O tempo do Advento é marcado pela Esperança. Esta espiritualidade é muito mais do que expectativa passiva, no sentido de espera acomodada. É uma atitude atenta, vigilante, de prontidão para acolher o Senhor que vem ao nosso encontro. Um grande exemplo é o da mulher grávida, que vai vivendo o processo de gestação e todo o seu ser, o seu corpo, hormônios e sentimentos, se transforma em vista da vida nova que vai gestando. Assim também é o Advento. É preparar o nosso ser e transformar o que for preciso – isto é, conversão permanente – para acolher o Salvador. É um caminho marcado por tantas emoções e sentimentos, em especial pela alegria da salvação.

Alegrar-se no Senhor

A antífona da liturgia do terceiro Domingo do Tempo do Advento já deixa evidente o grande convite para a alegria, para alegrar-se no Senhor. Portanto, não é qualquer alegria. Não é uma euforia passageira, nem simplesmente um prazer pessoal. É a alegria que vem de Deus, de um coração que encontrou o Senhor, que encontrou a fonte da vida, de quem está em paz. Alegria que vem do interior de quem está vivendo a vida como discípulo, com a constante humildade de pecador arrependido, em busca da conversão, em busca da Salvação. Alegria de quem busca mais vida e deseja a vida eterna.

O terceiro domingo do Advento é o domingo Gaudete, isto é, o domingo da alegria, do convite a alegrar-se no Senhor. A oração da coleta, ao início da missa, já proclama: “Ó Deus, que vedes o vosso povo esperando fervoroso o Natal do Senhor, concedei-nos chegar às alegrias da salvação e celebrá-las sempre com intenso júbilo na solene liturgia”.

A profecia de Isaías

A primeira leitura do terceiro Domingo do Advento apresenta um hino da alegria do profeta Isaías (Is 35,1-6a.10). Com linguagem simbólica, o profeta convida o povo que experimentou o exílio a renovar a esperança. O texto apresenta os exemplos dos sinais da própria natureza, a chegada de uma nova estação, as flores são motivos de alegria, especialmente em meio ao deserto. É o início de uma nova realidade que floresce como sinal da esperança.

Da mesma forma, Deus fará justiça ao povo, fazendo com que a esperança se renove e transforme a realidade sofrida. Com esta imagem, Isaías exalta a grandeza de Deus e convida o povo de Deus a renovar as forças, a refazer o ânimo, a não temer. O Senhor vem para salvar! Cegos recuperarão a vista, coxos andarão, mudos falarão. Todos irão ao encontro do Senhor cantando louvores, com grande alegria e não mais sentirão a dor e o pranto.

Semear na esperança

A segunda leitura do Domingo da Alegria, apresenta a carta de Tiago (Tg 5,7-10). Ele apresenta o exemplo do agricultor, que semeia na esperança de colher, que lança a semente com confiança nos frutos. Nesta atitude, é fundamental a sua paciência e firmeza. Espera o tempo da chuva, o tempo da floração. Tem grande expectativa pelos frutos e persevera em todo esse processo.

Tiago cita este contexto para exortar também a comunidade a ficar firme até a vinda do Senhor e não desanimar enquanto não chega a hora. É preciso fortalecer os corações e criar boas relações fraternas, pois o Senhor que vem promoverá o julgamento da nossa vida. Enfim, Tiago apresenta o exemplo dos profetas, que foram capazes de perseverar em meio aos sofrimentos que enfrentaram em nome do Senhor, ao promover uma sociedade justa e fraterna.

João Batista, o precursor do Salvador

O Evangelho de Mateus (Mt 11,2-11) relata que João, estando preso, mandou alguns de seus discípulos para questionar Jesus se Ele era realmente o Messias ou se deveriam continuar na espera de outro. A resposta de Jesus aponta para as suas ações: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados”.

Com a sua prática Jesus responde que é o Messias esperado, o Salvador da humanidade e que o Reino de Deus já está se realizando. Da mesma forma que onde está Jesus o Reino de Deus já se manifesta, onde estão os seguidores de Jesus Cristo, nós cristãos, o Reino de Deus se manifesta através dos sinais de vida, de libertação, de promoção da dignidade dos pobres, enfim, da ação evangelizadora.

Jesus também confirma que João é mensageiro a sua frente, o precursor, aquele que preparou os caminhos para o Povo de Deus acolher o Salvador. Assim como João testemunhou Jesus, Jesus confirma a missão de João. É grande no Reino de Deus todo aquele que testemunha Jesus e o seu Reino, todo aquele que anuncia a alegria do Evangelho da Salvação.

É feliz quem segue a Jesus e quem anuncia com a sua vida a alegria do Evangelho! Alegremo-nos no Senhor! Ele está perto! A Salvação se aproxima! O Reino de Deus está entre nós! Amém!

Pe. Daniel Rodrigo Feltes