local de reunião do “povo de Deus”.
Desta forma, “a paróquia é um Corpo que celebra a Cabeça, é um lugar privilegiado onde se colocam em comum os próprios dons, onde se partilha o que se é, e o que se pode dar, onde se assumem as dificuldades e a pobreza dos outros, onde, alimentando-se de Cristo na Liturgia, torna-se como Ele dom, sinal e sacramento do Senhor”[2]. É neste ambiente local, que se deve promover e principalmente viver a liturgia.
A paroquia é um local desafiador por estar em constante movimento, assim como, a realidade diária daqueles que constituem a paróquia. Por isso, é muito necessário diante da realidade comunitária, lembrar da dimensão de caminheiros. A provisoriedade em que vivemos nos remete a sempre relembrar que estamos caminhando no mundo, mas com a esperança de chegarmos ao céu, que nos é lembrado na oração eucaristia 5 do congresso eucarístico de Manaus: “protegei a vossa Igreja que caminha nas estradas deste mundo rumo ao céu, cada dia renovando a esperança de chegar junto a Vós, na vossa paz”.
Não podemos esquecer da necessidade de viver a liturgia com o coração. Pois, a liturgia deve ser vivida de tal forma que reflita no dia a dia e não apenas durante a celebração. E justamente por ter esta importância para a vida, e não apenas para o momento, que se deve preparar, e principalmente vivenciar a liturgia de forma profunda. Esta “ação do povo de Deus” que é a liturgia deve ser o caminho para “o encontro e a conversão pessoal, assim como a conversão comunitária a Cristo, são o centro e o coração da Igreja e do seu culto”[3].