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Protagonismo histórico na defesa da vida!

Protagonismo histórico na defesa da vida!

Protagonismo histórico? “Cada um de nós compõe a sua história e cada ser em si, carrega o dom de ser

Protagonismo histórico? “Cada um de nós compõe a sua história e cada ser em si, carrega o dom de ser capaz, de ser feliz” interpreta, em canção, o artista Almir Sater. Ser capaz de compor a história, é ser protagonista? A expressão protagonista deriva do idioma grego “protagonistes”, no qual “protos” significa principal, primeiro e “agonistes” designa lutador(a), competidor(a). Na literatura, no teatro, no cinema, na televisão se chama protagonista à pessoa que interpreta o papel principal dentre os(as) personagens.

A pessoa protagonista, na realidade da vida, é compreendida como sujeito que participa de maneira integral e organizada, na construção de um processo, caminho em prol do bem comum societário. O protagonismo constrói-se na realidade histórica do viver e, desta maneira, com a experiência do tempo, dos fatos, acontecimentos e sujeitos envolvidos na alteridade humana, germina-se histórico, salutar, necessário e urgente.  

A juventude é protagonista? Sim, muito! Jovens são sujeitos essenciais e indispensáveis à sociedade, à comunidade humana, quando se pensa e propõe o significado real do ser protagonista. Revisitando a história de evangelização da juventude na América Latina, por exemplo, há inúmeros registros ligados à práxis juvenil em prol da vida, da dignidade, da justiça, do bem comum, seja no âmbito eclesial, político, econômico, cultural e/ou social. Talvez você, caro leitor(a), seja partícipe, em especial.

João Paulo II, na exortação apostólica Christifidelis laici, reverberando o Concílio Vaticano II, com a relação à evangelização da juventude, explicitou: “Olhai para ela e nela encontrareis o rosto de Cristo” (Christifidelis laici, n. 46). Papa Francisco, na exortação apostólica Christus Vivit, revisitando o sínodo da juventude, expressa que muitos jovens “no seu tempo foram verdadeiros profetas de mudança; seu exemplo mostra do que os jovens são capazes” (ChV, n. 49), pois, no construto histórico “são o presente, o estão enriquecendo com sua contribuição” (ChV, n. 64), uma vez que são “jovens com suas vidas concretas”; são jovens protagonistas ou o construindo no mundo contemporâneo, “cheio de progressos” e marcas à vida sócio eclesial, político econômica e cultural; muitas dessas vidas, que são jovens, “estão expostas ao sofrimento e à manipulação” (ChV, n. 71), a verdadeiros “contextos de guerra”, à violências diversas (ChV, n. 72-74).

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no documento 85, referente a “Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais”, evidencia que “a juventude é o símbolo da Igreja” (CNBB, Doc. 85, 2007, n. 89). Faz-se memória, assim, à Conferência Episcopal Latino Americana de Medellín (1968) e abre-se caminho pelas veias da história. A Conferência de Puebla, a saber, fez opção preferencial pela juventude, por compreender ser fundamental confiar nos jovens e nas jovens, pois, são sua esperança. O documento conclusivo – “Evangelização no presente e no futuro da América Latina” (1979) – da Conferência Episcopal Latino Americana (CELAM), em Puebla, demonstra e enfatiza que “a Igreja confia nos jovens” uma vez que “vê na juventude da América Latina um verdadeiro potencial” (DPb, n. 1186) na evangelização e na ação sócio transformadora.  

Quando, em 1992, a Conferência Episcopal reuniu-se em Santo Domingo, reafirmou-se o caminho construído junto a juventude, entendendo-se que “todos são chamados a construir a civilização do amor neste Continente da esperança”. Pela assinatura do documento conclusivo – “Nova Evangelização, Promoção Humana e Cultura Cristã” – lançava-se o apelo aos jovens e às jovens latino americanos(as), neste construto, por lhes compreender “sujeitos da nova evangelização”, “protagonistas do anúncio no novo milênio” e, desta forma, “oferecer-lhes ideais altos e nobres, que os apoiem nas suas aspirações de uma sociedade mais justa e fraterna” (João Paulo II).

A CNBB propôs, através da Campanha da Fraternidade 2013, o tema: “Fraternidade e Juventude” consciente de que “é preciso abrir espaços de diálogo sobre os direitos e a participação dos jovens” (CNBB, 2012, n. 119) na Igreja e na sociedade. Diálogo e compromisso de amor, pró vida, é o horizonte de unidade, em Cristo, à Campanha da Fraternidade Ecumênica, 2021. Protagonismo é ação organizada, conjunta, com opção pedagógica, pastoral e teológica, dialogicamente ímpar à juventude que se compreende e constrói no caminho de discipulado missionário e sócio transformador.

Compreende-se, portanto, quando as entidades signatárias do Pacto pela Vida e pelo Brasil, reconhecem e solicitam o protagonismo juvenil, ao dirigir-se à sociedade brasileira: “Fazemos ainda um apelo particular à juventude. O vírus está infectando e matando os mais jovens e saudáveis, valendo-se deles como vetores de transmissão. Que a juventude brasileira assuma o seu protagonismo histórico na defesa da vida e do país, desconstruindo o negacionismo que agencia a morte” (Carta: O povo não pode pagar com a própria vida, 10 março de 2021).

A juventude, os jovens e as jovens, desde outrora até nossos dias, é fermento de esperança, artífice de renovação e transformação social e eclesial. Na construção do bem comum, é-nos exigido vencer todo poder que gera dor, violência, ódio e a própria morte. Na comunidade humana, somos todos irmãos, na luta ardorosa de amar. Há em nós um poder transformador, à luz da fé, capaz de vencer cruzes e calvários que a caminhada nos apresenta.

Nesta peregrinação e defesa da vida, enquanto protagonistas históricos, “somos chamados a amar a todos, sem exceção, mas amar um opressor não significa consentir que continue a ser tal; nem levá-lo a pensar que é aceitável o que faz. Pelo contrário, amá-lo corretamente é procurar, de várias maneiras, que deixe de oprimir, tirar-lhe o poder que não sabe usar e que o desfigura como ser humano. Perdoar não significa permitir que continuem a pisotear a própria dignidade e a do outro” (FrT, n. 241). Concluo, parafraseando Francisco, e conclamo à coragem de juntos(as), como filhos(as) deste chão, gestar processos sócio transformadores, tornando a sociedade “mais maternal para que, em vez de matar, aprenda a dar à luz, para que seja promessa de vida” (ChV, n. 75).

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