A Igreja celebra, neste domingo, a solenidade da “Epifania do Senhor”, popularmente conhecida como a “Visita dos Magos ou dos Reis Magos”. A solenidade faz parte das celebrações natalinas e ressalta Cristo, luz do mundo, e a sua manifestação às nações. Aquela luz estava restrita a Belém e a um pequeno grupo de pessoas: Maria, José e alguns pastores. Uma luz humilde, como faz parte do estilo do Deus verdadeiro; uma pequena chama acendida na noite: um frágil recém-nascido. Porém este nascimento escondido e desconhecido era acompanhado por um coro celeste que cantava hinos de glória e de paz (cf. Lc 2,13-14)
Aquela modesta luz ganha projeção planetária. A bênção de Deus e a sua luz não fica restrita a um povo e a uma época, mas alarga-se a todos os povos da terra. Uma “estrela” serve de guia para “alguns Magos” colocarem-se a caminho. Neste sentido, os magos representam a humanidade que busca, que pesquisa, que observa os fenômenos cósmicos e naturais e não fica na aparência. São exemplo de inconformidade e desejam ir além. A Epifania é a história de todos os homens que procuram a verdade.
A busca dos Magos permite que Jesus seja conhecido universalmente. Em Belém acontece o movimento oposto ao da Torre de Babel onde as diferentes línguas causaram confusão e divisão. Em Belém inicia-se um tempo de aproximação e reconciliação, onde a diversidade de línguas e povos se une ao redor do recém-nascido.
Com Jesus Cristo a bênção de alarga por todos os povos e nasce uma nova esperança. Vale recordar a profética homilia feita no dia 06 de janeiro de 2008, por ocasião da solenidade da Epifania, pelo papa emérito Bento XVI. “Contudo, também hoje continua em muitos sentidos a ser verdade quanto dizia o profeta: “a noite cobre a terra” e a nossa história. De fato, não se pode dizer que a globalização seja sinônimo de ordem mundial, ao contrário. Os conflitos pela supremacia econômica e pelo monopólio dos recursos energéticos, hídricos e das matérias-primas tornam difícil o trabalho de quantos, a todos os níveis, se esforçam por construir um mundo justo e solidário.
Há necessidade de uma esperança maior, que permita preferir o bem comum de todos ao luxo de poucos e à miséria de muitos. “Esta grande esperança só pode ser Deus … não um Deus qualquer, mas aquele Deus que possui um rosto humano (Spe Salvi, nº 31): o Deus que se manifestou no Menino de Belém e no Crucificado-Ressuscitado. Se há uma grande esperança, pode-se preservar na sobriedade. Se falta a verdadeira esperança, procura-se a felicidade no êxtase, no supérfluo, nos excessos, e arruína-se a si mesmo e ao mundo.
A moderação não é então só uma regra ascética, mas também um caminho de salvação da humanidade. Já é evidente que só adotando um estilo de vida sóbrio, acompanhado do compromisso sério por uma distribuição equitativa das riquezas, será possível instaurar uma ordem de desenvolvimento justo e sustentável. Por isso, há necessidade de homens que tenham grande esperança e possuam muita coragem. A coragem dos magos, que empreenderam uma longa viagem seguindo uma estrela, e que souberam ajoelhar-se diante de um Menino e oferecer-lhe os seus dons preciosos. Todos temos necessidade desta coragem, ancorada numa esperança firme”.