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A juventude não existe!

A juventude não existe!

Abertura e desejo ao diálogo fora a provocação do rabisco passado, certo? Propor-se à escuta, pela metodologia do diálogo exige,

Abertura e desejo ao diálogo fora a provocação do rabisco passado, certo? Propor-se à escuta, pela metodologia do diálogo exige, por suposto, espaços propícios para tal experiência, não é verdade? Quando Thomas Leoncini sentou-se, frente a frente com o Papa Francisco, no térreo da Casa Santa Marta, para dialogar, escutou-o pronunciar, olhando em seus olhos, que “Deus é Jovem, é sempre novo!” Thomas redige um livro, inspirado pelo encontro, testemunhando que naquela sala, as palavras do Santo Padre transmitiram-lhe algo profundo e libertador. Ao iniciar o diálogo, na conversa, havia proposto ao Sumo Pontífice uma questão: “O que é a juventude?” Para sua surpresa, talvez, escutou: “A juventude não existe. Quando falamos de juventude, muitas vezes nos referimos inconscientemente ao mito da juventude. Porém, gosto de pensar que a juventude não existe e quem existe em seu lugar são os jovens;” pelo dizer de Francisco.

Há que se refletir acerca da provocação do Bispo de Roma, não? Se outrora a força geradora pastoral construiu-se processualmente, hoje, não será novidade agir salvaguardados(as) por tal método, por certo. Francisco sugere, por exemplo, a dinâmica da sinodalidade, uma pastoral sinodal capaz de, na liberdade, acompanhar e orientar jovens para “encontrar novos caminhos com criatividade e audácia” (ChV, n.203). A roda de conversa, à pastoral sinodal, torna-se excelente instrumento pedagógico metodológico, tal qual o sagrado chimarrão, acredito.  

Se resgatarmos a história de ação pastoral na Arquidiocese de Passo Fundo, em seus primeiros passos, confirma-se a atenção para a formação da consciência crítica juvenil e o seu engajamento sócio transformador para a construção de uma sociedade alternativa frente à realidade. Cito, para exemplificar, a proposta da Escajur que nasceu na intenção de otimizar trabalhos sócio eclesiais junto aos jovens. A Escola Alternativa para a Juventude Rural – Escajur, em seu tempo, em sua missão, contribuiu para na capacitação de inúmeras pessoas. Por seu potencial conseguiu, articulada a outras entidades, cumprir importante papel na formação integral de jovens rurais e urbanos, impulsionando seu engajamento social, a permanência na agricultura familiar e o cultivo da espiritualidade cristã, mas não apenas, sabe?

A Escajur, enquanto casa lar aos jovens, possibilitou rezar a vida, a partir da Campanha da Fraternidade de 1992, por exemplo. A CF 92 expos que “a Igreja, no Brasil, tem consciência de que a nossa sociedade está marcada pelas desigualdades, injustiças, individualismos e desilusões. E ela quer estar a serviço da vida e da esperança da juventude.” A reflexão sob o lema: “Juventude – Caminho Aberto”, manifestou o desejo de que “a Igreja e as pessoas de boa vontade assumam a juventude como agente de uma Nova Evangelização e como força transformadora da sociedade” (CNBB-Manual, 1992, p. 20), entendendo que a reflexão teológica, o Evangelho, convoca para uma abertura, motivação e credibilidade, no tocante da participação e da ocupação, nos espaços eclesiais e sociais de decisão em que o(a) jovem quer e está presente. 

A CF 92, Juventude: Caminho Aberto, provocou para o diálogo entre as gerações em busca de perspectivas de esperança, de redescobrir, valorizar e amadurecer a ternura da vida, em vista da superação do individualismo e da reconstrução da fraternidade, consciente de que cada jovem e, em grupo, a juventude é símbolo da própria Igreja (DPb, n. 1178). O protagonismo juvenil, pelo viés da Escajur, geriu debates, diálogos, rodas de conversa e escuta junto a Itepa Faculdades, a Universidade de Passo Fundo (UPF); promoveu intercâmbios com outras dioceses do Rio Grande do Sul, bem como a Diocese de Balsas no Maranhão e em nível internacional, quando em 1994, alguns jovens estiveram em Ladac, na Índia ou quando o Padre João Foschiera, participou em 1996, do Seminário Internacional sobre Agricultura Ecológica, nas Filipinas.

Não se trata de saudosismo, antes sim, é respeito, revisão e aprendizado na alteridade, ante ao processo conjunto em construção, sob a luz do Evangelho, com metodologia, didática, reflexão e ousadia, diga-se. Na realidade contemporânea, pela condução de Francisco, quer-se uma pastoral sinodal, capaz de tecer laços na vida com os(as) jovens, “chamados a projetar-se para frente sem cortar suas raízes, para construir autonomia, mas não sozinhos” (ChV, n.137). Francisco propôs um sínodo desejoso de que os(as) jovens estivessem no centro da atenção, partícipes. Quis o Papa escutar os(as) jovens. O documento preparatório foi proposto como “bússola” ao caminho, sugeriu Francisco.

Ser parte, no construto, é sinal de muita alegria e árduo trabalho. Acompanhando jovens há alguns anos na pastoral arquidiocesana, testemunho inúmeras situações de protagonismo e construção de autonomia juvenil. Referente ao sínodo, menciono o jovem Davi Rodrigues da Silva, natural de Passo Fundo, participante ativo no grupos de jovens da comunidade e na secretaria pastoral arquidiocesana. Davi, quando esteve a serviço da secretaria nacional da Pastoral da Juventude, junto a outros(as) jovens, representou não apenas o trabalho juvenil da Arquidiocese de Passo Fundo, mas também fez-se voz de muitos(as) jovens brasileiros, encontrando-se com o Papa Francisco e com jovens de diversas partes do mundo. Parafraseando o Papa Francisco, expresso: “É uma alegria, uma canção de esperança e uma bem-aventurança” (ChV, n.135), oxigênio à missão de estar junto aos jovens. Há outras provocações em curso, sabe? Existe uma proposta de refletir alternativas econômicas para a sociedade mundial, sob título: “A economia de Francisco.” Coragem e ousadia, caminho sinodal construído via escuta juvenil, por que não?

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