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1700 anos do Concílio de Nicéia: A divindade de Jesus revela o rosto humano de Deus

1700 anos do Concílio de Nicéia: A divindade de Jesus revela o rosto humano de Deus

“Quem dizem ser Jesus Cristo”? Esta pergunta atravessa os Evangelhos e continua provocando os cristãos até hoje. Não é uma

“Quem dizem ser Jesus Cristo”? Esta pergunta atravessa os Evangelhos e continua provocando os cristãos até hoje. Não é uma curiosidade teórica: trata-se de uma questão que toca o coração da fé e da vocação batismal de cada discípulo.

Nos primeiros tempos do cristianismo, falar de

Jesus parecia simples. Ele era conhecido como um homem de Nazaré, profundamente humano, próximo do povo, alguém que viveu, sofreu e amou como todos. No entanto, à medida que o tempo passou e as comunidades foram se espalhando, surgiram dúvidas e discussões sobre a verdadeira identidade de Jesus.

 

Os próprios textos do Novo Testamento já revelam essa tensão. De um lado, Jesus aparece como aquele que é um com o Pai – “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30); de outro, fala de Deus como “meu Pai”, a quem ele se dirige em oração, reconhecendo-o como “maior do que eu” (Jo 14,28). Esse duplo movimento – divino e humano – acompanhou toda a história do cristianismo.

No século IV, um presbítero chamado Ário começou a questionar a divindade de Jesus. Para ele, se Jesus era verdadeiramente humano, então não poderia ser Deus. O debate foi tão intenso que levou a Igreja a convocar o Concílio de Niceia, no ano 325. Ali, os bispos afirmaram com clareza a fé cristã: Jesus Cristo é verdadeiro Deus, da mesma substância do Pai. Mais tarde, porém, a ênfase excessiva na divindade acabou diminuindo a atenção à humanidade de Jesus. Para superar esse desequilíbrio, a Igreja realizou o Concílio de Calcedônia, no ano 451. Esse Concílio reafirmou a outra dimensão da fé: Jesus é também plenamente humano. Assim, ficou definitivamente proclamada esta verdade: em Jesus Cristo estão unidas, sem confusão, a humanidade e a divindade. Ou seja, ele é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Como escreveu Leonardo Boff: “Tão humano assim, só podia ser Deus mesmo”. A divindade de Cristo não diminui sua humanidade; pelo contrário, é nela que Deus se revela e se aproxima de nós.

E qual o sentido disso para nós cristãos hoje?

Crer em Jesus é reconhecer que Deus quis se fazer próximo, partilhar nossa história e revelar o rosto da sua misericórdia. É olhando para Jesus que descobrimos quem é Deus e quem somos nós. Nele aprendemos que a grandeza de Deus se manifesta no amor, na compaixão e no cuidado pelos pobres e excluídos.

Essa é também a convicção da Igreja. Como recordam os papas Bento XVI, Francisco e agora Leão XIV, a opção pelos pobres é uma opção radical de Deus. É expressão concreta da fé no Deus de Jesus Cristo. Leão XIV escreveu: A opção de Deus pelos discriminados e oprimidos coloca a Igreja numa posição decidida e radical em favor dos mais fracos (Exortação Apostólica Dilexi te, n. 16).

Uma segunda convicção é que o Deus revelado por Jesus Cristo não dispensa a humanidade, a carne, o corpo e a história; ao contrário, o humano é assumido como dimensão intrínseca da fé cristã e critério para a salvação. Em Jesus, a divindade não ignora a vida de carne e osso, mesmo com suas fragilidades inerentes à condição humana.

Diante de tudo isso, talvez valha a pena se perguntar: Quem é Jesus Cristo para mim hoje? O que muda na minha vida acreditar que Deus se fez humano como nós?

Dr. Pe.  Rogério L. Zanini
Professor da Itepa Faculdades

Jacques Saint Louis Pierre.
Acadêmico de Teologia da Itepa Faculdades

Fotos: Arquivo Itepa Faculdades
Imagem: Vatican News

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28 de novembro de 2025

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