Há dez anos atrás nos alegrávamos com um presente do Papa Francisco para toda a humanidade, a publicação da Carta Encíclica Laudato Si (2015), sobre o cuidado da Casa Comum. Dois anos antes ele oferecia um diálogo com a Igreja a partir do seu compromisso evangelizador ao publicar a Exortação Apostólica Alegria do Evangelho – Evangelii Gaudiun (2013). Neste documento propunha à Igreja sair para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo para que todas as pessoas pudessem ter a alegria de encontrar-se com o Filho de Deus e deixar que este encontro enchesse o coração e a vida, de uma alegria da qual ninguém é excluído, porque Deus, no seu Filho, quer chegar a todos para dar esta alegria
A Encíclica Laudato Sí amplia o leque de diálogo, porque a preocupação extrapola o âmbito eclesial. Ela tem esfera universal e quer alcançar toda a humanidade que habita o Planeta Terra, segundo o Papa, em alusão ao Cântico das Criaturas, a nossa mãe e irmã, que nos sustenta governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras (LS 1).
A preocupação do Papa dizia respeito ao mal que a humanidade estava provocando à mãe Terra pelo uso irresponsável dos seus recursos e os abusos dos seus bens dispostos como dons de Deus (cf. LS 2).
Passaram-se dez anos do lançamento do Documento Pontifício. Na época do lançamento viu-se grande movimentação dos diferentes setores da sociedade que se viram representados no texto. A Igreja estava se pronunciando sobre um tema caro a uma boa parcela da humanidade, uma urgência social e ambiental, como expresso no texto: “uma verdadeira abordagem ecológica se torna uma abordagem social que deve integrar a justiça social nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres” (LS 49).
Muito se falou do documento lançado em 2015. Perguntava-se sobre o que esperar a curto, a médio e a longo prazo. Sabemos que é pretensão mensurar todos os resultados da Encíclica. É ação do Espírito Santo. Assim como ele inspirou a escrita do texto, dialogando com a tradição cristã e com outras tradições, certamente inspirou os frutos a partir da semente lançada, daquela luz acesa, iluminando a necessidade da humanidade assumir de vez a responsabilidade de aderir ao compromisso pelo cuidado com a casa comum.
Mesmo sabendo que não se terá a compreensão de tudo o que foi feito e a leitura totalizadora de todas as atividades desenvolvidas é tempo de rever os frutos da semeadura feita pelo saudoso Papa Francisco para perceber minimamente o seu alcance.
Nestes dias teremos algumas reflexões em duas perspectivas, primeiro fazendo memória da Carta Encíclica Laudato Si; segundo tentando recolher alguns frutos desta bonita chamada de atenção que o Papa Francisco fez para toda a humanidade.