O mês de outubro é denso como oportunidades de cultivo da vida de fé e dos compromissos que emergem da mesma enquanto seguimos como peregrinos de esperança. Celebramos a memória de vários santos e santas que, pelo testemunho deixado, inspiram os cristãos a um caminho de bem-aventurança, ou seja, conformar a vida segundo a vontade de Deus, encontrando nesta opção o sentido do viver.
Revive-se a devoção ao Rosário, o diálogo orante com Maria, enfatizando os mistérios da vida de Jesus fundamentados na Sagrada Escritura, compreendendo que a Mãe quer que conheçamos seu Filho e o projeto do Reino. No episódio das Bodas de Caná (Jo 2,1-11), proposto para a Solenidade da Padroeira do Brasil, 12 de outubro, ao afirmar “fazei tudo o que ele vos disser”, ela provocou a comunhão com o Filho, determinante na vida dos cristãos. A Mãe compreende seu papel de nos levar ao encontro do Filho como caminho do discipulado missionário.
Outubro, como mês missionário, também convida a rezarmos e refletirmos a dimensão missionária da nossa fé e da vida eclesial. A expressão missão está no tripé do processo sinodal, ainda em andamento, com o desafio da acolhida das proposições da XVI Assembleia, denotando a sua importância para a Igreja de Cristo. A Igreja é comunhão, participação e estas dimensões se expressam no compromisso missionário, o horizonte evangelizador, o encontro com as pessoas que necessitam viver o encontro transformador com Jesus Cristo e experimentar a alegria que jamais se extinguirá.
O lema proposto para este ano dialoga como a peregrinação jubilar: “missionários de esperança entre os povos”. O Papa justifica a escolha do lema em mensagem para o Dia Mundial das Missões. Ele afirma que o lema recorda: “cada um dos cristãos e a toda a Igreja, comunidade dos batizados, a vocação fundamental de ser mensageiros e construtores da esperança nas pegadas de Cristo. Faço votos de que seja um tempo de graça para todos, na companhia do Deus fiel que nos regenerou em Cristo ressuscitado para uma esperança viva”.
A ação missionária implica em saída. Lembremos que a Igreja é constantemente convocada a sair para anunciar o evangelho. E no anúncio ela mesmo se enriquece e fortalece porque o anúncio sempre será uma via de mão dupla. Na mensagem o Papa sugere seguir as pegadas de Jesus Cristo, porque ele é nossa esperança. Ele escreve convidando os cristãos de agora a sentirem-se enviados como aqueles que conviveram com Jesus e foram impelidos ao mandato missionário: “sintamo-nos nós também inspirados a pormo-nos a caminho, seguindo os passos do Senhor Jesus, para nos tornarmos, com Ele e n’Ele, sinais e mensageiros de esperança para todos, em qualquer lugar e circunstância que Deus nos concede viver. Que cada um dos batizados, discípulos-missionários de Cristo, faça brilhar a Sua esperança em todos os cantos da terra! ”
O ato de sair implica em levar a esperança a todos, sem distinção. E aqui se dá o diálogo com a Constituição Pastoral Gaudium et Spes (alegria e esperança), especialmente o primeiro parágrafo, que afirma que as alegrias, tristezas e preocupações das pessoas do nosso tempo, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo, ou seja, a realidade que clama pelo testemunho de fé. Diante desses, nas realidades em que vivem, os cristãos, discípulos de Jesus, são convidados a serem sinal vivo da esperança que vem de Jesus Cristo. A referência está, segundo o Papa, na Bula Spe Salvi que sugere um carinho aos mais pobres e fracos, aos doentes, aos idosos, aos excluídos da sociedade materialista e consumista. E os cristãos devem fazê-lo, segundo a mensagem com o estilo de Deus, ou seja, com proximidade, compaixão e ternura, cuidando da relação pessoal com os irmãos e irmãs na situação concreta em que se encontram.
Faz-se necessário formar-se para promover a esperança, segundo o Papa, ser artesão da esperança e também restauradores de uma humanidade, frequentemente, distraída e infeliz. Para tanto urge abastecer-se para tão importante missão, renovar a espiritualidade Pascal em cada celebração eucarística, fonte e ápice da vida cristã. Também é conveniente cultivar um espírito orante, compreendendo a oração como a primeira experiência missionária e que encontra na Palavra de Deus um manancial inesgotável para se acolher o dom de Deus.
A experiência missionária é de fundo e de orientação comunitária. É um processo essencialmente comunitário. A mensagem afirma que ela não termina com o primeiro anúncio e com o batismo, antes continua com a construção de comunidades cristãs através do acompanhamento de cada batizado a caminho nas vias do Evangelho. É o pastoreio daqueles que procuram cultivar a sua fé de forma sincera e honesta. Na sociedade moderna, a pertença à Igreja nunca é uma realidade adquirida de uma vez para sempre. É necessário o acompanhamento da Mãe, uma vez que os chamou para o seu regaço, precisa cuidar com carinho e atenção, pois uma comunidade que cuida pastoralmente dos seus é também inspiradora da obra missionária.
Neste domingo somos convidados a um gesto concreto significativo, contribuir para a obra missionária. A coleta das celebrações em todas as comunidades que se reúnem para a liturgia Eucarística ou da Palavra se destina à obra missionária. Sejamos generosos.
Pe. Ari Antonio dos Reis – Coordenador de Pastoral