A liturgia não é apenas uma “tarefa” da Igreja, a liturgia é um dom recebido de Deus e um patrimônio de fé herdado da tradição eclesial desde os Apóstolos e deve ser transmitida para as próximas gerações. Na liturgia, através dos símbolos e ritos cristãos, descobrimos a presença do Senhor Jesus. Ela é viva e verdadeira e não podemos rebaixá-la a mero entretenimento nas paróquias e comunidades. Sendo assim, a liturgia deve ser amada, aprofundada, cuidada, promovida, educada, e ser convertida quando ela é vítima de um desvio de sentido que a invalida com a demagogia, a sociologia ou com o ritualismo como fim em si mesmo.
Por ser um Dom de Deus, a liturgia precisa de cuidados. Seguem os principais cuidados com a liturgia em nossas comunidades cristãs: 1) Cuidado com o canto litúrgico. O canto litúrgico exprime a fé e o amor da Igreja para com o seu Senhor. Por isso, no canto litúrgico não devem entrar os gostos pessoais. Isso significa que cada canção deve ter sua própria dignidade, sua própria lógica comemorativa e ser executada no momento certo. 2) Cuidado com a acolhida. As comunidades cristãs não são museus que lembram um passado glorioso, mas, um local aconchegante para a família de Deus se encontrar. 3) Cuidado com a ministerialidade. Todos os batizados devem ter oportunidades de exercerem o seu sacerdócio batismal, através dos diversos ministérios da Igreja. 4) Cuidado com a assembleia e os espaços litúrgicos. Quem entra em uma igreja deve ser inserido no Mistério da festa ou do tempo celebrado. Quando é tempo de advento, a igreja deve ser diferente do tempo da quaresma. 5) Cuidado com as pessoas. Cada pessoa que ingressa na assembleia não pode se sentir anônima. A pessoa precisa se sentir especial e amada por Deus. O grande desafio é cuidar do rebanho sem se descuidar de cada ovelha individualmente.
Os cuidados citados acima são para todas as comunidades cristãs. Mas existem cuidados específicos nas catedrais e nas paróquias. A Sacrosanctum Concilium n. 41 fala sobre a catedral. Ele deixa claro que cada catedral exprime as dimensões de sua Diocese e condensa a história de sua cidade, de seus bispos, presbíteros, religiosos, religiosas e leigos. A catedral tem o dever de dar um exemplo positivo e proativo para as paróquias da Diocese. Ela é o lugar natural das celebrações significativas e singulares para a vida de uma cidade e de uma Diocese. Sobre o cuidado nas paróquias, a Sacrosanctum Concilium n. 42 fala que as comunidades paroquiais representam, de certo modo, a Igreja visível estabelecida em toda a terra’. A paróquia é, portanto, o modo concreto, perceptível e utilizável de desfrutar e ver o quanto a Igreja é bela.
Por fim, o documento faz um alerta sobre o domingo como o Dia do Senhor. Vivemos um tempo de indiferença com o domingo cristão e com a Eucaristia festiva, memorial da Páscoa do Senhor. Os Padres Conciliares já alertavam que sem a Eucaristia não há Igreja, não há comunidade, não há festa, como também não há fé, esperança e amor. Nenhum entretenimento pode ofuscar o Dia do Senhor em nossas comunidades.