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Artigo 11 – A liturgia no mistério da Igreja: uma chave de leitura (Capítulo 2)

Artigo 11 – A liturgia no mistério da Igreja: uma chave de leitura (Capítulo 2)

  A reforma litúrgica ocorrida no Concílio Vaticano II, desenvolvida principalmente através da Constituição “Sacrosanctum Concilium” (SC), marcou a história

 

A reforma litúrgica ocorrida no Concílio Vaticano II, desenvolvida principalmente através da Constituição “Sacrosanctum Concilium” (SC), marcou a história e, certamente, foi um dos acontecimentos mais impressionantes da Igreja. Entretanto, esta reforma não aconteceu sem nenhum ponto de partida: pelo contrário, havia elementos anteriores ao Concílio que iluminaram os debates; um deles, por exemplo, foi a Encíclica “Mediator Dei”, do Papa Pio XII, publicada em 20 de novembro de 1947. Para algumas pessoas, a Mediator Dei forneceu os princípios essenciais da Sacrosanctum Concilium e da reforma concretizada posteriormente. Falando nisso, a Sacrosanctum Concilium apresenta dois tipos de princípios:

1. Orientativos: retomam questões teológicas, contextualizando e fundamentando a liturgia, tais como: a centralidade de Cristo (SC, n. 5-7); o caráter eclesial/comunitário da Liturgia (SC, n. 10); a natureza sacerdotal do culto (SC, n. 14), pois como diz a primeira carta de São Pedro, somos “raça eleita, sacerdócio régio, nação santa, povo adquirido por Deus” (2,9); o cuidado “para conservar a sã tradição e abrir ao mesmo tempo o caminho a um progresso legítimo” (SC, n. 23) e a importância da Palavra de Deus (SC, n. 24).

2. Operativos: tendo presente a reforma (SC, n. 21-40), trazem elementos indispensáveis para a prática da Pastoral litúrgica; a Sacrosanctum Concilium afirma: “nesta reforma, proceda-se quanto aos textos e ritos, de tal modo que eles exprimam com mais clareza as coisas santas que significam, e, quanto possível, o povo cristão possa mais facilmente aprender-lhes o sentido e participar neles por meio de uma celebração plena, ativa e comunitária” (SC, n. 21). A Liturgia, à semelhança da Igreja, é “semper reformanda”. Vejamos alguns princípios operativos: Catequese-formação litúrgica (SC, n. 14-20; 35; 52 e seguintes); linguagem litúrgica adaptada ao idioma de cada país (SC, n. 36); o canto litúrgico entoado pela assembleia (SC, n. 112-121) e adaptação dos ritos às necessidades atuais (SC, n. 50), a fim de que brilhem “pela sua nobre simplicidade, sejam claros na brevidade e evitem repetições inúteis; devem adaptar-se à capacidade de compreensão dos fiéis, e não precisar, em geral, de muitas explicações” (SC, n. 34).

O prefácio (n. 1-4) e o primeiro capítulo (4-14) da Sacrosanctum Concilium trazem um verdadeiro compêndio de teologia litúrgica e mostram que a liturgia atualiza a obra da salvação e “[…] contribui em sumo grau para que os fiéis exprimam na vida e manifestem aos outros o mistério de Cristo e a autêntica natureza da verdadeira Igreja […]” (SC, n. 2); de fato, o culto cristão tem suas raízes no Mistério Pascal de Cristo.

A Revelação, compreendida como o desejo de Deus para “que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4) se manifestou como uma série de acontecimentos; “muitas vezes e de muitos modos Deus falou” (Hb 1,1), tornando o Mistério uma realidade histórica. A Sacrosanctum Concilium (n. 5) subdivide esse fato histórico em três momentos:

– Momento profético: Deus, por amor, entra na vida de um povo para caminhar com ele.

Momento da plenitude dos tempos: se realiza através da Encarnação do Filho;

Momento de Cristo e o tempo da Igreja: a salvação ocorrida na humanidade de Cristo se torna realidade através dos Sacramentos que constituem a Igreja. A Liturgia, encontrando seu sentido último em Cristo, liga o tempo d’Ele ao tempo da Igreja, tornando-os um único e ininterrupto espaço de salvação. Além disso, a ação de Cristo na Igreja se orienta para a plenitude escatológica, a vida futura, a comunhão dos santos; liturgia terrestre e liturgia celeste são duas dimensões intimamente ligadas.

 

 

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