Estamos no terceiro domingo do Advento neste ano de peregrinação jubilar. Este domingo é caracterizado pela alegria, contudo, uma alegria que se fundamenta no Senhor que vem e está mais próximo da humanidade. Por isso, a alegria que se renova, aliada à esperança cristã. Então, a conjunção da alegria com a esperança tem uma motivação, Jesus Cristo e o Reino por Ele anunciado.
Neste domingo somos motivados pela Liturgia da Palavra a refletirmos duas referências do Advento, a saber, João Batista, aquele que anuncia Jesus, e o próprio Jesus, o anunciado, Filho de Deus que inaugura o Reino e revela com suas palavras e ações os sinais desse Reino.
O texto desse domingo inicia com a dúvida de João Batista sobre o messianismo de Jesus. Recordemos que no segundo domingo do Advento, iluminados pelo texto de Mateus (Mt 3, 1-12), refletimos que João Batista se apresentou, vindo do deserto, convidando a humanidade à conversão e a preparar os caminhos do Senhor. Muitos acolheram seu apelo, procuraram o profeta, se batizaram e mergulharam naquele caminho. João anunciou alguém mais forte que ele, que batizaria as pessoas no Espírito Santo e no fogo.
A dúvida surge no coração do profeta que já estava preso a partir das notícias que escuta sobre Jesus. Ele estaria realizando as suas promessas? João Batista enviou alguns dos seus discípulos com a pergunta: és tu, aquele há de vir ou devemos esperar outro?
Jesus acolheu os emissários de João Batista e pediu que vissem e ouvissem o que estava acontecendo. Descreve o resultado da sua ação evangelizadora: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, e os pobres são evangelizados (Mt11,5), e proclama uma bem-aventurança: felizes os que não se escandalizam por causa de mim (Mt 11,6).
É um apelo ao discernimento partir dos sinais que se podia perceber, segundo a sensibilidade dos comprometidos com a causa do Reino, com os pobres e marginalizados. Jesus convidou os discípulos de João a verem e ouvirem e, partir dali, fazerem o discernimento. Deveriam fazer a experiência que o próprio Jesus estava fazendo no meio dos sofredores, contudo não mais marcada pela dor, mas pela alegria da transformação operada por Jesus. E esta transformação era um sinal visível do Reino e do que o próprio João Batista anunciava. Jesus, naquilo que ensinava e fazia, cumpria plenamente com as promessas do Pai. Ele estava levando a alegria para aquela gente.
Os enviados de João não deveriam se escandalizar, justamente porque Jesus estava operando o que era esperado. O Filho de Deus era motivo de escândalo para os grupos contrários ao Reino dos Céus, dentre os quais seus conterrâneos que não gostaram de ouvir suas propostas na Sinagoga de Nazaré (Mt 13,57) e o expulsaram, ou então os fariseus e mestres da lei, que teimavam em espezinhar Jesus sem jamais lograr sucesso. Jesus os escandalizava porque propunha uma experiência religiosa de libertação e não de opressão. Por isso, não hesitou em fazer algumas curas nas sinagogas, e em dia de sábado. Também não limitou a proposta do Reino apenas a um grupo, mas a todos os que o procuravam e sugeriu um estrangeiro como modelo de fé (Mt 8,10).
Os escandalizados diante de Jesus na verdade não conseguiam medir o alcance da sua proposta. Não estavam também conseguindo entrar no trilho da felicidade (bem-aventurança) que o Reino anunciado propunha.
Depois de provocar os discípulos de João Batista à observação e ao discernimento e os despedir, Jesus fala do ser precursor. Quem era este homem na visão do Mestre de Nazaré? Era alguém profundamente comprometido com os pobres e marginalizados e assumiu uma missão especial, preparar as pessoas para acolherem o Reino.
Neste compromisso foi fiel até o fim, sem se deixar levar por outras propostas como um “caniço agitado pelo vento” ou se iludir pelas vestes finas dos habitantes dos palácios. Pelo contrário, vestia o que a natureza lhe dava e comia o que recebia da mãe terra. Este era João Batista o precursor. Ele recebeu dos discípulos a informação de que Jesus era o Messias esperado porque estava levando alegria às pessoas.
Pe. Ari Antonio dos Reis – Coordenador de Pastoral