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7. O Concílio Vaticano II. 2. Ser apóstolos em uma Igreja Apostólica

7. O Concílio Vaticano II. 2. Ser apóstolos em uma Igreja Apostólica

Catequeses. A paixão pela evangelização: o zelo apostólico do crente – 7. O Concílio Vaticano II. 2. Ser apóstolos em uma Igreja Apostólica

Catequeses. A paixão pela evangelização: o zelo apostólico do crente – 7. O Concílio Vaticano II. 2. Ser apóstolos em uma Igreja Apostólica

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!

Continuemos as catequeses sobre a paixão de evangelizar: não apenas sobre “evangelizar”, mas a paixão de evangelizar e, na escola do Concílio Vaticano II, procuremos compreender melhor o que significa ser “apóstolo” hoje. A palavra “apóstolo” traz-nos à mente o grupo dos Doze discípulos escolhidos por Jesus. Às vezes chamamos “apóstolo” a alguns santos ou, mais genericamente, aos Bispos: são apóstolos, pois vão em nome de Jesus. Mas estamos conscientes de que ser apóstolo se refere a cada cristão? Estamos cientes que se refere a cada um de nós? Com efeito, somos chamados a ser apóstolos – isto é enviados – numa Igreja que, no Credo, professamos como apostólica.


Por conseguinte, o que significa ser apóstolo? Significa ser enviado para uma missão. Exemplar e fundacional é o acontecimento em que Cristo Ressuscitado envia os seus apóstolos ao mundo, transmitindo-lhes o poder que Ele próprio recebeu do Pai e oferecendo-lhes o seu Espírito. No Evangelho de João lemos: «Jesus disse-lhes mais uma vez: “A paz esteja convosco! Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós”. Depois, soprou sobre eles e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo!”» (20, 21-22).


Outro aspeto fundamental de ser apóstolo é a vocação, ou seja, a chamada. Foi assim desde o início, quando o Senhor Jesus «chamou a si os que Ele quis. E foram ter com Ele» (Mc 3, 13). Constituiu-os como grupo, atribuindo-lhes o título de “apóstolos”, para que permanecessem com Ele e para os enviar em missão (cf. Mc 3, 14; Mt 10, 1-42).  Nas suas cartas, São Paulo apresenta-se assim: «Paulo, chamado a ser apóstolo», isto é enviado, (1 Cor 1, 1) e ainda: «Paulo, servo de Jesus Cristo, apóstolo enviado por vocação, escolhido para anunciar o Evangelho de Deus» (Rm 1, 1). E insiste que é «apóstolo não da parte de homens, nem por meio de algum homem, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai que o ressuscitou dos mortos» (Gl 1, 1); Deus chamou-o do seio da sua mãe para anunciar o evangelho entre os gentios (cf. Gl 1, 15-16).


A experiência dos Doze apóstolos e o testemunho de Paulo interpelam-nos também hoje. Convidam-nos a averiguar as nossas atitudes, a verificar as nossas escolhas, as nossas decisões, com base nestes pontos fixos: tudo depende de uma chamada gratuita de Deus; Deus escolhe-nos até para serviços que às vezes parecem exceder as nossas capacidades ou não corresponder às nossas expetativas; à chamada recebida como dom gratuito é preciso responder gratuitamente.


O Concílio diz: «A vocação cristã […] é também, por sua própria natureza, vocação ao apostolado» (Decr. Apostolicam actuositatem [AA], 2). Trata-se de uma chamada que é comum, «assim como comum é a dignidade dos membros pela sua regeneração em Cristo, comum é a graça da adoção filial, comum é a vocação à perfeição; só existe uma salvação, uma esperança e uma caridade sem divisões» (LG, 32).


É uma chamada que diz respeito tanto aos que receberam o sacramento da Ordem, como às pessoas consagradas e a todos os fiéis leigos, homens ou mulheres, é uma chamada a todos. Tu, o tesouro que recebeste com a tua vocação cristã, és obrigado a doá-lo: é a dinâmica da vocação, é a dinâmica da vida. Trata-se de uma chamada que habilita a desempenhar ativa e criativamente a sua tarefa apostólica, no seio de uma Igreja na qual «existe diversidade de funções, mas unidade de missão. Aos apóstolos e aos seus sucessores confiou Cristo a missão de ensinar, santificar e governar em seu nome e pelo seu poder. Mas os leigos: todos vós; a maioria de vós sois leigos. Também os leigos, dado que são participantes do múnus sacerdotal, profético e real de Cristo, têm um papel próprio a desempenhar na missão de todo o Povo de Deus, na Igreja e no mundo» (AA, 2).


Neste contexto, como entende o Concílio a colaboração do laicado com a hierarquia? Como o entende? Trata-se de uma mera adaptação estratégica às novas situações que surgem? De modo algum, não: há algo mais, que supera as contingências do momento e que retém um seu próprio valor também para nós. A Igreja é assim, é apostólica.


No âmbito da unidade da missão, a diversidade de carismas e ministérios não deve dar lugar, no seio do corpo eclesial, a categorias privilegiadas: aqui não há uma promoção, e quando tu concebes a vida cristã como uma promoção, isto é, aquele que está em cima comanda os outros porque conseguiu subir, isto não é cristianismo. Isto é paganismo puro. A vocação cristã não é uma promoção para subir, não! É outra questão. E há uma coisa grande porque, embora «por vontade de Cristo, alguns sejam constituídos num lugar talvez mais importante, doutores, dispensadores dos mistérios e pastores a favor dos demais, reina, porém, igualdade entre todos quanto à dignidade e quanto à atuação, comum a todos os fiéis, em benefício da edificação do corpo de Cristo» (LG, 32). Quem tem mais dignidade, na Igreja: o bispo, o sacerdote? Não… todos somos cristãos ao serviço dos outros. Quem é mais importante, na Igreja: a religiosa ou a pessoa comum, batizada, a criança, o bispo…? Todos são iguais, somos iguais e quando uma das partes se considera mais importante do que os outros e levanta um pouco o nariz, erra. Não é essa a vocação de Jesus. A vocação que Jesus dá, a todos – mas inclusive a quantos parecem estar em postos mais altos – é o serviço, servir os outros, humilhar-te. Se encontrares uma pessoa que na Igreja tem uma vocação mais elevada e tu a vês vaidosa, dirás: “Pobrezinho”; reza por ele porque não entendeu o que é a vocação de Deus. A vocação de Deus é adoração ao Pai, amor à comunidade e serviço. Isto é ser apóstolo, este é o testemunho dos apóstolos.


A questão da igualdade em dignidade pede-nos que repensemos muitos aspetos das nossas relações, que são decisivas para a evangelização. Por exemplo, estamos conscientes de que, com as nossas palavras, podemos lesar a dignidade das pessoas, arruinando assim as relações dentro da Igreja? Enquanto procuramos dialogar com o mundo, também sabemos dialogar entre nós, crentes? Ou na paróquia um vai contra o outro, uma fala mal do outro para subir mais? Sabemos ouvir para compreender as razões do outro, ou será que nos impomos, talvez até com palavras de cetim? Ouvir, humilhar-se, estar ao serviço dos outros: isto é servir, isto é ser cristão, isto é ser apóstolo.


Caros irmãos e irmãs, não tenhamos medo de nos interrogar com estas perguntas.  Fujamos da vaidade, da vaidade dos postos. Estas palavras podem ajudar-nos a verificar o modo em que vivemos a nossa vocação batismal, como vivemos a nossa maneira de ser apóstolos numa Igreja apostólica, que está ao serviço dos outros.

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07 de novembro de 2025

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