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Dom Helder Camara: um Peregrino da Esperança

Dom Helder Camara: um Peregrino da Esperança

Fomos convidados, pelo Papa Francisco, a vivenciarmos o Ano Jubilar como peregrinos de esperança. Neste sentido, nós, seguidores de Jesus,

Foto da Catedral

Fomos convidados, pelo Papa Francisco, a vivenciarmos o Ano Jubilar como peregrinos de esperança. Neste sentido, nós, seguidores de Jesus, precisamos responder: como sermos pessoas de esperança na Igreja e no mundo? Na Bula de proclamação do Jubileu, o Papa Francisco afirma a necessidade de dar e animar a esperança dos empobrecidos, que muitas vezes são esquecidos e quase sempre são vítimas, não culpados pelos problemas sociais (cf. Spes non confundit, 15). Neste sentido, este breve texto quer apresentar alguns pontos acerca de uma pessoa que viveu uma esperança bem concreta, com pessoas empobrecidas: Dom Helder Pessoa Camara.

 

Ele vivia a espiritualidade do seguimento a Jesus Cristo, cultivada nas vigílias que fazia de madrugada. Elas eram um profundo encontro e comunhão com a Santíssima Trindade e os santos. Nelas, incluía, de forma orante, também as pessoas que encontrava no dia a dia. Reflexo dessa espiritualidade era o seu agir que gerava e animava a esperança, abria possibilidades para as pessoas construírem vida digna e cristã. Ele acreditava na organização do povo de modo que pudesse reivindicar seus direitos de modo pacífico e ser sujeito de transformação da própria vida.

 

Em 1955, durante o XXXVI Congresso Eucarístico Internacional, Dom Helder, o organizador do Congresso, foi provocado pelo Cardeal Gerlier a cuidar, com o mesmo zelo, das favelas do Rio de Janeiro. Ele prometeu e, de fato, muito se empenhou nisso. Um dos frutos dessa conversão foi a Cruzada de São Sebastião. O objetivo desse projeto era “dar uma solução humana e cristã ao problema das favelas do Rio de Janeiro” (Rampon, 2013, p. 106). Na época viviam lá, centenas de milhares de pessoas, em condições que o poeta Thiago de Mello dizia: “fica difícil dar o nome de vida ao humano existir desses favelados” (Piletti-Praxedes, 1997, p. 235).

 

A ideia inicial era criar um Rio de Janeiro sem favelas em dez anos, transformando a realidade em que viviam as pessoas faveladas. Neste sentido, acontecia também um processo de reeducação dos moradores. Porém, com o passar do tempo, percebeu-se que o objetivo inicial seria impossível porque, entre outros motivos, novos morados chegavam às favelas. Assim a Cruzada mudou de objetivo, passando a cuidar da humanização e evangelização das favelas. Havia a consciência que sem o mínimo de conforto material-econômico, não haveria condições de proporcionar formação humana e cristã.

 

Em 1964, Dom Helder foi nomeado Arcebispo de Olinda e Recife. Lá, assim como no Rio de Janeiro, criou o Banco da Providência. Na metade do ano de 1965, durante uma cheia do Rio Capiberibe houve uma mobilização grande de entidades sociais, políticas e religiosas na Câmara Municipal de Recife, quando se criou a Operação Esperança, sendo escolhido Dom Helder para estar à sua frente. Ela visava acordar a consciência de todos para os gravíssimos problemas da pobreza em Recife e em todo o Nordeste brasileiro. Em 1974, Dom Helder recebeu o Prêmio Popular da Paz e repassou todo o valor recebido para a entidade, que investiu em reforma agrária, cooperativismo e conscientização. Com o tempo as pessoas começavam a devolver aquilo que recebiam, o que gerava novos investimentos.

 

Estes são alguns dos trabalhos desse homem que procurou animar a esperança de forma bem concreta. A vida e as ações de Dom Helder convidam-nos a tocar na carne de Cristo nos pobres para, de fato, gerar esperança de um mundo mais humano e justo, sinal do Reino de Deus; ou seja, ir ao encontro, escutar, dialogar, articular… Estas são ações que nos ensina o Dom da Esperança.

 

Pe. Dalcinei Sacheti e demais integrantes do
Grupo de Espiritualidade e Estudos Re-Vivendo Dom Helder Camara

 

Referências Bibliográficas
RAMPON, Ivanir Antonio. O Caminho espiritual de Dom Helder Camara. São Paulo: Paulinas, 2013.
PILETTI, Nelson; PRAXEDES, Walter. Dom Hélder Câmara, entre o poder a profecia. São Paulo: Editora Ática, 1997.
CONDINI, Martinho. Dom Hélder Câmara: modelo de esperança na caminhada para a justiça social. 2004. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.

 

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